Através de atendimentos psicológicos para pessoas desfavorecidas, a profissional pretende mudar o passado elitista da psicologia e causar impactos positivos na sociedade
Por Edson Junior e Larissa Maia
Revisão: Antônio Netto
Juliana Matos, 25 anos, é psicóloga e seu objetivo é levar tratamento psicológico para os quem não tem condições financeiras. Com um público que vai de jovens, a partir de 15 anos, até idosos, a psicóloga cobra preços sociais, abaixo do mercado, e disponibiliza duas vagas de atendimento gratuito mensais.
“A psicologia é um pouco elitista”, reflete Mattos. Para a profissional, esta ciência é nova e só ricos tinham acesso a tratamentos psicoterapêuticos. Por isso, justifica que seu trabalho consiste em disponibilizar tratamento psicológico para pessoas desfavorecidas, tentando mudar o passado da psicologia e causar impactos positivos na sociedade.
Para Mattos, na sociedade há um tabu em que pessoas têm preconceito com a psicologia. “Muitos acham que não devem procurar ajuda psicológica. É mais fácil essas pessoas aceitarem que têm câncer do que uma depressão”, provoca Matos, ressaltando que esse tabu deve ser quebrado.
Para além do atendimento clínico, no Instagram, Matos publica conteúdo psicoeducacional para pacientes, público em gerar e para estudantes universitários, que diariamente lidam com tarefas acadêmicas. A psicóloga também ensina como lidar com fortes sentimentos ou com estados mentais adversos, como o stress e a ansiedade.
“Meu trabalho no Instagram é muito importante para os seguidores”, explica Matos.
Atualmente, a psicóloga atende pacientes em videoconferências, devido o distanciamento social, para evitar o contágio do coronavírus. Antes da pandemia, Matos realizava atendimento presencial em seu consultório na Av. Tancredo Neves, em Salvador.
História
Juliana cursou psicologia na Unifacs, com bolsa integral do Programa Universidade para Todos (ProUni). Antes, chegou a estudar fonoaudiologia. “Todos diziam que eu deveria ser psicóloga”, conta Matos.
A profissional explica que escolheu fonoaudiologia porque era muito ligada à música, mas que acabou indo para psicologia, declarando que se apaixonou por essa ciência.
A psicóloga conta que desde a universidade se identificou com o atendimento clínico, mas não pensava nessa opção após concluir o curso. “É difícil no começo de carreira – não são todos que procuram terapia. Mesmo assim empreendi e comecei o atendimento social”, relata.
Matos criou grupos terapêuticos e palestrou gratuitamente em diversas escolas municipais, principalmente durante o Setembro Amarelo, campanha para prevenção do suicídio.
A psicóloga confessa que todos seus pacientes a marcaram de alguma forma e que isso a faz se esforçar mais para ajudá-los. Para ela, isso acontece porque o paciente e o profissional de psicologia trocam experiências marcantes, fenômeno chamado pela psiquiatria de “transferência”.
“A psicologia pode transformar vidas, além de promover saúde e bem-estar”, explica Matos, revelando que muitas pessoas procuram psicólogos após estar com problemas, e que a psicologia ajuda a prevenir sofrimentos, além de ajudar pessoas a se auto conhecer.
“É uma oportunidade para o autoconhecimento, prevenção e valorização de si mesmo”, diz.
Dicas profissional
Para estudantes e profissionais de psicologia, Matos aconselha a “serem fortes, corajosos e preparados” para encarar os sofrimentos dos pacientes e o mercado de trabalho.
Também devem se preparar intelectualmente, dedicando-se ao estudo da psicologia. “Ser psicóloga é uma tarefa difícil, por isso é necessário ter força e coragem para continuar trabalhando”, conclui.