Para além dos clássicos, como Turma da Mônica, a DC Comics criou uma personagem brasileira, Yara Flor. Na Bahia quadrinistas e colecionadores ganham destaque
Por Edgar Luz
Revisão: Ismael Encarnação
As histórias em quadrinhos, HQs, são amplamente conhecidas, principalmente pelos clássicos de heróis e vilões. A primeira história em quadrinhos com as características que são conhecidas hoje foi publicada nos Estados Unidos, em 1894, em uma revista chamada Truth.
No Brasil, a primeira revista em quadrinhos foi chamada de O Tico-Tico e foi publicada em 1905 pelo periódico O Malho. Idealizada pelo artista Renato de Castro, foi inspirada na HQ francesa La Semaine de Suzette e teve como personagem principal o garoto Chiquinho.
Mas foi apenas em 1960 que o público brasileiro teve um gibi inteiramente colorido, com a publicação de A Turma do Pererê, do cartunista Ziraldo. O gibi foi apresentado pela Editora O Cruzeiro e trazia personagens inspirados na cultura nacional.
Em 1964, o gibi foi retirado de circulação por conta da censura instaurada durante a ditadura militar e só voltou a ser publicado novamente em 1975.
Foi também na década de 60 que surgiu a história em quadrinhos mais conhecida do Brasil, a Turma da Mônica, criada pelo paulistano Maurício de Souza. A revistinha fez tanto sucesso que hoje é publicada em mais 40 países e traduzida em 14 idiomas.
O gênero textual conquistou o público e atravessa gerações. O baiano Aimar Aguiar é um dos maiores colecionadores de HQs do Estado, ele tem três casas mantidas para guardar a sua coleção de revistas em quadrinhos. Além disso, essa paixão pelos quadrinhos foi herdada pelo seu filho, o jornalista Elson Bruno.
“Meu pai sempre presenteava meus irmãos e eu com revistas em quadrinhos. Minha mãe sempre incentivou muito também. Lá em casa não faltava revistas da Turma da Mônica, da Turma do Arrepio e daí surgiu o meu interesse pelas HQs”, conta Bruno.
A paixão por HQs é tão grande, que o tema do TCC de Elson fez referência ao seu personagem favorito dos quadrinhos.
“No meu TCC, eu tentei fazer uma correlação entre o comportamento ético do Homem-Aranha e o Código de Ética do Jornalismo Brasileiro e o dos EUA”, conta o jornalista.
Além de serem usadas para entretenimento, as histórias em quadrinhos são utilizadas como recurso narrativo para diversas histórias, que podem ser ficcionais ou representativas de fatos históricos.
Alguns livros clássicos como Senhora, de autoria de José de Alencar, e Dom Casmurro, de Machado de Assis, já foram adaptadas para os quadrinhos.
Representatividade brasileira
No dia 5 de janeiro de 2021, a produtora norte-americana DC Comics, lançou a primeira revista em quadrinhos com uma personagem genuinamente brasileira, Yara Flor. A heroína chamada de Mulher Maravilha Brasileira, foi criada pela quadrinista Joëlle Jones, a mesma criadora da Mulher Gato, famosa personagem dos quadrinhos.
Para o jornalista Elson Bruno, essa proposta da DC reforça a ideia de diversidade e representatividade, trazendo uma personagem da Amazônia. “Eu achei uma sacada muito legal, introduzindo outros folclores e culturas nos HQs clássicos”, exalta Bruno.
A nova heroína, que causou muito alvoroço entre os fãs, principalmente os brasileiros, está fazendo tanto sucesso que ganhou uma série de TV, que está sendo desenvolvida pela emissora norte-americana CW, e uma série mensal de seus quadrinhos pela DC.
HQs baianas
A Bahia possui alguns escritores de HQs conhecidos, como Hugo Canuto, que criou a “Contos dos Orixás”, como instrumento para reforçar o empoderamento negro nas histórias em quadrinhos.
Além desses, também existem colecionadores que produzem quadrinhos, como caso de Danilo Pinheiro.
Desde pequeno, o web designer gostava de desenhar e assistir filmes de tubarão e, assim, seus primeiros quadrinhos foram sobre esses filmes. A partir daí, Pinheiro seguiu desenhando por hobbie. “Eu faço quadrinho nas horas vagas para relaxar, desestressar e contar um pouco de história para as pessoas”, revela o quadrinista.
Apesar de não ter a produção de HQs como profissão, Pinheiro tem histórias publicadas, como a chamada “O Que Restou de Nós” e várias outras já produzidas.
“Eu gosto muito de escrever. Então, o processo da escrita é uma das coisas que eu mais gosto na produção das HQs. Os processos de produção são um pouco cansativos, mas o resultado é muito prazeroso. A primeira publicação de ‘O Que Restou de Nós’ foi online e o pessoal gostou demais, teve mais de 3.000 acessos na primeira semana. Eu fiquei muito feliz”, relata Pinheiro.
Você pode acompanhar Danilo e suas HQ’s no instagram: @danilopinheirodesouza
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.
Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado
Legal! Não conhecia essa HQ baiana, ja vou procurar para ler!