Catolicismo, religiões de matriz africana e até na cultura indígena, saiba qual é o papel dos padrinhos e os significados para os afilhados
Por Tairone Amélio
Revisão: Fernanda Abreu
O dia 21 de maio é a data em que se comemora o Dia do Afilhado, celebrando aqueles escolhidos em batismo para serem “filhos do coração”. Significa saber que antes do nascimento, foram eleitas pessoas para estarem ao lado, em amparos e cuidados, assim com os pais.
Mais do que uma tradição, o ato do batismo carrega diversos significados e costumes, a depender da religião e da cultura na qual ele está inserido.
No cristianismo católico, a ação representa o primeiro dos Sacramentos, consagrando de fato o nascimento de um cristão. É através dele que há a purificação do pecado original, tornando-se parte da Igreja e do corpo de Cristo.
“O rito do Sacramento é um processo que une pais e padrinhos, precisa da comunidade também, tudo educa a criança. Essa noção de participação está um pouco fragmentada dentro da sociedade. Os pais têm uma missão, os padrinhos e a comunidade, todos eles educam”, explica Padre Sergio González.
Por meio do batismo, tem-se acesso aos outros Sacramentos, dando início ao “seguimento do caminho do Espírito”. Consagrado pelo perdão incondicional de Deus, o indivíduo torna-se, de fato, seu filho.
“Para nós, Católicos, é a inserção da pessoa na comunidade cristã”, explica o Padre González.
O costume de apadrinhar crianças começou na Igreja Católica no período do século II, com o propósito de reconhecer alguém como responsável pela educação religiosa das crianças, comprometendo-se a estar presente, caso os pais viessem a faltar de algum modo.
“O batismo, geralmente, é feito com crianças, mas também realizamos com pessoas adultas”, relata o padre.
Afilhado
Um afilhado é a certeza de ser abençoado e amado por aqueles que aceitaram a missão de se tornarem conselheiros, amigos nos bons e maus momentos. Saber que as pessoas que mais te amam, lhe confiaram a eles.
O jornalista Pedro Lucas Braga é afilhado de Simone Fernandes e José Prado. “Me sinto muito bem, tenho uma relação ótima com eles, de acolhimento, escuta, diálogo, afeto e amor”, conta o jornalista.
“Sinto-me honrado por ser escolhido pelos pais ou por um deles. Mas é uma honra maior quando o afilhado te escolhe”, conta o professor Robertto Laplagne, que é padrinho de três pessoas.
Muitos enxergam no apadrinhamento, não apenas uma tradição de lembrança do simbolismo religioso, mas também uma forma querida de indicar que essa pessoa sempre contará com o suporte e orientação desse “pai ou mãe postiço”.
“Eu me sinto agraciado porque minha madrinha foi bem presente na minha criação, na minha vida, alguém a quem eu confio”, afirma o estudante Gabriel Torquato.
Ao longo do tempo, o ato de apadrinhar deixou de ser somente um rito cristão, fazendo parte de diversos momentos e situações do social humano, partindo-se do sagrado ao cotidiano, criando vínculos afetivos de carinho.
O simbolismo
Em outras culturas, essa ação se caracteriza de modo bastante diferenciado, podendo ter sua representação nos elementos da natureza, água, folhas e no óleo. A água é um símbolo bastante utilizado para a prática de apadrinhamento, ou de comunhão com o divino.
Para os católicos, a água representa a limpeza do corpo e do espírito, de todas as impurezas do pecado. No Novo Testamento, João Batista fazia o batismo através das águas. Morria o pecador e nascia o convertido.
O óleo, para algumas culturas, está ligado à prosperidade, felicidade e a fertilidade. Em outros contextos, simboliza a cura espiritual, ou de unção para o cristianismo, que remete ao protegido.
As folhas representam diferentes simbologias, indo da cura à proteção, sendo utilizadas de acordo com o objetivo do rito.
Na cultura indígena, a comunhão com o divino se dá a depender das tribos, por meio dos banhos e das ervas, um rito de evolução e aceitação espiritual que os conectam ao sagrado, tendo uma figura mais velha para guiar. Mesmo não tendo a figura do padrinho, o batismo liga essa união.
Nas religiões de matrizes africanas, o infundir das folhas, dos banhos, fazem parte de alguns dos elementos para a purificação e do culto ao sagrado, tendo o apadrinhamento tanto no espiritual, como de forma sacra.
Com todos seus significados e diferentes formas de batizar, o apadrinhamento representa a ligação de respeito e confiança que é demonstrada na escolha daquele que terá seus caminhos cruzados pelo simbolismo do apadrinhar, tornando-se parte do afilhado e de sua família.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado