Com artefatos que cruzam décadas, a contribuição de Jota Cunha ao cenário artístico é apresentada em três atos
Por Evelyn da Paixão
Revisão: Felipe Lessa
O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), com o apoio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), abriu as portas do Casarão para a exposição “Uanga”, dividida em três atos.
O primeiro ato teve sua inauguração no aniversário de fundação da cidade de Salvador (29/03) e permanece disponível até o mês de julho. Apresentando as artes visuais de Jota Cunha, incluindo pinturas, instalações e objetos.
O segundo evidencia o trabalho do artista como designer e figurinista com as estampas feitas para o Ilê Aiyê, com abertura prevista para maio.
No terceiro ato, o público poderá acompanhar o artista efetuando performances e instalações na área externa, com previsão de abertura em junho.
O estudante de medicina Diógenes Olimpio, vindo de Teresina para Salvador, conheceu a exposição durante a estadia na cidade.
“Achei bonita as cores e a distribuição das artes que intercalam telas e esculturas, sinto que imergi no mundo do artista”, conta.
Quem é Jota Cunha?
Nascido na Península de Itapagipe, em Salvador, em 1948, Jota Cunha (José Antônio Cunha) estudou Belas Artes na Universidade Federal da Bahia (UFBA) aos 18 anos.
Foi cenógrafo e figurinista do grupo cultural Viva Bahia e durante 25 anos assinou a concepção visual e estética do bloco afro Ilê Aiyê. Seus trabalhos também envolvem as artes plásticas, a música e a dança.
O artista baiano é descendente de angolanos, índios Kiriri e cangaceiros do sertão, de forma que sua origem afro-indígena-sertaneja é constantemente representada em suas obras. Como a palavra “Uanga” que significa feitiço, e é originária de Quiumbo, língua nativa de Angola.
O diretor-geral do MAM-BA, Pola Ribeiro, destaca a importância de ter o artista no projeto.
“Jota Cunha é uma expressão forte, pois é um grande artista que ainda está vivo, produzindo e o museu tem o intuito de continuar perseguindo suas raízes”, afirma.
Programa Processos Compartilhados
O programa propõe um novo formato de exposição, cujo artista é o protagonista juntamente com suas obras, e adiciona o diálogo direto do público com as dimensões artísticas.
“Foi uma escolha em consenso com o curador Daniel Rangel para conversar com o conceito de arte cíclica e porque temos peças ainda em produção aqui no núcleo das oficinas”, explica Pola Ribeiro.
Cunha é o primeiro a expor no Programa Processos Compartilhados, mas o artista já realizou duas exposições individuais no MAM-BA: Série Vida Brasil – completa, na Galeria 3 em 1972 e Exposição Sertão e Luz – Série completa na Capela em 1978.
Horário de funcionamento
A exposição está aberta de terça a domingo, das 13h às 17h, com acesso gratuito.