Conheça a surgimento da modalidade e os olhares de quatro esportistas baianos sobre o estilo de vida do skate
Por Rodrigo Portela
Revisão: Fernanda Abreu
O skate é um esporte radical bem popular na atualidade, tão popular que no dia 21 de junho é comemorado o Dia Mundial do Skate.
A prática foi difundida em 1950, nos Estados Unidos, e tinha como principal objetivo entreter os surfistas californianos, que não podiam praticar o surf por falta de ondas no litoral.
Manobras deslizando sobre o solo, com ou sem obstáculos, equilibrando-se na prancha, shape, que possui dois eixos, trucks, rolamentos e quatro pequenas rodas.
O skate começou a crescer cada vez mais a partir dos anos 80, com a popularização do skatista norte-americano Tony Hawk. Ele é consagrado ainda hoje por enfrentar grandes desafios, o que lhe rendeu uma série de jogos com o seu nome, marcando toda uma geração.
Apesar de sofrer preconceito por ser um esporte associado ao vandalismo, após muito tempo sendo visto de forma negativa, o skate conseguiu limpar essa imagem se tornando mais do que um esporte, o skate se tornou um estilo de vida. disseminando e conquistando a moda, a música e a arte.
Este ano, o skate quebra paradigmas e se torna uma das modalidades esportivas do Jogos Olímpicos de Tóquio, que vai sediar uma competição de skate olímpico pela primeira vez.
Para celebrar o dia mundial do skate, a Avera trocou uma ideia com alguns soteropolitanos apaixonados pelo esporte, para entendermos melhor a visão deles sobre a prática esportiva e saber de onde surgiu esse interesse.
Roberta Chastinet
Roberta Chastinet tem 26 anos, é natural de Salvador e é piloto de avião, um reflexo do seu gosto por aventuras.
No entanto, Roberta passou a se interessar mais pela prática de skate quando fez intercâmbio para a Califórnia. Ela comenta que comprou o skate para utilizar como meio de transporte.
“Minha escola de inglês ficava a cinco quilômetros da minha casa, aí eu ia todo dia de skate”, conta Chastinet.
A baiana diz ainda que um dos skates que ela mais gosta de andar é o longboard. Segundo ela, é o que “se assemelha mais ao surf”.
Hoje em dia, pratica o esporte com fins de diversão e não tem o interesse de se profissionalizar.
Gustavo Ventin
Gustavo Ventin tem 23 anos e estuda medicina veterinária. Diferente de Roberta, o estudante diz que desde pequeno teve contato com o skate, mas só começou a andar mesmo há três anos.
As suas modalidades preferidas são o street e a pista, mas pratica só por diversão. Segundo ele, “o skate se tornou muito mais importante, principalmente na pandemia, quando eu vim morar no interior, e na falta do surf, que era o que eu mais praticava, me encontrei mais ainda no skate”.
Ventin aponta que, diferentemente do surf, existe uma cultura de integração muito mais presente no skate.
Para o estudante, “outros skatistas costumam ser “gente boa” e incentivar quem está andando com eles, não importa o nível, diferente do que acontece no surf (generalizando, claro), consequentemente, salvando muitos jovens de situações complicadas nas suas vidas”.
“É bem claro ver isso nos skatistas que vieram da periferia, dá pra perceber o quanto o skate pode mudar nossas vidas, mudar o foco de nossas decisões”, completa o baiano.
Gustavo Ventin diz ainda que não tem o objetivo de se profissionalizar no esporte, mas não descarta a possibilidade. Entretanto, pontua que existem alguns desafios para quem quer se profissionalizar.
“Acredito que os maiores desafios envolvem desde os preços das peças que não são baratas até o acesso a bons lugares para andar, que são também consequência do skate não ser tão forte na nossa cultura, como é em outros países”, finaliza Ventin.
Sobre a sua própria experiência, o estudante comenta ainda que existiu um choque de realidade entre o mundo do surf e o mundo do skate, quando ele passou a se interessar mais pelo segundo.
“Apesar de serem bem parecidos, e o skate ter surgido a partir do surf, eu percebi a diferença de conexão entre quem está andando numa pista e quem está dentro do mar, sabe?! Não há competição, ninguém briga por ondas, forma-se uma família que muitas vezes está ali para ajudar, para compartilhar”, reflete Ventin.
O estudante completa que, “Dessa forma, eu me identifiquei bastante por nunca gostar disso no surf e sempre evitar tal situação”.
Marcos Vieira
Marcos Vieira tem 23 anos e é morador de Brotas, bairro de Salvador. Ele pratica street skate desde 2012 e já participou de competições.
Para ele, o skate é “um refúgio da vida rotineira e estressante, e o skate me ajudou muito na relação com as pessoas e pode ajudar muitos jovens”.
Vieira tem o interesse de se profissionalizar no esporte, e, para ele, os maiores desafios para que isso ocorra são “suporte financeiro e de peças de skate para evolução”.
Segundo ele, o skate proporcionou muitas amizades, e viagens e ensinou a ele ter mais humildade e respeito com o próximo.
Quando perguntado sobre a prática do esporte em Salvador, Vieira afirma que “Salvador ultimamente está muito boa para a prática e filmagens do esporte, depois de algumas reformas”, mas lamenta que o melhor lugar para andar, a Praça Campo Grande, é proibido.
Tácio Guimarães
Tácio Guimarães tem 21 anos e cursa farmácia. Aos 6 anos, Tácio acompanhava a prática do skate na rua e através de vídeos do esporte. Foi então que com 7 anos, ganhou o seu primeiro skate de aniversário.
Ele é adepto do street skate e nunca participou de competições, sempre preferiu andar “com os amigos ou sozinho”, apenas por diversão. Para Guimarães, o skate é “terapia e diversão, quando está andando você fica mais aliviado com as angústias rotineiras”.
O baiano diz ainda que um esporte como o skate é uma importante ferramenta de integração social.
“Em relação à integração social, acho que não só o skate quanto a música e a arte no geral é, senão o principal ponto para ser visto com olhos de progresso e futuro, diferente de como ainda existe um grande preconceito com esses grupos”, pontua Guimarães.
O estudante não tem o interesse de se profissionalizar no esporte, visto que já possui outros planos. Para ele, o skate é “saúde e diversão”.
Sobre o aprendizado no âmbito do skate, Tácio Guimarães relata que ele aprendeu a ser mais “empático, solidário e respeitoso com o próximo”.
“Graças ao skate, minha vida é melhor”, conclui Guimarães.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado