Do Oriente à Salvador, artes marciais como Hapkido e Judô impactam a vida dos jovens
Por Ana Mello, Camila Monteiro e Gustavo Passos
Revisão: Antônio Netto
A prática das artes marciais vem conquistando grande destaque na capital baiana, sendo responsáveis por romper as barreiras linguísticas e territoriais, integrando a cultura brasileira e asiática, como o Hapkido e o Judô, que compõem uma das modalidades das Olimpíadas de Tokyo 2021.
O Judô, esporte de origem japonesa, foi desenvolvido com base em um código moral de oito princípios básicos para fortalecer o caráter da prática do esporte, sendo eles a cortesia, coragem, honestidade, honra, modéstia, respeito, amizade e autocontrole.
“O que dizem sobre os esportes deixarem as pessoas mais calmas é verdade, é uma forma de extravasar a energia. Quando você sabe se defender e tem um ensinamento adequado de como se portar na sociedade, você a vê com outros olhos”, explica Samuel Pavão, jovem soteropolitano que foi judoca durante oito anos.
Já o Hapkido, é uma arte marcial sul-coreana que prioriza a defesa pessoal, sendo a sua base muito utilizada pelo exército ao redor do mundo.
“O próprio nome Hapkido tem grandes significados que levo pra vida: “hap” significa harmonia, união e coordenação, “ki” significa a força vital do universo e “do” significa o caminho, a sabedoria e a educação”, compartilha Vitor Machado, praticante do esporte sul-coreano.
Os principais benefícios da prática desses esportes são o aprimoramento da condição física como o fortalecimento muscular, resistência da capacidade aeróbica e anaeróbica e da condição mental, como aumento da autoestima e resiliência.
“Eu era muito tímido, não opinava, autoestima baixa e sem nenhum controle emocional, foi difícil, mas melhorei, com toda a certeza eu seria uma pessoa menos feliz se não tivesse feito Judô”, compartilha Samuel.
Vitor afirma que o Hapkido trouxe diversos impactos em sua vida e muitos deles foram vivenciados no dojo, local destinado ao treino das artes marciais. “Aprendi que o respeito, reverência, a ética, o caráter e principalmente a determinação são cruciais para formar um homem”, pontua o esportista.
Do tatame ao pódio
Samuel menciona que não era muito ligado às competições quando praticava o esporte, mas assume que teria competido mais por conta das experiências que favoreceram o desenvolvimento de muitos fatores físicos e emocionais.
“É até legal, a tensão, a adrenalina do local, os minutos que você está lutando com um desconhecido dando tudo de si”, explica o esportista, que interrompeu a prática do Judô em 2016, após conquistar a faixa marrom.
Durante a prática do Hapkido, Vitor Machado participou de quatro campeonatos, sendo dois baianos e dois internos, além de estar presente em festivais.
“Conforme fui competindo, eu obtive um ótimo desenvolvimento e confiança, tive que reforçar os treinos para ter uma melhora na questão respiratória, velocidade e precisão. Os campeonatos são como aquelas avaliações práticas que você vai se conhecendo e evoluindo”, compartilha o hapkidoísta.
Primeiro contato
“Conheci o Hapkido há cinco anos em um evento. Dois rapazes, que na época eram praticantes do esporte, me deram uma base do que era a arte marcial, seus benefícios e suas utilidades”, compartilha Vitor.
Chegando ao Brasil nos anos 70, no estado de São Paulo, o Hapkido foi desenvolvido com conceitos semelhantes ao Jiu-Jitsu, sendo inserido também no exército brasileiro como parte do treinamento militar.
Diferentemente do Hapkido, o Judô é mais conhecido no Brasil por ser o esporte individual que mais deu medalhas olímpicas para o país, sendo quatro ouros, três pratas e 15 bronzes, totalizando 22 medalhas, segundo Confederação Brasileira de Judô.
“É o esporte que eu mais amo, sem dúvidas, o Judô e meu sensei mudaram minha vida e minha forma de agir”, afirma Samuel, que iniciou as práticas no esporte em 2008.
Também apaixonado por lutas, Vitor menciona que não tinha encontrado o seu lugar antes de ter contato com o Hapkido.
“Em casa, resolvi fazer uma pesquisa mais profunda sobre as artes, achei bem interessante e decidi que era aquilo que eu queria. Fui em busca de academias e com sorte e surpresa, existia uma localizada próxima a minha casa e iniciei, permanecendo lá até hoje”, conta o atleta.
Luta x Arte Marcial: existe diferença?
O termo arte marcial ou “a arte da guerra” conceitua um conjunto de técnicas, filosofias e tradições de combate, possui uma característica pedagógica e disciplinar, a qual os seus praticantes devem respeitar os mestres, oponentes e o lugar onde praticam o esporte.
Já a luta se refere a um combate mais direto, onde um ou mais adversários tornam-se alvos.
Assim, toda arte marcial contém uma luta a partir do momento em que há uma disputa entre os adversários, mas nem toda luta se trata de uma arte marcial.
Laços que duram até hoje
O hapkidoísta Vitor compartilha que a sua relação com o seu mestre e com o local de treino vai além do esporte. “Eu considero o dojo uma segunda casa, nele eu aprendi a ter controle das minhas emoções, tenho o respeito que existe entre pai e filho com meu mestre”, explicou Vitor.
De acordo com o judoca Samuel, a disciplina presente no esporte foi apenas um bônus comparado a todos os impactos que o Judô causou na sua vida e todos os laços que foram criados durante a prática da arte marcial.
“Realmente é uma paixão para mim, considero meu sensei como um pai e, as amizades que eu fiz em 2008, eu ainda mantenho contato. Ser judoca foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido”, compartilha o atleta.
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