Atletas baianos de Boxe e MMA são destaques nacionais e internacionais
Por Gabriel Pereira
Revisão Laís Cruz
A Bahia é um celeiro de campeões, sempre presente nos pódios dos principais campeonatos mundiais de luta, incluindo as Olimpíadas. Mas quem são os maiores lutadores baianos da nossa história? De Reginaldo Holyfield a Popó, confira os principais nomes que marcaram o boxe e o MMA na Bahia.
Acelino ‘Popo’ Freitas
Um dos lutadores de boxe mais notáveis do Brasil, Popó é tetracampeão mundial, tendo conquistado o título do peso super-pena pela Associação Mundial de Boxe (WBA) e pela Organização Mundial de Boxe (WBO). Também conquistou o cinturão do peso-leve por outras duas vezes. É o brasileiro que mais conquistou títulos mundiais na história do boxe.
Dono de uma sequência de 29 vitórias por nocaute consecutivas, sendo uma das maiores sequências de todos os tempos do esporte, Acelino é conhecido internacionalmente como “Estrela do Nocaute”. Após pendurar as luvas, o soteropolitano de 49 anos se aventura fazendo lutas de exibição com celebridades. Recentemente, venceu o humorista Whindersson Nunes e o ex-BBB Kleber Bambam.
Valdemir “Sertão” Pereira
Sertão, natural de Cruz das Almas, foi o quarto brasileiro a conquistar o título mundial de boxe na categoria peso-pena pela Federação Internacional de Boxe (IBF) em 2006. No entanto, sua trajetória no esporte foi interrompida precocemente. Ele perdeu o título em maio do mesmo ano, ao ser desclassificado no oitavo round do combate contra o americano Eric Aiken.
Valdemir garantiu sua revanche pelo título em 2007, mas um exame positivo para hepatite C cancelou a luta, e ele se aposentou em seguida. No final de sua carreira, Sertão acumulou um impressionante cartel de 24 vitórias e apenas uma derrota, que foi justamente a última de sua carreira no boxe.
Robert Conceição
Entre os oito campeões mundiais brasileiros na história do boxe, o último deles é Robert Conceição. Em sua quarta disputa de cinturão, realizada em julho deste ano, o pugilista baiano de 35 anos derrotou o americano O’Shaquie Forster e conquistou o cinturão da categoria super-pena do Conselho Mundial de Boxe (WBC).
O soteropolitano, que cresceu no bairro Boa Vista de São Caetano, já havia alcançado um marco importante para o boxe amador ao ganhar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Com essa vitória, ele se junta a Popó e Sertão como os únicos baianos a conquistar um cinturão mundial.
Amanda Nunes
No MMA, a maior lutadora de todos os tempos é a baiana Amanda Nunes. Considerada uma lenda no esporte, a brasileira foi a primeira mulher a conquistar duplo-cinturão no UFC, nas categorias peso-pena e peso-galo. Natural de Pojuca, a “Leoa” também quebrou o recorde de vitórias em lutas por cinturões femininos (9).
Lyoto Machida
Ainda pelo MMA, mais um soteropolitano na lista: Lyoto Machida. Filho de um karateca japonês, o “Dragon” foi bicampeão da categoria meio-pesado e é considerado ainda hoje um dos maiores lutadores de sua categoria. Além do MMA, Lyoto acumula títulos em outras artes marciais, como um bicampeonato brasileiro e um vice-campeonato sul-americano de sumô.
O UFC ainda conta com outros nomes baianos na categoria peso-pesado: os irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, dois dos maiores representantes do MMA brasileiro. Por sua notoriedade, Minotauro é hoje embaixador do UFC.
Reginaldo Holyfield
Quando o assunto é rivalidade, Reginaldo Holyfield é especialista. Contra Luciano ‘Todo Duro’, protagonizou um dos confrontos mais históricos do esporte brasileiro. Nos ringues, foram 6 lutas, com 3 vitórias para cada um. Holyfield, hexacampeão brasileiro de boxe e tetracampeão sul-americano, também foi duas vezes campeão da Federação Mundial de Boxe (WBF). Ele viu Todo Duro se tornar uma pedra no sapato durante sua carreira, dentro e fora dos ringues. O baiano e o pernambucano viveram diversas disputas, provocações e desavenças, incluindo uma briga ao vivo no programa de televisão Globo Esporte, após Todo Duro presentear seu rival com uma coroa de flores de velório.
Boxe olímpico
A Bahia ainda conta com dois dos últimos campeões olímpicos de boxe: Robert Conceição, ouro no Rio 2016, e Hebert Conceição, ouro em Tóquio 2020. Hebert não disputou as Olimpíadas de 2024 por se dedicar ao boxe profissional, trajetória semelhante à de seu conterrâneo Robert, que hoje detém o título de campeão mundial.
Beatriz Ferreira, única medalhista de boxe da Olimpíada de Paris, irá trilhar um caminho semelhante. Bia, além do bronze na última edição, também conquistou uma prata nos Jogos do Japão, sendo até hoje a única atleta do boxe brasileiro a obter duas medalhas em Jogos Olímpicos.
O lutador Joílson Santana, que lutou na Olimpíada de Seul 88, como peso galo, uma vez disse: “Aqui na Bahia tem boxe em toda esquina. O ex-lutador abre um pequeno lugar de treinos na laje de sua própria casa e começa um trabalho com crianças geralmente de favela, crianças que não têm dinheiro para praticar um esporte das áreas nobres, que custa dinheiro. (…) O boxe é uma chance de transformação de vida para o jovem do Norte e do Nordeste, regiões onde há poucos investimentos para a juventude.”
Essa fala reforça a tradição de que o boxe e o MMA na Bahia são um reflexo da garra e determinação de seus atletas, que superam suas adversidades para brilhar dentro e fora dos ringues e octógonos. Os baianos inspiram gerações, provando que, com paixão e dedicação, é possível transformar sonhos em realidade. O futuro do boxe na Bahia parece promissor, e os próximos campeões mundiais podem estar nas ruas e academias, prontos para deixar sua marca no mundo das lutas.