Com o fechamento dos negócios físicos e o aumento da taxas de desemprego, o uso das redes sociais para empreender se tornou uma alternativa para garantir o sustento de muitas famílias
O número de empreendedores individuais na Bahia cresceu em mais de 184 mil nesses últimos dois anos de pandemia, segundo dados da Receita Federal de empresas cadastradas na modalidade do Simples Nacional e divulgados no último mês de outubro pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo a pesquisa divulgada, foi constatado o aumento de 4% de microempreendedores individuais (MEI’s) nos anos de 2020 e 2021, somando ao todo 184.370 novos empreendimentos baianos, identificando uma taxa composta de 180% desde que a pesquisa começou a ser realizada.
Durante a pandemia, Clara Jamile Romanha (32) fundou o negócio Cantinho das Plantas. A ideia surgiu para ajudar sua mãe, Lourivalda, a sair da tristeza trazida pela incerteza do início da pandemia.
“Abrimos a loja no Instagram em julho [de 2020] e na mesma semana fizemos a primeira venda e o primeiro envio. Ela ficou tão feliz que começou a colocar mais plantas para vender”, conta a empreendedora.
Em novembro do mesmo ano, a mãe de Romanha se formalizou como MEI e uma loja física foi inaugurada.
Atualmente, o empreendimento possui 942 seguidores em seu perfil no Instagram. “Eu não tenho nenhum seguidor robô [bot] e isso para mim, pessoalmente, é um orgulho porque a gente batalhou por cada um”, comenta Romanha.
Já Edenice Carvalho (56) encontrou na confecção de máscaras uma alternativa de sustento após o fechamento do comércio. “Como trabalhava fora de casa, o comércio fechou e eu não tinha como trabalhar, fiquei quase dois meses parada, e a gente fica meio desesperada, mas depois vieram as máscaras e foram me dando força”, relata Carvalho.
Desempregada, as alternativas encontradas pela empreendedora foram buscar todos os tecidos adequados para a confecção das máscaras e tutoriais on-line, começando a empreender com o auxílio de uma pequena máquina de costura.
Carvalho mantém seu empreendimento por meio da divulgação boca a boca e atualmente atende no WhatsApp pelo número (71) 98822-2255.
Pandemia e desemprego
Durante o período de quase dois anos de pandemia, a necessidade de empreender teve uma crescente por conta dos altos índices de desemprego.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Nordeste é a região do Brasil que apresenta a maior taxa de desemprego nesse segundo semestre de 2021, chegando a atingir a marca de 2,548 milhões de pessoas sem uma ocupação.
Romanha conta que o maior desafio para manter o negócio é a pandemia em si, já que a economia se tornou instável e o temor por uma nova quarentena causada por uma variante do vírus causa uma alta nos preços dos produtos que ela trabalha.
Além do aumento no combustível, que afeta diretamente seu produto final, já que estes vêm de outros estados.
“Você ser independente em alguns insumos garante um fluxo de taxa bom, uma manutenção muito boa na empresa e você não tem o estoque preso”, expõe, visto que começou a produzir por si própria algumas das plantas que vende, reduzindo o impacto no preço e mantendo o oferecimento de produtos de qualidade aos clientes.
O Sebrae divulgou também, em uma pesquisa no mês de dezembro de 2020, que 65% dos empreendedores baianos usam a rede social como forma de faturamento para o seu negócio, o que reflete nos 11% dos empreendedores que tiveram o seu negócio alavancado em meio a pandemia de coronavírus.
“Toda a nossa divulgação é feita através das redes sociais, tanto Instagram quanto WhatsApp. A maior parte de nosso público está nas redes sociaise, por causa disso, a gente tem tentado ficar mais expert, principalmente no Instagram,que a cada atualização muda a forma que o algoritmo distribui nossas publicações”, conta Romanha, que considera as redes sociais como um portfólio da empresa, mantendo-as sempre atualizadas.
O uso das mídias digitais também é uma estratégia utilizada por Carvalho: “As redes sociais foram muito importantes, porque foram elas que me mostraram como eu poderia fazer as máscaras, foram elas que fizeram com que as pessoas fossem até mim e eu consegui me levantar das cinzas. Como diz a história, estava lá embaixo sem saber o que fazer e de repente surgiu uma luz”.
Repórteres: Luma Maria Mendes de Sousa da Cruz, Juliana Brito Ferreira
Revisão: Antônio Netto