Seleções masculina, feminina e base reunidas para foto. Foto: Yan Barros
O esporte americano, que virou tendência no mundo, é a nova esperança de medalhas para o Brasil nas olimpíadas
Por Fábio Saldanha
Revisão: Laís Cruz
No ano de 2028, em Los Angeles, acontece mais uma edição do maior evento esportivo do mundo: as Olimpíadas. A grande novidade dessa edição, no país da América do Norte, são as modalidades que chegam para enriquecer ainda mais a competição.
Ao todo, cinco modalidades serão inseridas nas Olimpíadas: beisebol/softbol, squash, flag football, críquete e lacrosse. Dentre os esportes citados, o Brasil tem se tornado um forte candidato a medalhas no flag football, um jogo semelhante ao futebol americano, mas com algumas diferenças perceptíveis.
Para Matheus Silva, 27 anos, recebedor da Seleção Brasileira de Flag Football, apesar da semelhança, o flag tem muitas diferenças em relação ao futebol americano.
“O campo e o número de jogadores ativos são menores no flag, o que faz com que os jogadores sejam acionados mais vezes por partida” disse Silva.
“As estratégias são completamente distintas e o tempo de jogo no flag é bem mais curto; enquanto no futebol americano pode durar de 3 a 4 horas, no mesmo tempo é possível assistir a várias partidas no flag” concluiu o recebedor.
Como funciona o Flag Football?
O flag football consiste em dois times que se enfrentam em busca de marcar o famoso touchdown. O que o difere do futebol americano é a menor quantidade de contato físico. Ao invés de ser derrubado, o jogador, para parar o seu oponente, deve tirar uma das três flags (bandeiras, em tradução livre) que se encontram na altura da cintura de seus adversários.
Cada equipe tem 4 tentativas para marcar sem que o adversário tire as flags, caso contrário, a posse de bola passa para a equipe rival. O touchdown vale 6 pontos e as equipes se enfrentam durante uma partida de dois tempos, que variam de 15 a 25 minutos.
Quais as dificuldades encontradas pelo esporte no Brasil?
Matheus acredita que, como todo esporte emergente no Brasil, o flag football enfrenta muitas dificuldades para se difundir e para que surjam mais projetos que possam alavancar ainda mais o esporte no país. Um dos desafios é a questão do extenso território brasileiro, que afeta o desenvolvimento do esporte. “É ótimo termos vários times de Flag Football por conta disso, mas a parte ruim é que potências regionais acabam jogando entre si apenas uma ou duas vezes ao longo do ano, e esse é um dos maiores catalisadores do desenvolvimento” pontuou Matheus.
Atualmente, o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking da Federação Internacional de Futebol Americano (IFAF) no feminino e a 19ª no masculino, ambos os rankings liderados pelos Estados Unidos. Matheus entende que o Brasil ainda está muito atrás de seus adversários. “É entender que ainda estamos atrás de grandes forças do Flag Football mundial e do continente americano e que, para competir com eles, precisamos aprender com eles.” completou Silva.
A vida dupla da maioria dos atletas de flag
Um dos pontos que mais dificultam as coisas para quem decide se tornar atleta de flag é que o esporte ainda é amador na maior parte do país. Além disso, os atletas nem sequer conseguem viver apenas do esporte e precisam conciliar a vida dupla entre o flag e outra fonte de renda.
No último mundial, realizado em Lahti, na Finlândia, a Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) conseguiu recursos para a estadia dos atletas no país, mas os custos da viagem foram arcados pelos próprios jogadores, que precisaram fazer mobilizações para arrecadar recursos, com o intuito de garantir que a viagem pudesse acontecer.
As seleções no mundial de Lahti
A seleção feminina, que já tem um histórico maior nas competições da IFAF, estava no grupo C e começou vencendo a Finlândia e a Polônia, mas perdeu para a Alemanha e o Japão, ficando em terceiro lugar no grupo e garantindo vaga para as oitavas de final da competição. Nas oitavas, o Brasil enfrentou a forte seleção australiana e foi derrotado, com o placar final de 34 a 32 para as adversárias.
O time masculino, por sua vez, estreou contra os Estados Unidos e foi derrotado, assim como aconteceu contra a Espanha. No último jogo da fase de grupos, contra a Sérvia, a seleção venceu e garantiu o terceiro lugar, o que não foi suficiente para a classificação, mas a levou para o ranking, onde enfrentou a Sérvia novamente e foi derrotada. No entanto, a seleção verde e amarela se recuperou, vencendo o Kuwait, a Polônia e Singapura, ficando na 25ª posição, em uma competição composta por 32 seleções.