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Falta de apoio e dificuldades enfrentadas pelo futebol feminino prejudicam o crescimento da modalidade
Por Clara Oliveira
Revisão: Frederico Sólon
O Campeonato Baiano Feminino de Futebol, que começou a ser disputado no final do mês de setembro, se aproxima dos jogos finais, marcados para os dias 29 de outubro e 5 de novembro, num cenário de pouca visibilidade e de desigualdade de condições em relação a modalidade masculina.
Nesta edição, o torneio conta a participação das equipes do Vitória, Jacuipense, Astro, Doce Mel, Juventude de Vitória da Conquista, Leônico, Lusaca e o atual campeão, Bahia, que disputaram as sete rodadas da fase de grupos em jogo único.
Na etapa seguinte, as quatro melhores equipes se enfrentaram entre si. O primeiro colocado jogou contra o quarto, e o segundo contra o terceiro, também em jogos únicos.
O jogo final será disputado entre as equipes do Bahia e do Doce Mel, em duas oportunidades, e o clube campeão ganha uma vaga na série A3 do Campeonato Brasileiro.
A atleta Juliana Ramos, atacante do Bahia, relata que a sua rotina de treinos durante o campeonato é bastante movimentada com muitas atividades durante a semana.
“Segunda treinar, terça treinar leve, quarto jogo, quinto descanso para as que jogaram e treino pesado para quem não jogou tanto tempo assim ou quem não jogou, sexta leve de novo, porque sábado tem que jogar novamente, então, é bem corrido”, detalha a atleta.
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Falta de apoio
A atacante da equipe do Bahia, Gabi Itacaré, que se dedica ao futebol desde a infância, chama a atenção para a necessidade de apoio ao futebol feminino baiano por parte de patrocinadores.
“A gente precisa de patrocínios, patrocínios que acreditem no futebol feminino, patrocínios que acreditem que atleta vai ser frutos, a gente precisa que as pessoas acreditem que a gente vai lotar um estádio, que a gente vai ter a torcida, que a gente vai chegar também em um patamar junto com a torcida que o masculino também traz, acho que acreditar”, relata Itacaré.
Apesar de uma maior valorização alcançada futebol feminino a nível nacional, esse efeito ainda não se reproduz nas equipes locais.
“O patrocínio do feminino hoje é mais para as meninas que estão na seleção brasileira, a gente precisa mais disso, além da visibilidade e valorização, ser patrocinado seria algo grande de uma forma mais explicita”, completa Itacaré.
Sheila Pinheiro, atleta do Doce Mel, responsável pelo gol que classificou o clube para a final, lamenta a falta de apoio das instituições responsáveis pela organização do futebol no estado.
“Acredito que o maior apoio que poderia fazer com que o futebol feminino fosse ao auge, seria da própria federação, seria um avanço muito importante”, relata a atleta.
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Tratamento desigual
Durante o Baianão Feminino deste ano, somente alguns jogos tiveram suas transmissões realizadas por canais no YouTube, enquanto, o último Baianão Masculino foi transmitido tanto através do site de vídeos como por uma emissora de televisão, ampliando ainda mais o seu alcance.
Além das transmissões, outras questões também evidenciam a desigualdade de condições existente entre as modalidades feminina e masculina. Para a atleta Juliana Ramos duas situações expõem esse desequilíbrio.
“Já começa com as premiações e os investimentos que dão, claro que sabemos que o masculino dá mais grana, mas só dá por conta do valor investido, o futebol feminino já mostrou seu potencial, sua força e seu espaço, onde deve ficar, é só acreditar e investir igualmente”, relata a atacante.