Roda de conversa discutiu o envolvimento das famílias no combate ao preconceito e à desinformação sobre a comunidade LGBTQIAPN+
Por Evelyn da Paixão
Revisão: Felipe Lessa
No sábado (13), foi realizado o 4º encontro do Projeto Mãos que Acolhem a Diversidade, promovido pelo Coletivo Mães do Arco-íris, em parceria com a Defensoria Pública e Ministério Público da Bahia, com o apoio do Fundo Elas+.
A edição foi realizada na Escola Superior da Defensoria Pública da Bahia (ESDEP), com a roda de conversa “Como mães de LGBTQIAPN+, quais estratégias de combate à LGBTfobia podemos adotar no dia a dia?”.
Para discutir essas questões, estiveram presentes Cristina Nascimento, fundadora e coordenadora do Mães do Arco-Íris, Deise Cruz, assistente social da Defensoria Pública da Bahia representando as coordenadoras Eva Rodrigues e Lívia Almeida, Joan Ravir, líder do coletivo TransUFBA – coletivo destinado para pessoas transexuais na Universidade Federal da Bahia, integrantes do coletivo Mães do Arco-Íris e visitantes.
Em decorrência do mês de maio ser marcado por datas simbólicas como o OrgulhoLGBTQIAPN+ e o Dia das Mães, o principal tópico levantado foi o papel familiar para assegurar respeito e apoio às identidades sexuais e de gênero.
Relatos das mães de LGBTQIAPN+ na roda de conversa, denunciam que as discriminações direcionadas aos seus filhos e filhas são feitas intencionalmente.
“Uma forma de combater a LGBTfobia é estar em espaços públicos e dizer ‘sou mãe de um filho ou filha LGBTQIAPN+ com muito orgulho’, porque esse posicionamento também é político. Na sociedade em que vivemos, é importante pontuar que as famílias de LGBTQIAPN+ existem e são aliadas”, declara Cristina.
“Nós pensamos no tema do encontro deste mês, para destacar que mãe é além do biológico, é a pessoa presente. E nós sermos mães de um coletivo LGBTQIAPN+, temos muitos filhos que amparamos quando estavam em situação de vulnerabilidade e escolhemos amar, educar, apoiar”, acrescenta a coordenadora.
O Dossiê de Mortes e Violências contra LBGTI+ do Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou que 273 das mortes registradas em 2022, a raça/etnia de 187 vítimas correspondem a 68,50% do total, uma distribuição aproximada das mortes entre pessoas brancas, com 94 casos (34,43%), e pretas/pardas, com 91 casos (33,33%).
Por isso, a discussão também aborda o impacto da LGBTfobia em pessoas negras e pobres, considerando a emergência da ação coletiva em combater o racismo e outros tipos de preconceito e exclusão social.
Deise Cruz, assistente social da Defensoria Pública da Bahia, destacou a importância de o sistema institucional realizar colaborações com movimentos sociais.
“Graças à parceria do núcleo LGBT com o coletivo Mães do Arco-Íris, conseguimos elaborar medidas de proteção à comunidade e divulgar quais instituições podem ser acionados por pessoas LGBTQIAPN+ que precisem de atendimento jurisdicional”, conta.