Presidente da ABIH Bahia fala sobre as dificuldades do setor e os impactos do coronavírus nos hotéis de Salvador
Por Guilherme Souto, Guilherme Tourinho, Lincoln Oriaj
Revisão: Antônio Netto
A Pandemia causada pelo coronavírus trouxe mudanças significativas em diversos setores econômicos de Salvador, principalmente no setor hoteleiro.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (Abih) com as medidas restritivas, a circulação de turistas caiu quase 50% em março, em relação ao mês anterior, se tornando o pior desempenho quando comparado ao mesmo período nos anos anteriores. A tendência é de queda ainda acentuada nos próximos meses.
Um dos fatores que justificam essa queda é o aumento de casos de covid-19 no início do ano, que influenciaram de forma negativa a ocupação dos hotéis em Salvador.
Em março deste ano, considerado um mês intermediário, entre a alta ocupação do verão e a baixa estação, houve uma taxa média de ocupação de 20,36%, semelhante à da segunda quinzena de março de 2020 (21,56%), no início da pandemia.
Para o presidente da Abih-Bahia, Luciano Lopes, “houve o pior desempenho da história da hotelaria soteropolitana”. Para ele, os impactos no setor são irreparáveis e sem perspectivas de melhorias imediatas.
“Toda esta análise evidencia o quanto a pandemia está afetando gravemente o setor, sendo praticamente impossível uma recuperação em relação aos prejuízos. Por enquanto não vemos perspectivas e a tendência é um resultado dramático para o setor do turismo em Salvador”, afirma Lopes.
Prejuízos financeiros
A pandemia mudou quase todas as previsões para 2021. A expectativa para o setor era de um ano de recuperação e boas apostas para a economia baiana.
No entanto, em 2020, os hotéis de Salvador tiveram uma redução de 56% do faturamento em relação a 2019, o equivalente a uma perda de cerca R$ 673 milhões.
“Se não houver melhoras na taxa de contaminação da covid-19, a tendência é um faturamento ainda mais reduzido em abril deste ano”, relata o presidente da Abih.
Com a redução de faturamento, os hotéis tiveram que reduzir o quadro de funcionários, como relata Denise Souza, que gerencia um hotel de Salvador.
“Perdemos cerca de 50% do quadro de funcionários, do que era antes, e pode ser menor ainda a depender do avanço da doença”, diz a gerente.
Protocolos de segurança
Para evitar o contágio, o hotel gerenciado por Denise Souza adotou algumas medidas.
“Atualizamos os métodos de limpeza e higienização, colocamos produtos específicos para limpeza contra o vírus, colocamos álcool em gel disponível para hóspedes e profissionais do hotel, aplicamos avisos de uso de máscara por todo o hotel”, relata.
Lorena Costa, uma das hospedes do hotel, aprovou as medidas e afirma que se sente segura.
“Estamos num momento difícil, mas com todos os cuidados devidos, viajar se torna necessário, espairecer a mente. Já havia pesquisado quais pontos da cidade estariam abertos, onde poderia ou não ir, horário de circulação das ruas”, conta a hóspede.
“Foi tudo planejado. Algo que queria ter feito era virar a noite bebendo e me divertindo com as amigas, mas infelizmente tive que abrir mão devido ao decreto”, completa.
Incentivos fiscais para minimizar a crise
O setor dos hotéis solicitou alguns pedidos de incentivos ficais para melhorar a situação financeira dos empreendimentos.
“A pedido da nossa entidade à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, tendo a demanda atendida em agosto pela Prefeitura de Salvador, o setor hoteleiro foi um dos segmentos que foram beneficiados com a manutenção do desconto de 40% do IPTU devido no exercício de 2021, para estabelecimentos contemplados no Proturismo, Programa Especial de Incentivos Fiscais à Atividade Turística, com validade até 2023”, declara o presidente da Abih-BA
“Também foi aprovada o Projeto de Lei nº 5638/2020, que criará o Perse, Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, e funcionará como uma espécie de Refis, em que os tributos poderão ser pagos com até 70% de desconto, em até 145 parcelas iguais e sucessivas”, revela.
Além disso, o presidente da Abih relata que o projeto ainda prevê uma desoneração de tributos, entre eles Pis, Cofins, IRPJ e CSLL, por até 60 meses.
O setor ainda espera mais isenções e reduções de impostos, novas linhas de crédito e a reedição da medida provisória 936, publicada em 1º de abril do ano passado, que permite a redução da jornada de trabalho e dos salários, que para os representantes do setor hoteleiro evitariam as demissões.
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