Alta tecnologia, cenografia colorida, sons originais e imagens inéditas proporcionam uma experiência 360º para o público baiano
Por Sued Mattos
Revisão: Nalanda Rocha
A biografia imersiva “Frida: a vida de um ícone” desembarca no Brasil tendo Salvador como primeira cidade de estreia. Em exposição desde cinco de outubro na área externa do Salvador Shopping, a mostra tem a proposta de apresentar a vida e a obra da pintora mexicana Frida Kahlo, uma das maiores artistas mundiais, para além dos quadros.
O titulo promete fazer o público se emocione não só com as imagens, mas também com todo o cenário que veio de fora do país.
“Mais do que focar na obra dela que é tão conhecida, poucas pessoas talvez tiveram a oportunidade de entender todos os elementos que compõem o imaginário de Frida Kahlo e a sua biografia, então é uma exposição que tem um recorte biográfico”, explica Horácio Brandão, Relações Públicas da mostra.
Arte e tecnologia
A presença de muitos telões, retroprojetores e luzes de LED mostram como a tecnologia se torna essencial para que o público consiga ter uma experiência completa.
O cineasta Marcelo Abreu, um dos visitantes da exposição, conta que ficou feliz com a presença do evento ser apresentado em primeira mão em solo brasileiro na capital baiana.
“É uma oportunidade que Salvador está tendo de receber uma exposição que tem um significado artístico internacional”, relata Abreu.
Brandão conta que além do Shopping Salvador ter demonstrado interesse em receber a mostra, a semelhança entre o México e a Bahia foi um dos fatores que levaram Salvador ser a primeira cidade do Brasil a receber o evento.
“São dois lugares tão comprometidos com sua cultura, com os hábitos, com o folclore e com a natureza. Rafael Reis, que é o organizador da exposição, fez uma brincadeira: disse que se Frida fosse brasileira possivelmente ela seria baiana, porque ela tem essa exuberância e essa eloquência”, afirma divertidamente o profissional de Relações Públicas.
Apesar de se tratar da obra de Frida, a maioria do conteúdo exibido pela mostra é inédito. Uma cama suspensa na vertical ligada por fios se que conectam é pano de fundo para reprodução de um vídeo cheio de efeitos especiais.
Essa instalação é uma releitura contemporânea do quadro “Hospital Henry Ford” (1932), que foi pintado por Frida Kahlo quando após sofrer um aborto espontâneo.
O acidente de bonde sofrido por Frida quando ainda tinha 18 anos e a deixou imóvel por bastante tempo também está presente na exposição. Através da projeção de imagens que lembram exames de Raio-X e da trilha sonora que remete à tristeza e agonia, o público tem a chance de se identificar ainda mais com a história da artista.
O cineasta e visitante da exposição, Marcelo Abreu afirma ainda que a coragem faz parte da história da artista e que isso o influencia.
“A obra de Frida inspira através do comportamento dela, das atitudes que ela tinha com a arte, de envolver a própria história, de se mostrar, de se desnudar”, reflete Marcelo Abreu.
Os espaços mais disputados para fotos são os painéis de LED com projeções artísticas. No primeiro painel há uma projeção fixa de flores em cores quentes que se misturam com desenhos de caveira. O efeito visual se projeta no corpo de quem entra no espaço tornando local bem “instagramável”.
O segundo painel é o maior da exposição. Se trata de um ambiente 360º em que todas as telas se comunicam entre si e pequenos filmes em referência à artista são projetados.
São exibidas imagens de Paris, em referência ao convite recebido por Frida para visitar a cidade pelo artista surrealista André Breton, imagens de flores e documentos que remetem ao México além de vídeos narrados em espanhol, língua materna da pintora.
Brandão diz que a possibilidade da percepção 360º é garantida pelos óculos de realidade virtual aumentada e que essa experiência faz com que o público perca a noção de espaço e tempo.
“Isso ajuda abstrair um pouco da realidade do nosso tempo e entrar profundamente na proposta da exposição que é fazer uma conexão entre o espectador e Frida Kahlo”, explica o Relações Públicas.
