A data enfatiza a importância da preservação das tradições, da proteção dos territórios e da luta pelos direitos dos povos indígenas ao redor do mundo.
Por Catarina Gramosa
Revisão por Louise Santos
No dia 9 de agosto é comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1995. A data serve para discernir e valorizar as culturas, tradições, lutas e conhecimentos dos povos indígenas, além do óbvio que é enfatizar a importância da cautela de seus direitos e territórios.
Existe uma imensa diversidade dentro das tribos indígenas, com mais de 5.000 grupos diferentes em cerca de 90 países. No Brasil, são consideradas protetoras de uma rica herança cultural e ambiental, protegendo florestas, rios e a biodiversidade em seus territórios.
Apesar da inegável importância da sua presença, suas contribuições essenciais para o território brasileiro e seu direito de existir em sua própria terra, esses povos sofrem com aflições como a invasão de terras, a exploração ilegal de recursos naturais e a discriminação. Em muitos lugares, a luta pela delimitação de terras é uma questão de sobrevivência e conservação cultural.
A comemoração do Dia Internacional dos Povos Indígenas busca relembrar a sociedade e o governo sobre a urgência de garantir a proteção dos direitos indígenas. Além disso, a data é uma oportunidade para promover o diálogo de temáticas relevantes a respeito dos povos indígenas, para que as pessoas sejam conscientizadas quanto à exploração e perseguição sofrida por eles.
A ONU, juntamente com diversas organizações internacionais e locais, promove eventos, conferências e atividades étnicas para salientar o mérito da diversidade e do respeito às tradições indígenas.
Neste dia, é fundamental reforçar que os povos indígenas não sejam esquecidos, sendo destacados não apenas como parte da história de países que passaram pelo processo de colonização, mas como uma peça fundamental no presente e futuro deles. O amparo dos seus direitos é uma luta pela justiça, dignidade e sustentabilidade, uma conquista por si só, que simboliza a sua resiliência.
Para aprofundar a conversa em torno do tema, a equipe da Avera entrou em contato com o músico, produtor musical e cinegrafista João Acácia, cujo envolvimento se dá a partir das suas pesquisas sobre ecologia, decolonialidade e povos originários, criando narrativas socioculturais afro-brasileiras e latinas, utilizando a música e o audiovisual como ferramentas de transformação da sociedade.
Acácia destaca que o reconhecimento territorial e das populações indígenas originárias é crucial para a preservação de suas tradições. Enfatiza, também, a importância de reconhecer o processo histórico de colonização e as contínuas lutas territoriais que esses povos enfrentam. Conta sobre como a preservação dessas tradições está profundamente ligada ao reconhecimento dessas populações como os verdadeiros donos da terra, e à resistência que têm demonstrado ao longo dos séculos.
Quanto à datas comemorativas, como o dia internacional dos povos indígenas, e o seu devido impacto na visibilidade e conscientização do público quanto às lutas dos povos indígenas, o músico buscou um olhar de duas perspectivas diferentes.
“Essas datas têm um impacto ambivalente, enquanto ajudam no reconhecimento e visibilidade das lutas indígenas, também podem reforçar estereótipos.”, ressalta, pois embora o destaque tenha aumentado, ainda existem desafios significativos na maneira em que os indígenas são retratados — muitas vezes de modo reducionista e estereotipado.
Porém, é importante denotar que para além de datas, existem ações que podem ser tomadas para dar um apoio maior à população indígena. Acredita que é essencial dar voz aos povos indígenas, permitindo que falem sobre suas questões sem intermediários ou apropriações, e defende a importância da disponibilização de um espaço em canais de comunicação e na criação de políticas públicas que realmente atendam às suas necessidades e direitos. E como artista, compromete-se a usar sua arte para potencializar essas lutas e contribuir para a defesa territorial indígena.
Para acompanhar o trabalho de João Acácia, siga-o em suas redes sociais: @joaoacacia_ e @barusomos