De acordo com pesquisa do IBOPE Inteligência (2018), quase 30 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos; conheça o mercado soteropiltano
Por: Beatriz Amorim
Revisão: Antônio Netto
A popularização do veganismo e vegetarianismo vem crescendo gradualmente em todo Brasil. De acordo com pesquisa IBOPE de 2018, cerca de 29 milhões de brasileiros se consideram vegetarianos. Em termos de comparação, a mesma pesquisa, feita em 2012, estimava 15,2 milhões de vegetarianos no Brasil, ou seja, o número da população vegetariana no país quase dobrou em seis anos.
Hanna Soares, proprietária do Veganas Baianas, em Salvador, foi vegetariana por mais de 12 anos, até que em 2015 decidiu virar vegana, pelo seu amor aos animais.
O veganismo e o vegetarianismo são duas escolhas alimentares que, embora tenham algumas semelhanças, possuem diferenças significativas. O vegetarianismo é baseado em uma dieta que exclui a carne, mas ainda permite o consumo de produtos derivados de animais, como leite, ovos e mel.
Já o veganismo é uma escolha de estilo de vida que vai além da alimentação, eliminando completamente qualquer produto de origem animal, incluindo roupas, produtos de higiene e cosméticos. Portanto, enquanto o vegetarianismo se concentra principalmente na dieta, o veganismo é uma filosofia mais ampla que busca reduzir a exploração e o sofrimento animal em todas as áreas da vida.
Da filosofia de vida ao negócio
Soares conta que costumava cozinhar comidas veganas para seus amigos na época em que trabalhava no laboratório de genética. Porém, quando se viu desempregada pela falta de investimento do governo em pesquisas científicas, transformou suas habilidades culinárias em uma forma de trabalho.
Soares, além de cuidar de toda a parte logística de seu empreendimento, também é responsável pela criação do cardápio, que, de acordo com ela, é muito elogiado pela sua clientela.
Em Salvador, desde 2017, com a criação da Feira Vegana, que acontece todos os meses no Parque da Cidade, aumentou-se a visibilidade de estabelecimentos veganos na capital baiana.
Com uma grande variedade de empreendedores, a feira inclui o comércio de roupas, maquiagem, perfumes, além de um cardápio diverso de doces, salgados e comida baiana.
“Fizemos a primeira feira vegana em Salvador, em 2017, e as coisas ficaram muito boas para o nosso negócio, pois conseguimos atrair o nosso público e hoje em dia atingimos nosso objetivo de tornar a culinária vegana mais popular e acessível, além de provar que é possível ter uma alimentação que seja saborosa, saudável e livre de crueldade animal”, relata Soares.
Benefícios da alimentação e para o mundo
A filosofia vegana, que promove uma uma dieta rica em fibras, vegetais e proteínas sem utilizar nada de origem animal, é considerada uma das mais saudáveis pela nutricionista soteropolitana Karina Bomfim, pós graduada em nutrição vegetariana.
“Por ser uma alimentação rica em nutrientes, vitaminas, minerais, fibras e gorduras boas, contribui no controle dos níveis de colesterol e glicemias, reduzindo os riscos de doenças cardiovasculares e diabetes; composta de proteínas vegetais, reduz risco de doenças renais; rica em antioxidantes, reduz o risco de desenvolver doenças inflamatórias e alguns tipos de cânceres”, destaca a nutricionista.
Além dos benefícios para a saúde, a dieta vegana traz benefícios também para o meio ambiente, afirma a nutricionista: “Aderir a uma alimentação vegana é uma das atitudes mais sustentáveis e mais eficazes para reduzir o nosso impacto no planeta, reduzindo o consumo de água e energia, o nível de poluição da água e solo, emissão de gases relacionados ao efeito estufa.”
Apesar do constante crescimento deste mercado, Bomfim acredita que ainda existe um caminho longo até que sejam alcançados os objetivos do movimento.
“É importante conscientizar a população sobre os benefícios do veganismo para a saúde, meio ambiente e bem-estar dos animais. Orientar os cuidados com o planejamento das refeições para que todos os nutrientes sejam contemplados na alimentação. Promover oficinas de culinária vegana para mostrar a facilidade e baixo custo das preparações. Desmistificar a alimentação vegana como elitizada, pois na verdade, o veganismo deve ser simples e acessível, essa é sua verdadeira essência”, pontua.