Fábio Rigueira e Múcio Pinto encontraram na atividade física uma forma de ultrapassar limites e criar uma nova realidade
Por Larissa Lima
Revisão: Antônio Netto
O esporte tem o poder de mudar realidades e ajudar no processo de superação de limites e perdas. Além das melhoras no condicionamento físico, pode ajudar ainda na saúde mental, devido a liberação do hormônio endorfina, conhecido popularmente como o hormônio da felicidade, que ajuda a regular as emoções e aliviar tensões.
Gleidson Cruz, preparador físico, conta que encontra pelo seu caminho profissional muitas histórias de pessoas que buscam no esporte uma forma de superar suas dificuldades e problemas de saúde.
“Quando você se propõe a fazer alguma atividade física, seja ela qual for, ela te proporciona uma sensação de bem estar e prazer e melhora o seu estado emocional”, explica o preparador.
As histórias de Fábio Rigueira e Múcio Pinto, mostram como o esporte fez parte fundamental das suas vidas em momentos de dificuldades e como foi um fator de transformação na saúde e estilo de vida.
Do câncer a um novo estilo de vida
Aos noves anos, durante uma brincadeira com os amigos, Fábio Rigueira caiu e se machucou, sem lesão muscular ou fratura, o local doeu durante dias, situação que o levou a procurar um médico.
“Eu costumo dizer que foi essa queda que me fez levantar, ali já começa uma grande história, por ser uma grande oportunidade, já que essa queda me levou a descoberta do câncer, onde eu pude dar atenção na hora certa, evitando que se alastrasse para outras áreas”, relata Fábio.
Após descobrir o câncer no fêmur, várias intervenções foram feitas para tentar preservar o seu membro e ter uma noção mais clara do nível de impacto para o seu corpo, até chegar no processo de amputação.
Dois anos depois ainda não tinha acabado a sua luta contra a doença, uma metástase fez com que fosse necessário a retirada de uma parte do pulmão direito, convivendo com três anos de quimioterapia.
Fábio teve interesse no esporte graças ao incentivo do pai, que sempre o presenteava com instrumentos para praticar alguma atividade física e desafiar os seus limites. Eram bicicletas, caiaques e pranchas de surfe.
“ O esporte foi um grande aliado para que
eu pudesse superar essas dificuldades”
O esporte foi uma forma de vivenciar uma nova maneira de interação social e ambiental, se tornando um escape de todos os momentos difíceis com a saúde, sendo fundamental para a saúde física e mental do desportista.
“O esporte entrou para me dar um suporte físico e mental no contexto social que eu me inseria como criança e adolescente”, declara Fábio.
Com a consolidação do esporte em sua vida, o atleta acumulou experiências memoráveis como a travessia Mar Grande-Salvador, onde foi campeão do circuito e vice-campeão na prova em sua categoria.
Além de enfrentar novos desafios com o cicloturismo e a realização do grande sonho de realizar o IronMan, circuito 70.3, de 113 km, se tornando o primeiro brasileiro a completar a prova usando muletas e nenhum tipo de prótese.
O esporte faz parte da vida do atleta, se tornando motivação para ir sempre em frente e superar os seus limites. Fábio conta que a sua vida sem as atividades físicas seria negar toda a sua história.
“Não sei como seria a minha vida sem o esporte, mas com as conquistas que eu tenho hoje, principalmente em relação à minha saúde, posso afirmar que sou muito feliz”, relata.
A superação da Hipertensão
Múcio Costa Pinto, 62 anos, começou a história com a atividade física após receber um diagnóstico de hipertensão arterial, doença de natureza hereditária que acontece quando a pressão que o sangue faz na parede das artérias é muito forte e fica acima dos limites considerados normais.
A falta de tratamento de hipertensão pode causar lesões no infarto, derrame, insuficiência renal, entupimentos nos vasos sanguíneos e cegueira.
“Essa situação fez com que observasse o estado de meu pai, que também sofria de hipertensão arterial há algum tempo. Infelizmente sem tratamento adequado, fazendo com que seu coração se deteriorasse em progressão geométrica”, conta Múcio.
Observando o estado de saúde complicado do seu pai, que sofria do mesmo problema, junto com o incentivo dos amigos e médicos que o acompanhavam, Múcio Costa decidiu mudar a sua realidade.
Após 20 anos no sedentarismo, se matriculou na academia. “Entrei pela primeira vez numa academia, aos 54 anos. Para mim aquelas pessoas se exercitando em aparelhos se pareciam mais como hamsters em suas rodinhas, tinha muito preconceito e pouca informação”, conta.
Após três anos, tentando manter hábitos que incluíam de alguma forma o esporte à sua rotina, afim de ter qualidade de vida e combater a doença, Múcio sofreu uma transformação.
Hoje, o atleta malha seis vezes por semana e realiza competições de corrida de rua de até 21 km, incluindo trajetos em trilhas. Com isso, Múcio consegue manter a saúde em dia e aproveitar os momentos de imersão na natureza.
O esporte e a prática de atividade física podem ajudar de diversas formas, principalmente quando falamos sobre saúde.
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