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Impactos da Síndrome de Haff afetam saúde e cultura de pesca na Bahia

Da Redação
14 de dezembro de 202114 de dezembro de 2021 No Comments
Bahia Cultura de Pesca Saúde Síndrome de Haff

A enfermidade já possui 18 casos confirmados na Bahia, sendo 66% dos pacientes do sexo masculino

Ainda sem uma causa definida, a Síndrome de Haff, ou “doença da urina preta”, como é popularmente conhecida, se trata de uma condição clínica rara associada à ingestão de crustáceos e principalmente pescados. A enfermidade que voltou a chamar atenção pelo aumento de sua incidência entre 2020 e 2021, já apresenta 18 casos registrados na Bahia somente este ano.

Caracterizada pela ocorrência súbita de extrema rigidez muscular, perda de força em todo corpo, falta de ar, dor na região do tórax e coloração escurecida da urina, a doença apresentou aproximadamente 45 casos notificados e 40 confirmados, nos municípios de Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Entre Rios, Dias D’Ávila e Candiba no ano passado.

Apesar de ainda não terem sido identificadas em amostras clínicas e nos pescados relatados, especialistas acreditam que devido à ausência de febre e ao rápido início dos sintomas após a ingestão de peixes, a doença é ocasionada por uma toxina que desencadeia o quadro de rabdomiólise, isto é, a ruptura de fibras musculares.

Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), os 18 casos registrados, até o momento, são de moradores dos municípios de Alagoinhas, Salvador, Maraú, Mata de São João, Camaçari, São Francisco do Conde e Simões Filhos foram confirmados em 2021.

A faixa etária mais acometida pela doença é de 35 a 49 anos, com sete casos (53,8%), seguida de 20 a 34 anos, com cinco casos (27,8%); 50 a 64 anos, com quatro casos (22,2%), e 65 a 79 anos, com dois casos (11,1%). Entre todos os casos confirmados, 66,7% são pacientes do sexo masculino.

Casos na Bahia

Em 2020, entre os meses de setembro e outubro, duas unidades hospitalares em Salvador notificaram a ocorrência de casos da doença de Haff. Já em 2021, o número de casos teve um crescimento significativo de 206% na Bahia, conforme estatísticas da Sesab.

Segundo especialistas, esta maior incidência ocorre entre janeiro e fevereiro, quando a procura por peixes tende a aumentar no estado. Para Lucemário Xavier, presidente da Associação dos Engenheiros de Pesca da Bahia (AEP-BA), os estudos relacionados à doença são fundamentais no avanço de resultados, além de combater as notícias falsas sobre o assunto.

“A pesca extrativa está sendo muito prejudicada, tendo em vista que existe uma disseminação de notícias falsas que acabam atribuindo a esse setor a culpa dessa enfermidade. Os estudos acerca da síndrome são necessários não somente para comprovar a natureza dessa doença, mas também para avançar com resultados, no sentido de sua identificação”, destaca o engenheiro.

Lucemário ressalta a necessidade de medidas protetivas para a preservação da piscicultura: “Algumas medidas são importantes nesse momento. Já são conhecidas algumas ações tomadas por estados da região norte/nordeste, a exemplo do Amazonas, que vem recomendando a não comercialização de algumas espécies de pescado. Precisamos mais do que nunca apoiar a pesca extrativa e também a aquicultura nesse momento.”

O histórico da doença

A Síndrome de Haff apresentou seus primeiros relatos na região litorânea de Könisberg Haff, em 1924, local que hoje integra a cidade de Kaliningrado, pertencente à Rússia. Médicos da região relataram o surgimento de uma doença que provocava uma súbita rigidez muscular, a qual era acompanhada da eliminação de urina escurecida.

Após os primeiros surtos da doença, foram observados casos semelhantes nos anos seguintes, todos envolvendo a ingestão de peixes. Apesar de ser fatal em alguns pacientes, o óbito pela síndrome não ocorre com tanta frequência, sendo observada, na maioria dos casos, uma recuperação rápida.

