Inundações, tráfego caótico e risco de deslizamentos mostram que a capital baiana não está preparada para o período chuvoso; Prefeitura investe em projetos de melhoria
Por Vitória Serravalle, Thaiane Vasconcelos e João Victor Moreira
Revisão: Antônio Netto
A capital soteropolitana sofre, todos os anos, com deslizamentos de terra e alagamentos das vias, por conta dos temporais que acontecem na cidade, desde o início de abril até meados de junho.
As fortes chuvas sazonais são decorrentes do fenômeno natural La Niña. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Brasil, uma das consquências desse fenômenoé o aumento da intensidade no período chuvoso na região Nordeste, em especial, no litoral baiano.
Devido a falta de investimento público na infraestrutura nos períodos chuvosos, a quarta maior cidade do país arca com problemas que impactam diretamente na vida da população.
Com o grande volume de chuva em pouco tempo, as vias começam a alagar. O tráfego caótico é o primeiro a sinalizar que Salvador não apresenta um sistema de escoamento eficiente.
Para se ter uma ideia, com a chuva do último dia 15 de abril, segundo a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), a capital registrou alagamentos em movimentadas vias como Av. Tancredo Neves, Av. Paralela (sentido aeroporto), Av. Bonocô e nas imediações da passarela do Salvador Shopping.
Áreas de risco
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital baiana se destaca por ter quase metade da população vivendo em áreas de elevado risco de desmoronamento.
Em 2021, no primeiro mês do período de chuvas, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) relatou mais de 190 ocorrências na cidade. Dentre elas, alagamentos de imóveis, deslizamento de terras e ameaças de desabamentos e deslizamentos.
As áreas que mais sofrem impactos pluviais são os bairros que apresentaram crescimento habitacional desordenado.
O historiador e geólogo, Rubens Antônio Filho, explica que essa ocupação de forma irregular na cidade é histórica. Em 1549, ano de fundação da cidade, a capital apresentava
um território cujo limite se dava onde hoje se localiza a Praça Castro Alves e a Praça Municipal. Com o passar dos anos, a cidade cresceu e a maior parte desse crescimento ocorreu nas encostas.
Mas, nem todas as encostas são áreas de risco. Já que para ser definida como área de risco, é levado em consideração o tipo de ocupação, solo, drenagem, habitação, dentre outros pontos referentes ao espaço. Caso essas estruturas apresentem problemas na infraestrutura, a área é apontada como risco.
Ações municipais
No início do período chuvoso da capital, o prefeito, Bruno Reis, lançou o novo projeto: Operação Chuva. Essa nova ação conta com o investimento de R$48,4 milhões em ações preventivas para o ano de 2021.
A operação vai ocorrer em duas etapas: a primeira sendo preparatória, contando com ações para intensificar as medidas profiláticas durante o ano. A segunda, de alerta, com atuações no período de chuvas fortes com o objetivo de minimizar os riscos e desastres.
Nas gestões do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e do seu sucessor e atual gestor municipal, Bruno Reis, já foram realizadas 102 obras de muros de contenção e 206 geomantas em áreas de risco.
Para 2021, na fase preparatória, as intenções do prefeito envolvem a construção de contenções de encostas, drenagem da água acumulada dessas encostas, limpeza de bueiros, implantação de geomantas e investimento em tecnologias de ponta no monitoramento de risco climático, realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.