Dados apontam que modelo tradicional de família reduziu para 42%
Por Elias Pereira
Revisão: Catherine Marinho
O Dia Internacional das Famílias é celebrado no dia 15 de maio de cada ano, mas apesar disso, existiram muitas mudanças desde a sua proclamação pela Assembléia Geral das Organização das Nações Unidas (Onu).
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o perfil da família foi modificado e, desde 2005, a formação composta unicamente por pai, mãe e filhos deixou de ser maioria nos domicílios brasileiros.
O estudo indica que a família considerada tradicional, composta por pai, mãe e filhos ocupava 42,3% dos lares pesquisados, queda de 7,8 pontos percentuais em relação à última análise, quando 50,1% das moradias eram formadas por essa estrutura.
Mas apesar disso, a estrutura da família tradicional não será extinta. O que justifica a queda dos números é o surgimento de configurações mais diversas e igualmente válidas, é o que explica a psicóloga Letícia Junqueiro.
“Manter as famílias conscientes de sua importância e apresentá-las como verossímeis e emocionalmente fortes diminui o medo e o silêncio diante das atitudes que pretendem desqualificar esses laços”, detalha Junqueiro.
A psicóloga explica que a família é a primeira comunidade da qual fazemos parte.
“O aprendizado sobre convivência, respeito e partilha que encontramos na família forma a estrutura para a nossa atuação em outras esferas sociais, por isso preservar a família enquanto atitude é importante para a sociedade como um todo”, elucida Junqueiro.
Mães que são uma verdadeira família
Nos dias atuais, não é difícil encontrar exemplos da nova estrutura familiar que tem se tornado destaque. Na última Copa do Mundo de futebol, evento de grande importância da modalidade esportiva mais popular do Brasil, sete dos 11 titulares da Seleção Brasileira foram criados apenas pelas mães.
A estudante de jornalismo, Heide Moura, que perdeu o pai aos dois anos de idade, conta que a família desempenha um papel importante para a formação de uma pessoa, e através dela é possível entender o que é certo e errado.
“Eu tive uma fase na minha infância, aos oito, nove anos de idade, que eu desejava muito ter um pai e não me conformava que a presença masculina na minha casa fosse apenas o meu irmão”, relata.
“O papel que minha mãe exerceu sozinha para a minha formação foi o suficiente pra fazer de mim uma mulher com força, caráter, dignidade e empatia”, conta Moura.
A estudante conta que o apoio psicológico, uma boa educação familiar e escolar, além do amor de pessoas especiais, foram importantes durante o seu período de criação.
“Precisei fazer consulta com psicólogo para entender melhor que para ser feliz ou realizada com uma família, ela não precisa necessariamente ser completa. Claro que hoje, em datas especiais, como o Dia dos Pais, mexe um pouco com o meu emocional, mas consigo lidar super bem”, complementa Moura.
A estudante Emili Oliveira conta que é um privilégio não só viver fisicamente com a família, mas conviver, no sentido amplo, com quem ela ama e respeita. “Minha família sempre foi a minha segurança e sensação de fortaleza, sempre que procurava o chão eu encontrava. Então posso dizer que o impacto é positivo”, explica Oliveira.
Famílias homoafetivas
Já Ilza Falcão, que mantém um casamento homoafetivo, ressalta que a família é o principal grupo para a formação cultural, política, econômica e psicológica de uma sociedade. Mas, apesar disso, ainda há um preconceito com crianças oriundas de uma família homoafetiva, causado pelo negacionismo da informação.
“Hoje temos outros tipos de conjecturas familiares e o acesso à informação ajuda muito a reduzir impactos negativos no que se refere ao núcleo tradicional. Mas na contramão, temos outros tipos de efeitos que estão ligados intimamente ao aspecto estrutural e psicológico dos representantes dessas novas formações familiares”, analisa Falcão.
A psicóloga Letícia Junqueiro relata que família é o círculo íntimo em que vivenciamos as primeiras experiências e emoções, e a sociedade apresenta impressões padronizadas sobre a constituição familiar, mas, efetivamente, é o sujeito quem define sua família.
“Não há certo e errado sobre quem é sua família. É você quem sabe, sente que pessoas tomam esse lugar na sua vida. A criança é um indivíduo e, assim como o adulto, configura quem entende como sendo família para ela, mas isso é um processo. A construção desses laços passa por experiências importantes de amor, confiança e reciprocidade, que são estruturais para o caráter e personalidade das crianças”, finaliza Junqueiro.
O papel da maternidade
No livro “Não dê conta: Viva a maternidade ilimitada”, Letícia Junqueiro discute a autocobrança e a pressão que a sociedade impõe para que as mães absorvam e solucionem todas as demandas dos filhos, da casa e do casamento.
Com a obra, a especialista mostra que, quando as mães passam a valorizar também o seu autocuidado, conseguem viver uma maternidade com mais leveza e mais completa para todas as partes.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado