Período pandêmico leva o aumento da produção de resíduos em Salvador, e consequente, aumento de trabalho dos agentes de limpeza na capital
Por Camila Soeiro
Revisão: Catherine Marinho
As horas em pé, a exposição diária ao vírus e a invisibilidade fazem parte da rotina dos 2.573 agentes da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb). Munidos de varredeiras, borrifadores, panos, luvas e máscaras, eles vão à luta diariamente e garantem a higienização contra a covid-19 e a limpeza da cidade, sendo essenciais para a garantia de saúde e proteção dos cidadãos baianos.
Os agentes de limpeza prestam serviços de desinfecção e lavagem pela cidade, higienização das estações, além da varrição das avenidas e recolhimento dos resíduos pelas ruas de Salvador.
De acordo com a Limpurb, em um ano de pandemia, Salvador registrou um aumento de 10 mil toneladas de resíduos, se comparado ao período anterior à crise. São recolhidas cerca de 2.700 toneladas de lixo por dia, apenas nas residências da cidade.
Dignidade na profissão
Diana Bispo trabalha com limpeza urbana há dezessete anos e, atualmente, higieniza a estação da Lapa. Acorda antes das cinco da manhã, pega duas conduções para chegar ao trabalho e faz seu serviço de sorriso no rosto, mesmo escondido pela máscara.
Ela atribui tudo que tem ao trabalho de gari, que proporcionou seu sustento, a criação da sua filha, a ajuda para a família, sua casa própria, sua habilitação e, neste momento, sonha em comprar seu primeiro carro.
A agente de limpeza agradece por tudo que já conquistou com o suor do seu trabalho. “Já tive vergonha do meu trabalho, hoje, não mais”, relata Bispo.
Luciana Neres também fala do orgulho que a filha de 14 anos sente com sua ocupação, o que gerou esta valorização para si mesma. “Tem gente que tem vergonha, eu tenho prazer em sair de farda. É um trabalho digno como qualquer outro”, afirma Neres.
Wilson Silva é agente de varrição há mais de dez anos e, além de limpar a cidade, complementa a renda sendo barbeiro há vinte anos. Silva garante que o sustento dos quatro filhos só foi possível graças ao emprego de gari.
“É um trabalho cansativo, mas fico feliz quando passa alguém e agradece. É raro, mas acontece”, conta Silva.
Nadson Machado também compartilha o orgulho que sente em ser agente de varrição: “eu não sou só um varredor, eu sou hoje um agente de saúde. Sem limpeza não há saúde”.
Limpeza urbana e descarte correto
Segundo a Limpurb, de janeiro a abril deste ano, mais de 460 mil quilômetros foram varridos manualmente pelos agentes. Já a varrição mecanizada percorreu aproximadamente 1,6 mil quilômetros de extensão pela cidade.
Ou seja, são muitas horas de trabalho e muitos perigos para a categoria. Mesmo que já tenham conquistado o direito à vacinação, a Limpurb faz um alerta em especial para o descarte do lixo contaminado de covid-19 e de objetos cortantes descartados.
O ideal é que os resíduos contaminados sejam separados dos comuns, que devem ser colocados em dois sacos, sempre borrifados com álcool 70% ou água sanitária quando forem fechados. É necessário colocar uma etiqueta de alerta para os agentes de limpeza.
A identificação serve também no caso de descarte de seringas, vidros e materiais cortantes, que devem ser bem embalados com papel ou colocados dentro de garrafas pets, para evitar cortes no manuseio.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado