A produção de algodão na cidade do Oeste da Bahia impulsiona empregos e capacitação profissional, com apoio da Abapa e parceiros
Por: Maria Luiza Nascimento Escobar
A cidade de Luís Eduardo Magalhães, localizada no Oeste da Bahia, tem visto sua economia e mercado de trabalho prosperarem, graças a todo ecossistema da cotonicultura na região. Em um curto espaço de tempo, menos de 25 anos desde sua emancipação, a cidade emerge como uma potência regional, ostentando um dos mais elevados índices de Produto Interno Bruto estadual.
Essa notável ascensão não é fruto do acaso, mas sim da visão ousada de agricultores e entidades, como Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e seus parceiros, que apostaram no cultivo de algodão no coração do Oeste da Bahia.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revela que a Bahia enfrenta o mais alto índice de desemprego. No cenário atual, Luís Eduardo Magalhães destoa. Graças ao setor de cotonicultura, a cidade se tornou um polo empregatício em ascensão.
O sucesso dessa transformação é impulsionado por investimentos contínuos em tecnologia, inovação e eficácia na gestão, que englobam todas as etapas da cadeia produtiva do algodão, desde o cultivo nas fazendas até seu processamento e distribuição no mercado.
Sérgio Alberto Brentano, diretor do Centro de Análise de Fibras da Abapa, ressalta que “o agronegócio como um todo é um pólo empregatício”. Entretanto, destaca um contraste significativo na cidade: uma abundância de empregos e uma carência igualmente significativa de mão de obra qualificada.
“Hoje se você olhar dentro da cidade de Luís Eduardo Magalhães tem disponibilidade de serviço para todos, mas tem falta de mão de obra, nos deparamos com a dificuldade das pessoas de visualizar e entender que aqui tem trabalho qualificado”, explica Brentano.
Foi nesse contexto que o Centro de Treinamento & Tecnologia da Abapa surgiu, para suprir essa necessidade de mão de obra capacitada, tanto dentro quanto fora das fazendas, oferecendo treinamentos, inclusive, para a comunidade, de forma gratuita.
Esse esforço em qualificar trabalhadores das fazendas e das comunidades vizinhas está ajudando a preencher as lacunas entre a oferta e a demanda de profissionais com as competências necessárias para trabalhar no setor agrícola, que se tornou altamente tecnológico e especializado.
Segundo dados da própria Abapa, desde a sua criação, em 2010, seu Centro de Treinamento (CT) já capacitou aproximadamente 70 mil pessoas e disponibilizou mais de 3 mil treinamentos. Além disso, conta com parcerias estratégicas de empresas do setor agroindustrial, como Agrosul-John Deere, Oeste Pneus-Pirelli, e instituições de renome como SENAR, SENAI e outras ligadas ao “Sistema S”. Essas parcerias garantem aos alunos certificações de qualidade amplamente reconhecidas no mercado.
A infraestrutura do CT é projetada para oferecer cursos presenciais em diversas áreas, incluindo Mecanização Agrícola, Transporte Rodoviário, Movimentação de Cargas, Irrigação, Aviação Agrícola, Educação Continuada, Jurídica, Contábil, entre outras. Além das atividades nas instalações de Luís Eduardo Magalhães, a equipe do CT se desloca às propriedades rurais para treinamentos mais personalizados.
Além disso, a oferta de cursos do CT é inclusiva, capacitando, por exemplo, mulheres para atuar em áreas tradicionalmente ocupadas por homens, como a operação e manutenção de tratores agrícolas.
A contribuição vai além do emprego. A região está passando por uma transformação educacional, à medida que os trabalhadores que antes dependiam de empregos sazonais para as colheitas de algodão, agora têm a chance de conquistar posições de trabalho mais qualificadas e de longo prazo.
Alessandra Zanotto, vice-presidente da Abapa, menciona o Centro de Treinamento como parte importante nessa missão, que “não só ajuda na qualificação e nas oportunidades de inovação que o produtor passa, como na sociedade de um modo geral”.
“No Centro de Treinamento ajudamos com a capacitação das pessoas para que elas possam conseguir um emprego mais rápido, e estejam com seu currículo formado para trabalhar em outras fábricas e fazendas”, destaca Zanotto.
O que diferencia a história da cotonicultura em Luís Eduardo Magalhães é a abordagem voltada não apenas para aspectos econômicos, mas também para o desenvolvimento socioambiental e a valorização dos trabalhadores.
Vitor Ramos, analista de produção na Icofort, indústria de processamento de caroços de algodão, é um exemplo de como a cidade oferece oportunidades para o crescimento profissional. Natural de Santo Antônio de Jesus, ele relata sua jornada desde a busca pelo primeiro emprego, em 2011, sem experiência, até sua posição atual, onde além de trabalhar, está cursando o oitavo período de engenharia de produção, com 50% de sua faculdade custeada pela empresa.
“A Icofort me deu a oportunidade que eu precisava, e abriu as portas para mim, comecei a trabalhar como auxiliar de almoxarifado. Vendo meu esforço e comprometimento, a Icofort me incentivou a buscar o estudo para me aprimorar nos processos da fábrica”, relata Ramos.
Apesar dos desafios econômicos enfrentados pelo estado e pelo país, o setor agrícola persiste como uma fonte sólida de oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional. Através do compromisso da Abapa e seus parceiros com a capacitação e o crescimento da comunidade, as portas para empregos dignos e bem-sucedidos permanecem abertas para aqueles que acreditam no potencial da agricultura como motor de progresso na região.