A cultura mexicana
Nascida no México, Frida Kahlo trouxe em seus quadros elementos que fazem parte da cultura mexicana. A exposição também representou essa característica ao longo da trajetória imersiva
Em um dos espaços há a presença de manequins com trajes típicos do México, que são reproduções fiéis das roupas usadas pela pintora, mostrando como Frida ao longo do tempo também foi reconhecida como ícone da moda na época e até hoje.
Horácio Brandão explica que não tinha como não referenciar o México na exposição já que a cultura do país está intimamente ligada com a vida e obra da artista.
“Ao contextualizar a vida de Frida Kahlo, o México é parte disso por ser tão homenageado em suas obras como elemento visual muito forte. O México tem personalidade e juntando com a vida de Frida Kahlo dá essa sensação de estar imerso na sua cultura”, explica Brandão.
O altar disposto no terceiro espaço da mostra é um dos mais disputados para fotos. Com muitas caveiras, velas, cores, frutas e flores a ideia é retratar como a morte ganha um significado bem diferente do que o Brasil conhece. No país de origem Asteca, a morte é motivo de celebração.
Em outro espaço, a arquitetura ganha destaque. Com uma cenografia bastante colorida e realista, o público se sente em uma vila mexicana. Cactos, borboletas, pedras e jarros dão textura à trajetória imersiva.
A música é um elemento que não passa despercebido. Com composição, interpretação e produção de Rafel Plana especialmente para a exposição, o público tem a chance de conhecer mais sobre as músicas tradicionais do México. Gêneros como Huasteco, Ranchera e Mariachi fazem parte da trilha sonora da mostra.
O som se adequa a proposta de cada ambiente. No espaço em que o acidente de bonde é retratado, a música é mais melancólica. Já no local em que os manequins estão dispostos uma voz interpreta palavras em espanhol.
O público pode ouvir a playlist oficial da exposição pelas plataformas digitais quando quiser.
Frida Kahlo
Foi uma artista e ativista mexicana que ficou conhecida pela pintura de influência surrealista, pelos autorretratos, pelos quadros que retratavam momentos de sua vida que foi marcada por altos e baixos.
Ainda na infância contraiu Poliomielite a deixando com sequelas em uma das pernas. Por esse motivo passou a usar saias longas, que mais tarde viria a ser um dos seus símbolos.
Nascida três anos antes da Revolução Mexicana, Frida cresceu em meio aos tiroteios e conflitos, por isso sempre se mostrou engajada com movimentos sociais do país.
A pintura entrou na vida de Kahlo após sofrer um acidente, quando um caminhão se chocou no bonde em que estava. Uma barra de ferro atravessou o seu corpo a deixando durante muito tempo imóvel, engessada e acamada.
Nesse período se descobriu como artista. Pintou por muito tempo com a tela suspensa a cima de sua cama e por esse motivo a maioria de suas telas são pessoais.
A tela “A coluna partida” (1944), representa a dor e o sofrimento de Frida após passar por uma cirurgia de reconstrução da coluna vertebral.
Mesmo com a vida marcada pelo sofrimento, Frida ficou conhecida por viver intensamente a vida. Manteve um relacionamento instável com Diego Rivera, muralista, que na época já era famoso.
Os dois se casaram quando ela tinha 21 anos e ele 41 anos. Apesar de ser o grande amor da vida da artista, Frida e Diego viviam em casas separadas interligadas por uma ponte.
O relacionamento conturbado foi marcado por traições, inclusive do Diego Rivera com a própria irmã de Frida, Cristina.
Enquanto mulher, mais tarde viria a ser um símbolo feminino. Por sua vida e obra serem marcadas de quebra de padrões, exposição da fragilidade, resistência e força, ela virou inspiração para as futuras gerações.
Horário de funcionamento*
Segunda a Sábado – 10h às 21h
Domingos e Feriados – 10h às 20h
Ingressos*
VIP Experience – a partir de R$ 150,00
Frida: a vida de um ícone – a partir de R$ 30,00
*Outras informações sobre compra de bilhetes, acessibilidade e horários das sessões podem ser obtidas no site oficial da exposição. www.fridakahlosalvador.com.br