Por João S. Bernardes
Repórter da AVERA
Foto: Divulgação
Faltando poucos dias para a competição regional do BAJA SAE, a AVERA foi até a sede do laboratório da equipe Mandacaru, composta por estudantes de Engenharia da UNIFACS, para entrevistar o capitão do time, Max Lima, e a vice-capitã, Rafaela Sousa.
A equipe é responsável por desenvolver um protótipo off-road para participar de competições contra outras universidades. Essa será a quinta participação do time no campeonato regional, que será disputado nos dias 1º, 2 e 3 de novembro, em Salvador.
O protótipo da equipe Mandacaru recebeu o apelido carinhoso de “Lampião” e possui um design que remete a um cangaceiro na parte da frente do carro.
No primeiro dia de competição, serão feitas as provas de apresentação dos carros na sede do SENAI e, nos dias 2 e 3, serão feitas as provas de pista, sendo elas a prova de dinâmica e enduro.
Leia a entrevista na íntegra:
AVERA: Conte-nos um pouco sobre como funciona a Competição do Baja SAE
Rafaela: A competição Baja é dividida em três tipos de etapa, a etapa Regional, que vale a disputa entre a região nordeste, a Nacional, onde o Brasil inteiro disputa e a Internacional, onde apenas os três primeiros colocados do Nacional disputam lá nos EUA. Dentro dessa competição, a gente passa por uma prova de segurança, para ver se o carro está dentro das normas, a prova de projetos, gestão e financeiro na sexta e no sábado, e domingo tem as provas de dinâmica para ver como o carro se comporta em relação a velocidade, aceleração, manobrabilidade, frenagem, tração e suspensão. Ainda no domingo acontece uma prova de enduro, para ver a resistência do carro, onde o veículo que der mais voltas em quatro horas é o vencedor. A SAE Brasil organiza os eventos, tanto regional quanto nacional.
AVERA: Como foi desenvolvida a criação da equipe Mandacaru?
Rafaela: A equipe começou com o nome Acupã em 2014, na Universidade Salvador e após dois carros passou a se chamar Mandacaru.
AVERA:Onde vocês desenvolvem o protótipo?
Rafaela: Primeiramente desenvolvemos o nosso produto em softwares no computador e, depois de validado, construímos aqui dentro da nossa Universidade. Contamos, também, com a ajuda de diversos patrocinadores que dão suporte para a gente tanto na construção, quanto no aperfeiçoamento e testes.
AVERA: Nos conte mais sobre como funciona o protótipo
Max: O protótipo na verdade é dividido em subsistemas, nós vimos que não adiantaria colocar vinte pessoas cuidando do carro como um todo. Então, era muito mais viável termos pessoas responsáveis por setor. Temos um grupo responsável por suspensão e direção, que é um conjunto, eles funcionam trabalhando em harmonia. Temos o subsistema de freio, responsável pelo travamento das rodas, de estrutura na qual é a parte do chassi do carro, tudo que envolve o conjunto do carro, subsistema de Power-train que é a parte de transmissão do veículo além do motor CVT, e o subsistema de gestão que é responsável por toda parte administrativa, tanto o setor financeiro como a parte administração da equipe, administra o BAJA, os projetos da equipe e todo o conjunto para um bom funcionamento como um todo.
AVERA: Como é a participação da universidade junto com a equipe?
Max: Bom, a Universidade nos ajuda de diversas formas, além do financeiro que é bastante importante. É um projeto que realmente é muito caro, então ela nos dá um apoio nesse quesito, e dá apoio também com a questão dos laboratórios. Temos equipamentos, ferramentas que são disponibilizadas pela faculdade, além de um laboratório especifico onde trabalhamos, que é a nossa oficina.Aqui temos um elevador que a gente consegue um suporte maior para levantar o carro, ter melhor ergonomia na hora de mexer e consertar equipamentos, então a gente tem todo o suporte da faculdade para poder mexer da melhor maneira possível no nosso carro.
AVERA: Com o que vocês gastam para poder construir o carro e participar das competições?
Max: Bom, o carro como um todo é muito caro, a gente tem uma série de gastos tanto com o motor, quanto amortecedores, a tubulação para estrutura, fora equipamentos de reposição, equipamentos para a manufatura dessas peças, e quando a gente termina toda essa parte de manufatura do carro e de acerto, tem toda a parte da logística, tanto de movimentação e transporte do carro, transporte da equipe, além da inscrição, que tem uma taxa enós também arcamos com ela.
