Saiba como aprender a se conscientizar sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Por Pedro Mendonça
Revisão: Antônio Netto
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, o dia 2 de abril é definido como o Dia mundial da Conscientização do Autismo, transtorno no qual o indivíduo tem dificuldade na comunicação e na interação social.
Essa data foi escolhida com o objetivo de conscientizar a população para ajudar a reduzir a discriminação e o preconceito com as pessoas que possuem o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Segundo o Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), uma a cada 36 crianças são diagnosticadas com o autismo.
A psiquiatra Milena Pondé explica que o número de pessoas diagnosticadas com o transtorno vem aumentando, principalmente com o diagnóstico tardio de adolescentes e adultos:
“Sobre a média das pessoas diagnosticadas, o que posso afirmar é que estudos nos Estados Unidos mostram que a prevalência de autismo vem crescendo. E sabemos que no nosso meio, aqui no Brasil, as pessoas vêm recebendo com frequência o diagnóstico do autismo, principalmente agora o diagnóstico em adolescentes, adultos e de pessoas que têm sintomas mais leves do espectro do autismo.”
“O último estudo de prevalência, feito nos Estados Unidos, indica que uma a cada 36 crianças que nascem podem ter autismo. A estimativa anterior era de uma para 50, então existe uma especulação que talvez a incidência e o número de casos novos de autismo estejam aumentando”, explica a psiquiatra.
Para Sara Figueiredo, psicóloga que já atuou com muitos pacientes autistas, ter uma data específica para se falar mais sobre o tema é importante para gerar conscientização da população sobre autismo.
“É muito importante as pessoas se conscientizarem porque deixa de ser um bicho de sete cabeças. Não só sobre autismo, mas qualquer outro transtorno, pois o conhecimento traz caminhos para quebrar conceitos e conhecimento sobre esse transtorno, ou outro qualquer, e assim aprendam a lidar de forma construtiva e respeitosa sobre esses transtornos”, relata Figueiredo.
Mas a psicóloga destaca também a importância da data para a valorização própria das pessoas com o transtorno autista, lembrando que “podem ter dificuldades para algumas coisas, mas têm aptidão para outras”.
“Se essas pessoas pudessem se respeitar e saber o seu valor. Todos temos problemas, não só as pessoas autistas. O mais importante é que a pessoa que está no espectro autista possa se respeitar e se valorizar para não se sentir menos por conta disso”, declara Figueiredo.
Adriana Nogueira é jornalista e tem um filho autista. Para ela, a sociedade “tem se mobilizado cada vez mais para entender o seu papel de acolhimento e a diversidade da humanidade, em prol do respeito à cidadania e à inclusão”. E complementa que o Dia Mundial de Conscientização do Autismo serve para mostrar como as pessoas podem ajudar a tornar a vida mais inclusiva, “onde todos se encaixam e têm o seu lugar”.
“Antes, é importante esclarecer que meu filho nasceu dentro do espectro autista, mas já há algum tempo sou mãe de um rapaz e um adolescente, com questões como outro qualquer. Então, acho importante compartilhar que existe uma ‘grande régua’ neste espectro do autismo e cada indivíduo tem sua própria condição e caminho de evolução, em suas habilidades e aprendizados, criando brechas e adquirindo ferramentas próprias, com a ajuda terapêutica necessária a cada um, sem um rótulo limitante de uma pessoa igual a outra. Até porque a diversidade é inerente à humanidade”, defende a jornalista.
E complementa: “As pessoas precisam saber que autistas são pessoas normais, sejam crianças, adolescentes ou adultos, e todos têm direito de viver, conviver e circular em todos os espaços e ambientes, como qualquer outra pessoa, sem ter que sofrer nenhum tipo de constrangimento, exclusão, rótulo ou julgamento.
Nogueira declara haver uma ‘falta de sensibilidade da própria sociedade” que gera um desconforto naqueles que têm essa condição, um estigma associado ao autismo, que não deveria existir.
“Nem os que têm níveis mais severos desta condição, nem os que já não precisam de nenhum tipo de suporte. Então, acolham, respeitem, vivam e deixem viver”, conclui Nogueira.
Como psicóloga, Sara Figueiredo acredita que não existe uma solução simples e fácil “para a sociedade ser mais inclusiva e menos preconceituosa”. “Não há leis que façam as pessoas deixarem de preconceituosas”.
Entretanto, a profissional aconselha as pessoas que não sabem muito sobre o autismo que procurem ler e buscar mais informações. “Mas com os olhos de quem quer saber e aprender sobre aquilo”, completa.
Procurar por conhecimento, para compreender e incluir essas pessoas que estão no espectro autista, assim como outros transtornos, para que contribuam de forma ativa para um viver melhor em sociedade.
A psicóloga também destaca o apoio da família na vida dos autistas: “A família é o primeiro espaço de inclusão, quando nosso filho nasce, não sabemos como vai ser, na verdade eles não atendem ao que idealizamos, por que não vamos nunca atender a demanda de perfeição. Então, como a família vai elaborar isso, como vamos reescrever nosso ideal, aceitando nosso filho como ele é e valorizando todas as capacidades que eles têm e respeitá-los.”