No Brasil, o primeiro relato de um surto da doença ocorreu apenas em 2008, no estado do Amazonas, e foi associado à ingestão de pacu, espécie de peixe comumente consumida pelos habitantes locais.

Entre os anos de 2016 e 2017, a incidência de casos cresceu significativamente, sendo relatados mais de 100 ocorrências no estado da Bahia, com dois óbitos, um de residente de Salvador e outro de Vera Cruz, ambos com comorbidades.

Apesar de ser considerada uma síndrome rara, os surtos da doença ocorrem em diferentes partes do mundo periodicamente. Um dos casos mais recentes ocorreu em 2021, ocasionando a morte de uma médica veterinária de 31 anos, em Recife. A mulher que apresentou sintomas horas após ingerir um peixe da espécie arabaiana, ficou internada por 13 dias, porém não resistiu.

A situação dos pescadores durante a pandemia

Os impactos da doença da urina preta têm afetado diretamente o trabalho e a renda dos pescadores, principalmente em um contexto pandêmico. Com o aumento dos registros de suspeitas e de casos confirmados da Síndrome de Haff, muitos consumidores em Salvador estão deixando de comprar peixes.

Comercialização de peixes no Mercado do Peixe, em Salvador

A preocupação com os riscos de contaminação reduziu drasticamente a procura por pescados em meio aos casos identificados da doença. Feirantes, pescadores, aquicultores e supermercadistas reclamam que o impacto é ocasionado principalmente pela disseminação de informações falsas sobre a enfermidade.

A venda de pescados no Mercado do Peixe, em Salvador, foi afetada pelos casos da doença, segundo alguns vendedores locais. Os pescadores e comerciantes pedem por melhores condições para armazenamento do pescado, o que deve ser analisado pelos vereadores da cidade.

Para Evanilse Barreto, comerciante do Mercado Popular de Salvador, a situação das vendas infelizmente ainda não foi normalizada. “Grande parte dos comerciantes foram afetados já que houve uma queda no número de vendas. Por causa do aumento no número de casos, até o momento não conseguimos voltar para o nosso normal, e as vendas estão crescendo aos poucos”, explica Barreto.

Monitoramento Sanitário 

A fim de fomentar políticas públicas para a pesca e a aquicultura, a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), emitiu uma nota em setembro deste ano, informando que está acompanhando todos os casos no território brasileiro com atenção.

Segundo a diretora da Vigilância Epidemiológica da Bahia, Márcia São Pedro, todos os casos notificados sobre a doença de Haff estão sendo acompanhados pelo órgão. “Os alimentos são encaminhados para análise laboratorial em um centro de referência e aprofunda-se a investigação, pois os pacientes podem apresentar rabdomiólise por outras causas”, explica.  

Para Eleuzina Falcão, coordenadora de vigilância epidemiológica de agravos transmissíveis (Coagravos), é importante entender que os sintomas podem ser causados por outros fatores, a exemplo do excesso de exercícios físicos: Nós apenas associamos à doença de haff se o conjunto de sinais e sintomas estiverem diretamente ligados ao consumo de pescados dentro de um prazo de 48 horas.”

Por se tratar de uma doença rara e não possuir um tratamento específico, algumas recomendações de condutas e medidas de controle para os profissionais de saúde e consumidores, são necessárias para  identificar e investigar com mais eficiência a enfermidade.

Orientações gerais

  • Evitar o consumo de peixes crus;
  • Recomenda-se exame para dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) e TGO para observação da alteração de valores normais das enzimas;
  • Observar a cor da urina como sinal de alerta para o desenvolvimento de rabdomiólise;
  • Recomenda-se coleta de amostras de alimentos para o setor de microbiologia de alimentos;
  • Buscar uma unidade de saúde no caso de aparecimento dos sintomas.

Repórteres: Alan Nogueira; Flávia Guimarães; Samara Figueiredo; Stephanie Santos

Revisão: Antônio Netto

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