Especialista explica o significado dessa prática empresarial e o motivo do termo se tornar tão relevante para a Geração Z
Por Maria Clara
Revisão: Cristiano Sales
A curiosidade dos brasileiros pelas práticas de governança ambiental, social e corporativa, conhecida pelo termo em inglês “Enviromental, Social e Governance” (ESG), cresceu 76 pontos percentuais consecutivos entre os meses de março à abril de 2022, conforme último levantamento do Google Trends.
O novo recorde do mercado corporativo nacional, embora venha de baixa estação na última década (2010 – 2016), voltou a representar indicativos positivos de ESG desde julho de 2020, segundo dados oficiais da ferramenta trends (do inglês livre “tendências”) do Google.
Mas o que significa, na prática, o ESG?
Criado em 2005, o ESG cria visibilidade para organizações que buscam se enquadrar em práticas Ambientais (Enviromental), Sociais (Social) e de Governança (Governance), garantindo a transparência com investidores e demais públicos.
O resultado vem sendo expressivo: 93% dos executivos nacionais afirmam que o ESG garante ganhos à organização, segundo a pesquisa “Visão do Mercado Brasileiro sobre os Aspectos ESG”.
Entre os benefícios, os executivos destacam a valorização empresarial e proximidade com a clientela, sejam consumidores, investidores ou colaboradores.
Buscando a conscientização do meio ambiente, melhora administrativa e preservação dos interessados – os stakeholders – corporativos. O advogado e escritor, Augusto Cruz, afirma que há uma forte tendência nas normas regulatórias de ESG surgirem como requisitos para empresas obterem ações listadas, abrindo portas de mercados internacionais.
“Mesmo as pequenas empresas precisarão aderir à agenda de ESG, em face das exigências de seus clientes. O conselho de administração deve estar imbuído da necessidade de incorporar ao direcionamento estratégico a agenda de ESG, determinando que a diretoria promova ações executivas e operacionais necessárias, identificando quais os temas serão tratados”, explica Cruz.
Geração Z e as causas
Interligada com o marketing social, a prática do ESG é bem vista por 84% do público da geração Z, segundo dados da pesquisa “A Evolução do ESG no Brasil”.
Em defesa das causas sociais, a geração 2000 avalia não somente os produtos, mas os impactos na sociedade. Cruz, no entanto, atenta às empresas ao perigo do brandwashing (do inglês livre “brainwashing”: lavagem cerebral + “brand”: marketing).
“A área de marketing tem um papel importantíssimo em apoiar a empresa na melhor forma de apresentar as ações realizadas e, principalmente, seu impacto. Por outro lado, essa área deve ter a plena compreensão de que não pode amplificar as ações sociais, ambientais e de boas práticas em governança corporativa realizadas, a fim de evitar que a empresa incorra o chamado brandwashing”, alerta o profissional.
Dessa forma, Cruz afirma que o marketing se torna peça-chave ao lado da área de comunicação, à fim de dar suporte à organização na melhor forma de disseminar ações, indicadores e cumprimento de metas da agenda ESG de uma empresa.
Mestre em Direito, Governança e Políticas Públicas pela Unifacs, Augusto Cruz também ressalta os benefícios do ESG como bases de governança mais sólidas, maior capacidade de execução de ações e estabilidade interna. As práticas de ESG, portanto, acabam auxiliando empresas em momentos de crise e instabilidades.
“De forma mais objetiva, a adesão a uma agenda ESG gera valor para empresa em muitos sentidos: maior segurança jurídica e empresarial nas relações com agentes públicos e parceiros comerciais, reputação, atração e retenção de talentos, fidelização de clientes, redução de custos com processos judiciais, fomento à inovação para soluções que reduzem o impacto ambiental e a inovação para geração de novos produtos e serviços que tragam impacto social ou ambiente”, conclui.
Como introduzir o ESG nas empresas
Segundo Cruz, o ideal para a implementação do ESG nas empresas é conhecer os princípios da agenda, seus fundamentos e a beneficência nas organizações. O consultor explica que é necessário um planejamento concreto e estudo sobre o assunto para introduzi-la em cada organização.
“A agenda ESG precisa vim da direção chefe das empresas, juntamente com o conselho administrativo. Esse deve estar imbuído da necessidade de incorporar ao direcionamento estratégico a agenda ESG, determinando assim que a diretoria promova ações executivas e operacionais necessárias para implantação dessa agenda, identificando os temas para serem tratados”, explica.
Ainda de acordo com o advogado, os “temas” que serão objeto de pesquisa de materialidade com os principais stakeholders, tem como objetivo apontar os assuntos que os colaboradores e investidores demonstram maior preocupação e interesse dentre as atividades desenvolvidas pela empresa. Com os temas identificados, a empresa elege os standards (do inglês “parâmetros”) que pretendem adotar como norteadores.
“Recomenda-se também a criação de uma área ou subárea para assumir a responsabilidade pela agenda ESG, conferindo suporte às demais ramificações da empresa acerca do tema. Importante também que haja um alinhamento interno sobre conceitos e princípios, a fim de que todos (líderes e liderados) estejam certos do que a direção e os stakeholders esperam da organização quanto à agenda de ESG”, finaliza.
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