Deslizamentos e inundações em Salvador e região metropolitana deixam mortos, feridos e geram prejuízos materiais

Por Alexandre Falcão, Isla Carvalho e Nalanda Rocha
Revisão: Antônio Netto

Durante a Operação Chuva, que ocorre nos meses de abril a junho, período em que a incidência de chuvas é mais acentuada , as ocorrências feitas através do número 199 têm um aumento significativo.

Do dia 8 até às 11h do dia 17 de abril, a Codesal registrou 2.645 ocorrências. As principais demandas foram ameaças de deslizamento.

Deslizamento de terra

A capital baiana e a região metropolitana enfrentam grandes problemas com alagamento e deslizamentos de terra. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Salvador lidera o ranking do nordeste com o maior número de pessoas vivendo em áreas com risco de desabamento e alagamento. Segundo pesquisa divulgada, cerca de 50% da população soteropolitana vive em zonas de risco.

O geógrafo Erick Conceição explica que o deslizamento de terra é um fenômeno natural e social. A água da chuva infiltra no solo e a moradia irregular potencializa o processo de deslizamento.

Em alguns casos mais graves, os deslizamentos podem destruir casas, causar mortes de moradores e deixar feridos.

É o caso de Lucas Daniel, morador do bairro de Plataforma, em Salvador, que no dia 29 de julho de 2019, perdeu sua casa devido ao deslizamento de terra que afetou os moradores do bairro.

Lucas relata a falta de aviso prévio da Defesa Civil naquela época. Como consequência, não houve tempo suficiente para sair do local com seu irmão, Tiago Gabriel, de 15 anos.

Terra deslizou no bairro de Plataforma e atingiu casa em Salvador — Foto: Divulgação

“Minha mãe saiu para o mercado, ficamos eu e meu irmão. Minutos depois um pedaço do teto caiu e a sala desmoronou toda em cima de mim”, detalha Lucas, que sofreu ferimentos graves.

Felizmente, Tiago, seu irmão, sofreu apenas arranhões.

Apesar da falta de amparo da Defesa Civil naquele período, a prefeitura de Salvador garantiu à família de Lucas o auxílio-emergência, que por função, disponibiliza até três salários mínimos para vítimas de desastres naturais.

Chuva e alagamento

Dona Neide, professora de 46 anos, moradora de Simões Filho, não recebeu o mesmo apoio quando foi vítima de um alagamento em 2018. Em entrevista, o Corpo de Bombeiros da Bahia alegou que a falta de suporte foi uma consequência do grande número de demandas na época do ocorrido.

O geógrafo explica que o problema das enchentes “não é só o fato de a população insistir em jogar lixo na rua. Existe também a falta de planejamento urbano na condução e na gestão da cidade que combina nessas catástrofes”.

Na tentativa de impedir novos desastres, a prefeitura de Simões Filho iniciou obras para o fechamento dos boieiros nas imediações, contudo, inacabadas, tornaram-se um novo empecilho na vida da população em períodos chuvosos.

O resultado das chuvas às famílias do bairro Parque Continental, em Simões Filho, vai além do impacto financeiro.

“Deixa um trauma na gente. Pode estar em qualquer lugar, quando vem a chuva a gente fica assustado, aquela situação de pânico volta”, desabafa Dona Neide.

Soluções para o problema

Nossa equipe buscou contato com a prefeitura de Simões Filho, mas não obteve retorno. Em relação ao auxílio em caso de deslizamento, o Corpo de Bombeiros informou ser papel da Defesa Civil.

O órgão, por sua vez, confirmou a disponibilidade da ajuda em todos os casos. Entretanto, após questionada sobre o caso específico de Dona Neide, não retornou as ligações.

A prefeitura de Salvador acionou o projeto Operação Chuva para evitar esses desastres na capital. Foram colocadas 110 contenções de encostas, 206 geomantas, além das ferramentas de monitoramento, para preservação de vidas durante esse momento de fortes chuvas.

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