Ferramentas baseadas em inteligência artificial transformam a forma como estudantes organizam, compreendem e aprofundam o conteúdo — mas exigem uso consciente
Por: Dalila Fonseca e Júlia Ma
Revisão Mateus Tarrão

A inteligência artificial (IA) é um conjunto de tecnologias que permite aos computadores executar uma variedade de funções avançadas, imitando o raciocínio humano. No contexto da educação contemporânea, essa inovação tem impactado profundamente a forma como os alunos aprendem, revisam conteúdos e organizam seus estudos.
Hoje, ferramentas como ChatGPT, Gemini e DeepSeek são amplamente utilizadas por estudantes para otimizar tempo, gerar resumos, resolver questões e propor diferentes formas de explicação. Segundo uma pesquisa de 2024 realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), em parceria com a Educa Insights, e divulgada pela Agência Brasil, 71% dos estudantes utilizam IA com frequência.
Entre os principais benefícios citados pelos entrevistados — universitários e interessados em cursos superiores — estão:
- A possibilidade de aprender a qualquer momento e em qualquer lugar (53%);
- Acesso a informações atualizadas e diversificadas (50%);
- Maior eficiência e agilidade na resolução de dúvidas (49%).
No entanto, os desafios também foram apontados:
- Falta de interação humana (52%);
- Risco de dependência excessiva da tecnologia (49%);
- Possibilidade de erros em correções ou avaliações automatizadas (41%).
Os dados demonstram que a IA oferece avanços significativos, mas também reforçam a necessidade de um uso responsável e ético. Afinal, a tecnologia não substitui a capacidade de pensamento, a criatividade e o raciocínio humano — deve ser vista como uma ferramenta de apoio, e não como solução absoluta.
Solução moderna ou dependência perigosa?
O analista de dados José Eduardo Miranda reforça que o uso da inteligência artificial deve ser feito de forma consciente e equilibrada. Ele compara o momento atual à época da introdução das calculadoras nas escolas, inicialmente proibidas por prejudicarem o desenvolvimento do cálculo mental. Com o tempo, foram reconhecidas como ferramenta complementar.
“O mesmo princípio pode ser aplicado à inteligência artificial: antes de utilizar a IA para potencializar seu aprendizado, o aluno deve desenvolver suas próprias capacidades de análise e resolução de problemas. Dessa forma, ele se torna um profissional mais produtivo e eficiente”, ressalta o analista.
A IA pode, inclusive, ser uma aliada na personalização da aprendizagem. Com o uso de gráficos, músicas, jogos e recursos interativos, adapta-se ao estilo de cada estudante. No entanto, segundo José Eduardo, o uso excessivo e desorientado pode afetar diversas habilidades: “Entre as habilidades que podem ser afetadas estão: aprendizagem, pensamento crítico, autonomia, criatividade, memória, comunicação, trabalho em equipe, resiliência e persistência” afirma Eduardo. Todavia, ele evidencia que os impactos variam de pessoa para pessoa, já que o ser humano é complexo e detém múltiplas potencialidades.
Educar também sobre tecnologia
José Eduardo acredita que as instituições de ensino deveriam se antecipar e fornecer orientações claras sobre o uso responsável da IA, aliando o desenvolvimento técnico ao ético: “O ideal é que a IA seja usada como um suporte, e não como uma substituição do pensamento crítico e da criatividade humana”, conclui o analista de dados.
5 ferramentas de IA para apoiar os estudos
- Thea: Gera perguntas personalizadas, flashcards, jogos de memorização, simulados, guias de estudo e resumos de textos e vídeos. Disponível para Android, iOS e web.
- Chat GPT: IA generativa com modelo de linguagem que pode criar resumos, explicações, roteiros e responder dúvidas.
- Socratic: Oferece respostas detalhadas com vídeos e explicações visuais a partir de fotos de perguntas.
- Quizlet: Permite criar flashcards, quizzes e jogos educativos para revisar conteúdos de forma interativa e personalizada.
- Deep Seek: Uma ferramenta mais eficiente, com foco em tarefas técnicas e empresariais, e com a possibilidade de personalização.
Essa transformação tecnológica oferece inúmeras possibilidades, mas também exige maturidade. Cabe aos estudantes, professores e instituições encontrarem o equilíbrio: unir o que há de melhor da tecnologia com o que há de mais valioso no ser humano, sua inteligência criativa, ética e sensibilidade.