Vencedor do Nobel de literatura de 1986, Wole Soyinka foi convidado de honra na tarde de segunda, encerrando o festival Liberatum. A mesa contou ainda com Camilla Apresentação, escritora soteropolitana
Por Gabriel Dourado
Nesta segunda-feira, 06 de novembro, o Liberatum encerrou sua primeira edição em Salvador com um talk com o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Wole Soyinka, e a escritora soteropolitana Camilla. Apresentação com mediação da jornalista Ashley Malia. O encerramento ocorreu no Museu Nacional da Cultura Afrobrasileira (MUNCAB).
O talk teve como tema a ‘Consciência do Escritor’, e a mesa abordou a importância de referências para jovenos escritores negros, a necessidade de se apropriar das narrativas fora da perspectiva colonizadora e enfatizou a importância de contar nossas histórias.
Wole Soyinka, o primeiro negro e africano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura em 1986, conta com quase vinte peças de teatro, cinco livros de poesia, três romances, além de ensaios e obras de crítica literária. Ele já atuou como professor na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e em Lagos, na Nigéria.
Mais conhecido por suas peças de teatro, poesia e ensaios, algumas de suas obras mais famosas incluem ‘A Dance of the Forests’ (1960), que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1986, tornando-se o primeiro africano a ganhar esse prêmio.
Soyinka foi um crítico feroz dos regimes autoritários na Nigéria, o que resultou em sua prisão durante a Guerra Civil da Nigéria (1967-1970) e no regime militar nigeriano. O escritor compartilhou com o público algumas estratégias para lidar com o encarceramento, e a escrita foi uma delas, chegando a usar papel higiênico como material.
Ao lado de Wole, a também escritora Camilla Apresentação compartilhou com o público a importância de ter referências ao seu lado. Para ela, sua avó, uma mulher com analfabetismo funcional, foi sua grande inspiração, e ela agradece à sua amiga Lorena por tê-la incentivado a reconhecer-se como escritora.
Conhecida como ‘Preta Letrada’ nas redes sociais, Camilla é pesquisadora, escritora e bacharelanda em Direito pela UNEB. Comunicadora há mais de 5 anos, ela escreve sobre racialidade e diáspora africana, buscando resgatar o passado, promover o presente e construir futuros possíveis e protagonizados pelo povo negro. Ela utiliza o conhecimento como uma ferramenta de acesso.
A mesa encerrou a programação do Festival Liberatum, que começou na última sexta-feira e contou com nomes como as atrizes Viola Davis, Angela Bassett, Taís Araujo, as cantoras Majur, Karol Conká e Debby Harry, que participaram de diversas mesas discutindo os temas mais importantes.