Saiba mais sobre as regras e curiosidades do novo “baba” que vem conquistando o coração dos baianos
Por Iann Jeliel, Roberta Alves e Victoria Souza
Revisão: Antônio Netto
O Santana Red Bulls (SRB) é um dos primeiros times de Futebol Americano (FA) surgidos na Bahia. Idealizado em Feira de Santana, em meados de 2007, por Jeffrey Lasogga, o clube iniciou nos primórdios da atividade do esporte nativo estadunidense no Brasil. No período em questão, o cenário era de completo amadorismo.
Jeffrey conseguiu reunir através das redes sociais, vários interessados no esporte. Em seu período na Alemanha, adquiriu conhecimento técnico sobre o esporte, que foi a base para educar o grupo de 22 pessoas que reuniu.
Sem patrocínio, o grupo precisava se ajudar entre si, em todo tipo de tarefa, sem esquecer a carreira de estudante ou profissional que cada integrante seguia no momento.
Foi um início de muitos sacrifícios, mas que não foram suficientes para impedir a suspensão temporária das atividades do clube, pouco tempo depois de sua criação.
Somente em meados de 2016, a primeira versão do grupo, aposentada como jogadores, se reuniria novamente em um jogo amistoso que mudaria os rumos da história do clube.
Outros clubes dentro da própria Bahia, já haviam se desenvolvido o suficiente para um cenário competitivo, como o Vitória de Salvador.
O objetivo alçado era chegar à categoria Full Pad, ou seja, um time completamente equipado e com mínima infraestrutura para alcançar a Liga Nacional de Futebol Americano (LNFA).
Futebol americano no Brasil
Segundo Danilo Dilow, vice-presidente do SRB, o cenário de popularidade FA no Brasil começou a mudar em 2019 ficando mais conhecido, quando grandes transmissoras como a ESPN e a Bandsports, incluíram em sua programação o esporte.
Com isso, mais gente entrou em contato com o esporte e estimulou a comunidade, familiares e amigos, a dar suporte aos atletas entusiastas.
Apesar do maior reconhecimento do FA e do Santana Red Bulls, os jogadores não recebem salário pela prática do esporte, que é praticado de forma predominantemente amadora.
Dilow reforça a importância do apoio dos clubes para a profissionalização dos jogadores:
“Os times de maior expressão, geralmente oferecem uma oportunidade de estudo ou trabalho, aliada à vida de atleta. Desse modo, é possível obter uma graduação, desenvolver-se como atleta e até mesmo conseguir uma oportunidade para jogar fora do país”.
Além do amadorismo, os salários também são um problema para os jogadores de FA. Dilow explica que os salários são pagos somente a estrangeiros que raramente aparecem para competir.
“Acredito que a prioridade inicial das equipes seja fazer com que os atletas não tenham custo para praticar o esporte, em seguida, a remuneração da comissão técnica e quem sabe, no futuro tenhamos uma liga profissional”, almeja Dilow.
A perspectiva exponencial da popularidade do FA é bastante otimista segundo Rafael Cerqueira, diretor de Marketing do Santana Red Bulls. Ele afirma que o Brasil só está atrás do México em números de público consumidor do esporte.
“Acredito que em cinco anos teremos um número maior de praticantes, campos construídos para a prática do futebol americano, um maior investimento dos patrocinadores, mais transmissões e mais profissionais atuando no mercado”, afirma Cerqueira.
A pandemia
O cenário acima descrito, desconsidera a pandemia do Covid-19, que logicamente, interferiu na logística das práticas de qualquer esporte, e não seria diferente para o Futebol Americano.
O Santana, como todos os outros clubes, encerrou os treinos presenciais assim que houveram os primeiros casos de contaminação por Covid-19 no Brasil, optando por reuniões onlines.
“Minha relação com o time é de tentar manter a chama acessa, os jogadores querem muito voltar aos treinos, porém ainda não vemos essa volta com bons olhos por conta do aumento de mortes do covid. Então, trazer novas reuniões, conversar com os jogadores, saber como eles estão e se estão treinando é um pouco do que estamos fazendo”, explica Irving Rodrigues, técnico do Santana Red Bulls.
A pandemia trouxe os problemas para o time, como queda de receita e engajamento, mas foi a falta de novos conteúdos e jogos que mais desanimou o público.
Rafael Cerqueira acompanhou de perto essa perda de interesse nos números das redes sociais, chegando a perder além de engajamento, os seguidores.
“Durante a pandemia, tentamos trazer conteúdos sobre os times e nossos atletas, mas é complicado trazer conteúdo novo em um nicho tão específico e que possui muitos outros times na mesma situação, então acaba sendo mais do mesmo”, afirma Cerqueira.
Ainda assim, por ser um esporte sustentado muito pela comunidade e apoiadores locais, a perspectiva de melhora pós-pandemia prossegue positiva, como afirma Dilow:
“O esporte é sustentado pela comunidade praticante, há muito pouco recurso público ou patrocínio na estrutura e isso permite que haja um rápido retorno às atividades”.
Infraestrutura do Santana Red Bulls
O clube atualmente tem muito mais recursos do que um dia já teve. Projetos de captação de estádio e federações com projetos para construção de centro de treinamento.
O Centro Universitário Nobre, como instituição parceira, traz estágio oficial para cursos de educação física, nutrição e fisioterapia da instituição, além de outros apoiadores financeiros como: Aldeia Health Club, Academia MFit, Academia Fisicus, Matiz Tintas, Colégio Polivalente, Arena Senador e Recovery RX.
A capacitação atual do clube já levou atleta brasileiro a ser contratado por time da National Football League (NFL), dos Estados Unidos, a Canadian Football League (CFL), liga canadense, e várias outras da Europa. O projeto encaminha até mesmo a modalidade feminina, que também já chegaram a ser contratadas para jogar nos Estados Unidos.
Jogador de Futebol Americano na Bahia
Considerando o pouco conhecimento de muitos baianos sobre o esporte, os jogadores enfrentam alguns desafios. O jogador Augusto Mercador de Bali cita dificuldades com estrutura, patrocínio e apoio. Mas demonstrou esperança que o esporte continue crescendo.
“É gratificante, principalmente por sabermos que estamos construindo a história do Futebol Americano em nosso estado e no país. E também por podermos mostrar a todos a beleza desse magnífico esporte”, declara Mercador.
O jogador fala também sobre a imagem estereotipada da violência presente na prática do esporte. Mercador afirma que, como qualquer outro esporte com contato, o FA tem seus riscos, mas as regras são bastante rigorosas contra a violência, além dos equipamentos de segurança obrigatórios.
Como incentivo para os jovens que têm interesse na prática do Futebol Americano, Mercador diz que o cenário de crescimento da visibilidade do esporte é um ótimo combustível para aqueles que sonham em se profissionalizar.
“Preparem-se e estudem. É um esporte incrível, apaixonante e viciante, mas precisa de corpos e mentes preparados” incentivao jogador.
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