Doutor em biotecnologia, o especialista soteropolitano conta sua história e detalhes da pesquisa cientifica reconhecida internacionalmente
Por Lavínia Rabat
Revisão: Julya Ferreira
Apesar de não ter contato com a biotecnologia, enquanto criança, Valdir Gomes sempre almejou trabalhar com biologia. Estudante de escola pública, na infância, os colegas o chamavam de “cientista maluco” pelo seu interesse pela ciência.
Hoje, Valdir Gomes é doutor em biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).
No início da trajetória acadêmica pensou em se tornar engenheiro ambiental, porém, foi na faculdade de biotecnologia encontrou sua vocação.
Iniciou sua pesquisa no Laboratório de Bioquímica, Biotecnologia e Bioprodutos da Ufba, onde realizou pesquisas para seu mestrado e encontrou oportunidades para seu doutorado.
“Me tornei doutor em biotecnologia pela Ufba, sendo que tive a oportunidade de ficar um ano na Holanda, onde fiz um doutorado sanduiche e fui aprender novas tecnologias para poder usar na Universidade”, lembra Gomes.
Doutorado sanduiche é um programa de pós-graduação em que o estudante realiza parte de seu trabalho em uma universidade do exterior, com duração de três meses a um ano.
Pesquisa com mamonas
Desde sua formação acadêmica até hoje, Valdir Gomes pesquisa a mamona, uma espécie de planta importante para o semiárido baiano.
“A produção nacional é quase toda feita aqui no semiárido por pequenos agricultores. É uma espécie importante, com várias aplicações industriais a partir do óleo que é extraído de sua semente”, ressalta o doutor em biotecnologia.
A pesquisa de Valdir Gomes objetiva entender a partir da biotecnologia, como tornar a mamona mais resistente ao semiárido, identificando genes promissores, que possam tornar a mamona tolerante a estresses abióticos.
“Um desses genes foi capaz de encurtar o ciclo de vida da planta e diminuir seu tamanho, características importantes para espécie da mamona, principalmente para colheita dos frutos, fugindo da exposição da seca”, explica o pesquisador.
Além disso, o biotecnólogo revela que apesar de atualmente focar seu trabalho na produção da mamona, sua pesquisa deve ser levada para outras plantas.
“Minha pesquisa vai além da produção da mamona, para que assim, outras plantas possam ser cultivadas no semiárido e outras regiões do mundo. Entretanto, nosso foco inicialmente foi pensado para os pequenos agricultores, que são os mais afetados da nossa região”, salienta o cientista.
Valdir Gomes tem cinco publicações em revistas cientificas internacionais, sendo três como primeiro autor em nível de excelência, com alto fator de impacto.
“Todas as publicações são voltadas ao estudo da mamona mostrando resultados e direcionamento. A aplicação de nosso estudo pode ser usada para produzir plantas mais tolerantes que podem ser plantadas no semiárido. Nossos resultados são muito promissores”, ressalta Gomes.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado