Dia do combate ao glaucoma: data alertar para os perigos e tratamento da doença
Por Edgar Luz
Revisão: Ismael Encarnação
O glaucoma é uma doença ocular caracterizada por alteração do nervo óptico que leva a um dano irreversível das fibras nervosas e, consequentemente, perda de campo visual. Essa lesão pode ser causada por um aumento da pressão ocular ou uma alteração do fluxo sanguíneo na cabeça do nervo.
O glaucoma é considerado como a principal causa de cegueira irreversível no mundo, isso ocorre por ser uma doença que não apresenta sintomas. O avanço silencioso do glaucoma ocasiona uma piora do quadro e, progressivamente, uma lesão irreversível no campo de visão.
Segundo alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados 2,4 milhões de novos casos de glaucoma anualmente, o que totaliza 60 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma, a doença atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos, resultando em cerca de um milhão de pessoas afetadas.
Quem pode desenvolver a doença?
Segundo Eneida Machado, Médica Chefe do Serviço de Oftalmologia do Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, qualquer pessoa está sujeita a desenvolver o Glaucoma, porém existem alguns fatores de maior risco para que isso aconteça.
“Os pacientes que estão sob maior risco são aqueles que possuem a pressão ocular aumentada, quem possui histórico familiar de glaucoma, pacientes acima de 40 anos de idade, pessoas afrodescendentes e pessoas que já tiveram algum trauma ocular ou façam uso crônico de medicamentos com corticoide”, explica Machado.
A médica ainda reforça que é importante fazer avaliações de rotina com o oftalmologista para se prevenir do glaucoma.
“A doença é assintomática no início, o paciente só apresenta sintomas, que é a perda gradual da visão, quando ela já está bem avançada”, alerta a oftalmologista.
Além disso, entre os principais fatores de risco estão diabetes, problemas cardíacos, hipertensão e hipertireoidismo, que também podem levar à doença.
Um estudo realizado pela Universidade de Michigan e publicado na revista americana Ophthalmology faz um alerta quanto a relação de hipertensão e diabetes a um maior risco de Glaucoma.
De acordo com os pesquisadores, o diagnóstico de diabetes tipo dois aumenta o risco de glaucoma em 35%. E quando há hipertensão arterial, a chance é maior em 17%. Mas, quando ambas as condições estão presentes, a probabilidade de desenvolver glaucoma é de 48%. Vale lembrar que a relação das doenças com o glaucoma ainda está sendo estudada.
O tratamento
Apesar de ser uma doença sem cura, existem tratamentos que podem controlar a doença, “O tratamento geralmente é feito com colírio, podendo ser ou não associado à alguma medicação. Alguns pacientes podem precisar de laser também. E, caso esses tratamentos não sejam efetivos para frear a doença, a cirurgia faz-se necessária”, informa Machado.
Foi o caso de Rivaldo Assunção, que foi diagnosticado aos 20 anos de idade e precisou passar por duas cirurgias para impedir o avanço da doença.
“A minha primeira cirurgia foi há cinco anos, após alguns anos de tratamento. E, há quatro meses eu precisei passar por novo procedimento para diminuição da minha pressão ocular”, conta Assunção.
Segundo Assunção, sua mãe tinha glaucoma e isso fez com que ele se atentasse para o risco que ele corria de ter a doença também.
“Minha mãe alertou todos os filhos sobre a doença, nos levou para fazer exames, eu fui diagnosticado e inicei o tratamento”, completa.
Tratamento pelo SUS
O tratamento do Glaucoma é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para realizar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento, o paciente deve ir até a Unidade de Saúde (UBS) de sua referência, realizar uma consulta com um médico clínico geral e este, de acordo com a necessidade, encaminha para o oftalmologista.
Além de consultas e exames oftalmológicos preventivos, o SUS fornece aos usuários alguns colírios e medicamentos e, se necessário, a cirurgia.
O glaucoma na pandemia
Segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), quase 1,6 milhão de exames com essa finalidade diagnóstica deixaram de ser feitos somente no SUS. De acordo com a entidade, pelo menos 6,7 mil procedimentos cirúrgicos que poderiam reverter e tratar a doença, também deixaram de ser feitos em 2020.
Ainda segundo a entidade, essa queda prejudicou a investigação de possíveis casos novos da doença, contribuindo para o atraso no tratamento e o acompanhamento de situações confirmadas, que exigem monitoramento para evitar o agravamento.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado