Jack-o’-lanterns, abóboras de Halloween, na escuridão / Foto: Toni Cuenca – Pexels
Entenda a origem da data comemorativa e descubra sons que vão te fazer viajar na vibe do Dia das Bruxas
Por Hebert Ramos
Revisão por Anna Gherardi
Tranquem as portas e fiquem atentos: o Halloween chegou! Comemorado oficialmente em 31 de outubro, o Dia das Bruxas se tornou uma das festas mais populares do mundo e carrega muita história. Para além das fantasias assustadoras e das “doçuras ou travessuras”, a celebração marcou presença na cultura pop, inspirando músicas, séries, filmes e personagens icônicos.
A origem do Halloween remonta ao festival celta pagão de Samhain, realizado há mais de 2 mil anos na região que hoje corresponde à Irlanda. A celebração marcava o fim do verão e o início do ano novo celta, em 31 de outubro, época associada ao retorno dos espíritos à terra dos vivos. Com o passar dos séculos, a festa foi incorporada pela Igreja Católica, transformando-se no Dia de Todos os Santos (All Hallows’ Eve) e, por influência popular, tornou-se conhecida como Halloween. Mais tarde, imigrantes irlandeses levaram a tradição aos Estados Unidos, onde ela ganhou elementos que hoje definem a data: doces, fantasias e abóboras esculpidas.
Com a globalização, o Halloween se popularizou também na América Latina, e é possível identificar referências à data em diversas produções brasileiras, dos filmes de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, às novelas como O Beijo do Vampiro e a obras da MPB que flertam com o macabro.
Para Adriel Ramos, 27, fiel consumidor de música pop e figura frequente nas baladas de Salvador, álbuns como ‘The Fame Monster’ e ‘Born This Way’, da cantora Lady Gaga, são produções que o ligam instantaneamente à esfera obscura que o Halloween traz, seja pela estética dark, sons marcados por batidas eletrônicas pesadas e todo o apelo ao horror que a Mother Monster traz nas suas obras. Ele completa: “Além de músicas dos álbuns citados e canções como ‘E.T.’, de Katy Perry, e ‘Thriller’, de Michael Jackson, são sons que não podem faltar na playlist de Halloween e nas festas temáticas que costumo ir.”

A dança dos esqueletos / Foto: FOTOKITA – StockSnap.io
Selecionamos seis discos, nacionais e gringos, que vão te arrastar para o lado de seres sinistros e te fazer entrar na vibe obscura do Halloween. Prepare sua fantasia e escolha o álbum que vai te guiar com as melodias e os sons mais assustadores na noite do Dia das Bruxas:
1. Amirável Chip Novo – Pitty (2003, Deckdisc)
Álbum de estreia da cantora e compositora baiana, Pitty, que chegou à cena com os dois pés na porta e se consagrou como um dos grandes nomes do rock nacional. Da capa sombria, ao instrumental denso e cheio de guitarras pesadas, letras que questionam o eu egóico e apontam o dedo para problemas sociais, como na faixa título que propõe uma reflexão sobre a alienação e a busca por autenticidade e autonomia em uma coletividade pautada pelo conformismo e pela superficialidade. A sonoridade do disco transita entre rock alternativo, hard rock e metal alternativo fazendo o ouvinte entrar no clima dark de um jeito consciente e brasileiro.
2. Letrux em Noite de Climão – Letrux (2017, Joia Moderna)
Primeiro trabalho solo de Letrux (ex-integrante do duo Letuce), Letrux em Noite de Climão é marcado por sintetizadores assombrosos que ao dar play na primeira faixa – “Vai Render” – somos arrebatados para algo que remete aos filmes de terror dos anos 80 e 90. Com a estética dark marcada pelas cores vermelho e preto, e a narrativa de que o amor também assusta, o disco segue com grandes momentos obscuros e dançantes como nas músicas “Coisa Banho de Mar” e “Flerte Revival” que remetem o ouvinte a festinhas de Halloween regadas a vinho e muito climão.
3. TURN OFF THE LIGHT – Kim Petras (2019, BunHead Records)
Por ser seu feriado favorito, a cantora e compositora alemã, Kim Petras decidiu lançar, em duas partes, o projeto que fez seu nome ser ligado ao Halloween por grande parte dos ouvintes de música pop. TURN OFF THE LIGHT é uma jornada tenebrosa e intrigante, onde da primeira à última faixa você é inundado pelo universo macabro, assustador e sangrento, arquitetado pela diva pop.
O disco conta com faixas como: “There Will Be Blood”, “<demons>”, “Massacre” e “Close Your Eyes” que se estabelecem com energia oitentista, vocais fortes e intensa carga emocional, tudo na medida certa para o nascimento de um provável clássico atemporal. O trabalho ainda conta com a participação mais que especial de Elvira (personagem icônica do filme Elvira: A Rainha das Trevas) na faixa título, o que potencializa a aura “cunt” que a narrativa criada por Petras aborda.
4. Eu Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito! – Johnny Hooker (2015, Independente)
Dramático, exagerado e extremamente brasileiro é assim que podemos definir o trabalho de estreia do recifense Johnny Hooker. A obra transita por gêneros como brega “Alma Sebosa”, samba de gafieira “Volta” e frevo “Chega de Lágrimas”, tudo isso com muita sofrência, melancolia e darkness à brasileira. Através das faixas e da narrativa extravagante, Hooker consegue catapultar o seu ouvinte para um sala de cinema que exibe um filme de comédia-terror escrachado onde o personagem principal quer exterminar seu ex amor, sendo capaz de até invocar entidades para amarrá-lo e pôr fim à sua vingança.
5. Halloweenie I-VI – Ashnikko (2024, Warner)
Ashnikko, assim como Kim Petras, é uma artista aficionada pelo Dia das Bruxas e que decidiu dedicar totalmente um trabalho ao tema. Em Halloweenie I-VI, a norte-americana compilou 6 singles lançados entre 2018 e 2024, o trabalho se divide na fusão de gêneros incluindo pop, hyperpop, rap, hip-hop e eletrônica com muito humor, obscuridade e horror, a norte-americana consegue transitar por temas como feminismo e empoderamento LGBTQIAPN+ de uma forma incomum. Fresh, criativa e autêntica, Ashnikko consegue entregar a penumbra que uma obra de Halloween pede e ainda foge do óbvio.
6. CAMINHOS SELVAGENS – CATTO (2025, Catto [dist. Tratore])
Com dente sujo de batom, cabelos descoloridos e fumaça de cigarro, é assim que a artista gaúcha CATTO apresenta a estética do seu mais recente álbum que conta com sonoridade dominada por rock e soft rock. Divagando sobre romances fracassados, CATTO propõe um diálogo intenso, sincero e dramático com o ouvinte sobre suas dores causadas ao longo dos anos, por amores que não se findaram do jeito que ela vislumbrava.
A narrativa poderia facilmente ser convertida para um curta de terror psicológico ambientado em uma noite fria de Porto Alegre. Marcado por guitarras e letras de teor confessional, dar play em CAMINHOS SELVAGENS é uma boa forma de finalizar a noite após aquela festa de Halloween que você voltou pra casa sozinho e sóbrio.
