No Brasil, apenas 4% do lixo é reciclado, e deste total, 90% vem dos catadores, segundo a Abrelpe
Por Camilly Paschoal
Revisão por Mariana Nogueira
O Nordeste é a segunda região que mais gera resíduos no Brasil, entretanto, se destaca por ser a que tem a menor renda por catador (em média, alguns trabalhadores recebem apenas R$ 600,00 por mês). Os catadores são responsáveis por fazer a coleta seletiva e comercialização de resíduos recicláveis. Apesar de possuírem papel essencial na preservação do meio ambiente, não são reconhecidos como deveriam.
“Me tornei catadora com 30 anos, em uma época que eu estava desestruturada emocional e financeiramente, e foi aí que surgiu a reciclagem, que me deu apoio financeiro”, relata Nélia Calhau, ex-catadora e atual auxiliar de compras da SOLOS, uma startup de impacto que atua com economia circular.
A maioria destes profissionais atuam em condições precárias, sem EPI’S (equipamentos de segurança) e são invisibilizados socialmente, vivendo à margem da marginalização.
“Para mim um momento positivo é quando a gente é reconhecido, quando nos tratam com respeito, nos cumprimentam e nos reconhecem como um profissional. Quando percebemos que não somos invisíveis”, conta Nélia.
“A diferença entre ser catadora em um lixão para a cooperativa se trata em primeiro lugar de trabalhar com dignidade, porque na cooperativa você tem EPIs, hora de almoço, hora de descanso e trabalho em conjunto”, relata Sônia Santos, vice-presidente da CAEC- Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava.
As cooperativas de reciclagem são instituições que trabalham para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão inseridas, responsáveis por receber os materiais, fazer a triagem e destinação final dos resíduos sólidos para reciclagem ou aterro, sendo este último apenas quando não há solução de reaproveitamento.
“Você pode separar seu material e entregar em um local de coleta ou em uma cooperativa. Sua atitude vai ajudar a gerar emprego e renda para o catador de materiais recicláveis, porque o que pra algumas pessoas é lixo, pra gente é fonte de renda”, complementa Sônia Santos.
Como separar o lixo em casa
A reciclagem têm impacto direto na diminuição das mudanças climáticas, redução da extração de matéria prima virgem e prevenção de desastres naturais como enchentes.
O primeiro passo para separar materiais recicláveis do lixo e orgânicos é ter uma lixeira para cada um. Por isso, separe três lixeiras: uma para materiais recicláveis (papel limpo, plástico, metal e vidro), outra para orgânicos (restos de comida que podem ser utilizados para compostagem), e por fim, uma para lixo (rejeitos que ainda não dispomos de tecnologias para reutilizar como: papel higiênico, espuma, esponja de cozinha, tomadas, acrílico, haste de cotonetes, adesivos, espelhos, palha de aço).
“Separe resíduos de rejeitos para facilitar o trabalho do catador. Sempre se lembre de que esse trabalho é um bem para o catador e pra você, pois ajuda a preservar o meio ambiente”, afirma Nélia.