Relembre toda a carreira de ex goleiro tricolor e rubro-negro.
Por Maiara Giudice
Revisão: Daniel Freitas
Títulos. Acessos. Lesões. Desafios. Preconceito. Estas são algumas das palavras que definem a carreira de Emerson Ferretti, goleiro que foi destaque e campeão no Bahia e no Vitória no início dos anos 2000.
Emerson Ferretti nasceu em setembro de 1971, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Sua relação com o futebol começou quando ele ainda era criança; aos oito anos, já jogava na escolinha do Grêmio. Dois anos depois, o clube realizou uma seleção para as categorias de base, e, aos dez anos, Emerson passou a se profissionalizar.
No início da década de 90, o goleiro passou a compor a equipe principal do clube porto-alegrense, tornando-se titular. Entre 1993 e 1994, porém, ele enfrentou lesões que o deixaram quase dois anos sem jogar. Suas fraturas em sua tíbia e sua fíbula foram um dos momentos mais desafiantes de sua carreira, segundo relata. Com o Grêmio, Emerson foi bicampeão gaúcho. O clube também venceu a Copa do Brasil em 1994.
Emerson foi emprestado ao Flamengo em 1995, onde foi campeão carioca, passou por América-RJ e América-RN no ano de 1997, pelo Ituano e pelo Bragantino em 1998, e voltou ao Rio Grande do Sul para defender o Juventude, com quem venceu a Copa do Brasil em 1999, um dos “melhores momentos” de sua trajetória esportiva, como relata o ex-goleiro.
No ano de 2000, chegou ao Esporte Clube Bahia, time em que foi bicampeão nordestino, em 2001 e 2002, e campeão do campeonato baiano em 2001. Ele também recebeu o troféu Bola de Prata da Revista Placar em 2001.
Ao longo do período em que esteve no Bahia, fez uma das maiores sequências de jogos de goleiros do nosso país, em que, ao longo de 155 partidas seguidas, não saiu por motivo algum. Ferretti é considerado ídolo por muitos torcedores, principalmente por quem acompanhou sua carreira – e, para ele, esse título é uma honra.
“Ser ídolo de um clube tão grande, com uma história tão bonita como a do Bahia, que teve grandes goleiros ao longo de sua história, pra mim, é motivo de orgulho. Estar nesse hall, nesse patamar, ser considerado como um dos grandes goleiros da história deste clube, mostra que o meu trabalho ao longo destes seis anos foi bem-feito, que a torcida reconhece o meu trabalho e, principalmente, o meu amor pelo clube”.
Em 2006, foi transferido para o Esporte Clube Vitória, ano em que colaborou para o acesso do clube para a segunda divisão e foi campeão baiano no ano de 2007. Em maio do mesmo ano, anunciou sua aposentaria como jogador.
Em 2008, foi convidado pela TVE para ser comentarista esportivo da emissora. Foi seu primeiro trabalho no jornalismo.
“O fato de ter sido atleta ajuda muito, porque eu comento sobre uma situação que eu já vivenciei muitas vezes. Eu estive dentro de campo, então muitas das situações que eu comento durante os jogos e programas eu já vivenciei, então eu falo por conhecimento”, conta Emerson.
Emerson foi presidente do Esporte Clube Ypiranga de 2010 a 2017, trabalhando também como Coordenador de Esportes do Escritório Municipal da Copa do Mundo de 2014, que ocorreu no Brasil e como assessor técnico na SUDESB (Superintendência de Esportes do Estado da Bahia). Além disso, atuou no Comitê Organizador da Copa América de 2019, que também ocorreu no Brasil.
Em agosto de 2022, Emerson se assumiu homossexual no podcast “Nos Armários dos Vestiários”, do “ge”, espaço em que relatou os desafios de participar da comunidade LGBT dentro do futebol.
“O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu fico imaginando quantos garotos desistiram de se tornar jogador de futebol por conta disso, por perceberem essa situação. Quantos talentos foram perdidos? O futebol perdeu, os clubes perderam, porque o ambiente realmente não ajuda. Eu segui com tudo isso, mas sofri com as consequências de seguir, era o meu sonho”, disse ele, no podcast.
Ferretti conta que sentiu o preconceito em diversas contratações.
“Sei que a fama me prejudicou bastante. Eu poderia até ter tido muito mais sucesso. Poderia ter feito muito mais coisas do que fiz, ter conquistado muito mais coisas. Eu acredito que é muito positiva (a carreira), principalmente por ter conseguido enfrentar tudo isso, ter sobrevivido até o final. O fato de ser gay não me parou, eu fui até o final. Mas sei de dirigentes que não me contrataram porque eu sou gay.”
Ao compartilhar esta parte da sua vida, o ex-jogador contou com o apoio de diversos clubes, como o Bahia e o Grêmio.
Atualmente, o ex-goleiro trabalha em diversos veículos de comunicação, como a TVE, a TV Aratu, a Rádio Trânsamérica, a Globo FM e a rádio CBN, além de continuar participando de eventos promovidos pelo Esporte Clube Bahia.