Profissionais da área de saúde esclarecem dúvidas e trazem informações sobre o tema
Por Mariana Mendes
Revisão: Vinícius Daniel
A campanha Maio Vermelho foi criada para alertar e conscientizar a população sobre a prevenção da hepatite. Especialistas da área contam sobre como a prevenção e a conscientização ajudam no combate à doença.
Hepatite é uma doença que consiste na inflamação do fígado. Pode ser causada pelo vírus e pelo consumo em excesso de substâncias (como bebidas alcoólicas, drogas e medicamentos). A doença pode causar dor abdominal, inchaço na barriga, amarelamento da pele e dos olhos, entre outros danos à saúde.
Diagnosticada como aguda (<6 meses) ou crônica (>6 meses), a hepatite pode se apresentar através de seus subtipos A, B, C, D e E. Sendo a hepatite B a mais fulminante, a hepatite C mais associada a forma crônica, a hepatite D mais comum na região norte do país e a hepatite E menos frequente no Brasil.
A do tipo A e E têm suas transmissões fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. Já os tipos B, C e D são ligados à infecções sexuais, e pelo contato de mãe com filho na gravidez. Para isso, é importante ter cuidado com a higiene, limpeza dos alimentos e saneamento básico de qualidade. Além de se prevenir durante relações sexuais, fazer testagem de hepatite no pré-natal e não compartilhar seringas e agulhas.
Dra. Viviam Vivas é médica residente no Hospital Geral Roberto Santos e Hospital da Mulher. Atua na área de atendimento de emergência e saúde da mulher. A médica esclarece algumas informações sobre a doença e destaca que as vezes ela pode se apresentar de forma discreta.
“A hepatite pode ser uma doença silenciosa, não provocando sintomas, o que dificulta o seu diagnóstico. Mas quando apresenta sintomas podemos observar febre, mal-estar, náuseas e vômitos, dor abdominal, icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura e fezes claras”, conta Vivas.
O diagnóstico precoce é fundamental no combate à doença. Posteriormente, é preciso que o paciente inicie o tratamento logo e de forma correta.
“O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar a evolução da doença para cirrose, doença crônica do fígado, ou até mesmo câncer de fígado. Por isso, é tão importante o rastreio e a realização de exames. O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos e através de exames laboratoriais que são os marcadores sorológicos, entre eles Anti-HVA, AgHBs, Anti-HBs, Anti-HCV, Anti-HDV, entre outros”, completa a profissional.
A desinformação é um dos maiores obstáculos para o controle da doença. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 2 bilhões de pessoas são infectadas todos os anos com hepatite, e desse total, mais de 1 milhão evoluem para óbito.
Reforçando as formas de prevenção Vivas destaca: “Uma outra forma de prevenção é a vacinação. Temos disponíveis pelo SUS as vacinas contra as hepatites do tipo A e B, entretanto quem se vacina para o tipo B, se protege também para hepatite D, sendo elas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunização.”
A médica finaliza: “As hepatites virais são uma causa importante de morbimortalidade no país, acarretando aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada as hepatites. Debater e informar a população sobre a doença é importante pois estamos falando de uma doença de fácil prevenção através de medidas simples do dia a dia.”
Dra. Eliane Valadão é Farmacêutica Bioquímica com grande atuação no setor de virologia e imunologia pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN). Além disso, a farmacêutica possui também trabalhos sobre hepatites publicados.
A hepatite é uma doença silenciosa que pode se manifestar de forma aguda ou crônica. Pode ser prevenida por vacinas, como é o caso das hepatites A e B. Quando diagnosticadas precocemente, podem desenvolver para a cura. O diagnóstico laboratorial tem uma grande importância durante esse processo.
“O diagnóstico laboratorial é fundamental para complementar o diagnóstico clínico, permitindo ao médico que conheça o agente causal, podendo escolher desta forma o melhor tratamento para esta virose”, explica a doutora.
“Existem testes de rotina que são usados na triagem de banco de sangue e/ou no consultório médico que podem sinalizar algumas alterações na função hepática: TGO, TGP, Bilirrubinas e Fosfatase Alcalina. Quando estes marcadores se apresentam alterados, parte-se para os exames específicos” completa a bioquímica.
O teste rápido tornou-se fundamental para o diagnóstico precoce da doença, possibilitando assim a chance de cura da doença em até 90%.
“O teste rápido é um teste barato e não requer equipamento para sua leitura e pode ser realizado fora do laboratório. Os ensaios Imunoenzimáticos como ELISA e Quimiluminescência detectam anticorpos no sangue do paciente, os testes moleculares pesquisam antígenos chamados PCR em tempo real. Estes podem identificar o tipo de vírus, como também quantificar a carga viral do vírus existente na amostra de sangue analisada”, descreve Valadão.
“As Unidades Básicas de Saúde realizam os testes laboratoriais de rotina. Quando necessita-se de testes mais especializados, estes são direcionados para o LACEN Municipal e o Estadual para conclusão do diagnóstico”, reforça a bioquímica.
A busca pelo tratamento é essencial e ajuda a reduzir a cronificação da doença e morte do paciente.
Existem os seguintes centros de tratamento em Salvador. O Semae (Multicentro da Liberdade), o ambulatório do Hospital das Clínicas, o Hospital Couto Maia e o Hospital Roberto Santos, que contam com uma equipe multidisciplinar especializada em doenças virais, como a hepatite. Além disso, existem farmácias da rede pública com distribuição gratuita das medicações necessárias para o tratamento.
Destacando a importância do Maio Vermelho Dra. Eliane ressalta: “Considero esta campanha de alta relevância, pois através dela a população é informada das medidas preventivas, locais de referência para tratamento e vacinação. Exige também que os governantes se estimulem a desenvolver ações de infraestrutura para as cidades.”