AVERA: Como é formado o corpo da equipe?
Max: Temos uma hierarquiaque começa do capitão e vice capitão, temos os coordenadores dos subsistemas, e essa equipe é dividida em seis subsistemas, gestão, eletrônica, freio, power-train, estrutura e suspensão e direção, suspensão e direção são um só. Cada subsistema tem um coordenador que é o responsável pelo sistema e, dentro desses subsistemas existem membros, então a gente tem capitão e vice capitão, coordenadores, membros dentro desses subsistemas, trainees e temos colaboradores também que são pessoas que não são efetivadas como membros, não tem a disponibilidade de estar aqui aprendendo como trainees, mas que se disponibilizam para ajudar quando podem, então elas são denominadas colaboradores.
AVERA: Como estão os últimos preparativos da equipe para a competição regional?
Max:Essa última semana agora está bem corrida para competição, esse último mês na verdade. A gente desmontou o carro todo, começou a lixar, fez os processos de pintura, então o carro tá com uma cara nova e, enquanto montávamos, vimos que o motor não estava cem por cento, então quebramos a cabeça, ficamos aqui por horas e horas durante a semana e conseguimos resolver o motor hoje, colocamos no lugar e estamos dando continuidade a montagem do carro. Na segunda feira na semana da competição iremos testar o veículo e em conjunto faremos um checklist de tudo que está no carro, se ele está dentro da norma, se está faltando alguma coisa, peças de reposição, o que vai ser levado para a competição, o que não precisa, toda a logística de quem vai dormir com o carro lá no SENAI que é o local da regional e a partir de sexta-feira é foco total, começam as apresentações e no sábado e domingo a competição com o carro.
AVERA: Como foi a experiência na competição nacional?
Rafaela:A experiência que a gente tem na competição é muito amplificada, sabe? Tudo que a gente aprende aqui, lá é dobrado, triplicado. Então assim como na regional é uma experiência muito incrível, na nacional é mais incrível ainda, porque tem muitas equipes, muitas culturas diferentes, muitas formas de fazer diferentes. Assim como na regional,temos um benchmark muito importante dentro da nossa equipe, para estar aprendendo com outras equipes mais experientes, ou que tenham outros aprendizados mesmo que não sejam mais experientes que a gente, então acho que todo mundo tem a acrescentar um pouco, é uma experiência muito boa. Em si, para gente, é muito mais difícil ir para nacional, temos que ter um estudo de logística muito grande para que não saia muito caro, tanto em relação as passagens da gente, o transporte do carro e das coisas, então contamos com algumas ajudas para conseguir tornar realmente real, pois no papel ir para o nacional é muito caro.
AVERA: Qual patamar vocês almejam alcançar como equipe?
Rafaela: A nossa missão é ser referência até 2020. Vemos que, na prática, as equipes são muito antigas e quanto mais elas vão ficando velhas, mais vão crescendo. Então a nossa tendência é que nesse ano a gente invista bastante em projetos, para que, no ano de 2020,nos tornemos referência entre os carros do nordeste.
AVERA: O quanto isso tem somado na sua vida como estudante e futuro profissional particularmente?
Rafaela: Tanto como profissional como pessoal crescemos bastante aqui dentro da equipe, porque a gente aprende a lidar muito com outras pessoas, com pessoas de diferentes áreas, aprendemos quando trabalhamos de maneira interdisciplinar, tanto em relação a mecânica quanto à gestão, e com o que o mercado de trabalho realmente tem, pois batemos de frente com várias coisas que tem no mercado, então quando a gente chegar no mercado de trabalho, veremos que já vivemos vários tipos de experiências que já vivemos aqui dentro, é uma escola da prática, de verdade.
AVERA: Quais os benefícios que os alunos podem ter no mercado de trabalho ao fazer parte dos trabalhos da equipe?
Rafaela: É um diferencial no currículo dos alunos, isso já é reconhecido dentro das indústrias no geral, além disso a gente tem muita experiência e aprendemos a usar vários tipos de ferramentas que a gente usa no mercado de trabalho
A equipe Mandacaru já participou em uma edição da competição nacional disputada, na FATEC, em São José dos Campos (SP), e ficou na posição de número 45. Os três primeiros colocados ganham vaga para disputar o mundial nos Estados Unidos.
**Revisado por Marco Dias e editado por Matheus Pastori