Além de proporcionarem técnicas de autodefesa, ainda garantem melhorias na qualidade de vida condicionamento físico e disciplina
Por Katharina Andrade
Revisão: Antônio Netto
A tomada da decisão para praticar uma arte marcial como defesa pessoal está se tornando cada vez mais comum, tendo em vista o cenário de violência contra a mulher na Bahia. Saber se defender, hoje, vem sendo mais uma das preocupações na vida das mulheres.
De acordo com a Rede de Observatórios da Segurança, a Bahia é o estado líder em homicídios femininos e fica em 3º lugar no ranking dos feminicídios.
A estudante de medicina Maria Luiza, 21, decidiu praticar Muay Thai para poder se sentir um pouco mais segura nas ruas.
“Antes da pandemia, eu chegava em casa muito tarde, pegava ônibus e andava um pouco até chegar. Decidi, então, começar uma luta, para que eu pudesse aprender alguns golpes e ainda cuidar da minha saúde”, conta Luiza.
A estudante também acrescenta que depois que começou a praticar a arte marcial se sente mais segura quando anda pelas ruas. “Hoje, até mesmo em locais mais movimentados, consigo me sentir um pouco mais segura, já que sei me defender um pouco”.
Nos tatames
Mesmo tendo mulheres que decidiram começar a prática artes marciais depois de mais velhas, há também as que estiveram a vida toda fazendo o esporte, e que hoje também usa da técnica como defesa pessoal.
Eduarda Ribas tem 21 anos, é soteropolitana, atleta de Taekwon-Do, tri campeã brasileira, campeã sul americana e internacional. Hoje, ministra aulas de arte marcial junto a seu pai, que também é seu treinador.
“Quando as pessoas pensam em artes marciais o benefício óbvio é a saúde: todos querem se sentir saudáveis praticando um esporte e isso é realmente muito importante. Mas o diferencial da arte marcial de algum outro esporte é que além de trabalhar o corpo, trabalhamos também a mente”, diz Ribas.
A atleta também acha interessante que mais mulheres estejam procurando as artes marciais como maneira de auto defesa.
“Uma arte marcial fornece não apenas o básico para que possamos nos defender em situação de perigo, mas nos treina para que nós, como mulheres, possamos fortalecer nosso corpo a partir de um bom preparo físico”, acrescenta.
Nas academias
Com o aumento dessa procura, os personal trainers também estão se adequando à nova demanda. Como é o caso do professor Anibal Dantas, 36, que exerce a profissão de educador físico há 11 anos.
“Devido ao aumento da violência o público feminino acaba buscando a defesa pessoal como maneira de se defender e se sentirem mais seguras. Elas podem fazer isso aprendendo golpes simples, mas da forma correta”, comenta o preparador.
Anibal relata que passou a introduzir golpes básicos de defesa em seus treinos personalizados: “Algumas alunas surgiram com essa sugestão e desde então eu aderi aos treinos com elas”.
A preocupação por parte do professor é nítida: “Me sinto preocupado, porque sei que o motivo da procura é o aumento da violência, porém acho interessante que elas adquiram essas habilidades que as deixarão mais seguras e confiantes”, finaliza Dantas.
“O Taekwon-Do é uma arte marcial muito completa e trabalha desde o corpo até a mente e espírito. Inclusive adoraria que mais mulheres enxergassem a importância dessa arte marcial. Estarei sempre aberta para ensiná-las!”, oferece Eduarda Ribas.
Para a atleta, a modalidade esportiva vai muito além do físico. “A arte marcial não é apenas para tornar nosso corpo forte, mas sim, transformar o nosso espírito em uma fortaleza. Nós mulheres já possuímos a grandeza dentro da gente”, completa.
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