“Um país bom para um cartunista, é um país ruim para vocês viverem” afirma André Dahmer, durante evento da Bienal de Livros no Centro de Convenções em Salvador”
Por Íssala Queiroz
Revisão por Gabriel Ornelas
No segundo dia da Bienal do livro, sábado (27), aconteceu por volta das 11 horas a mesa de conversa “Por trás de todo malvado, existe alguém que tentou fazer você sorrir”, com o cartunista e quadrinista André Dahmer (49) e o cartunista Pedro Vinicio (19).
O bate-papo contou com a mediação de João Mendes, autor e roteirista baiano, e teve como principal pauta o humor e, de uma certa forma o mau humor, que seus desenhos contam. O encontro de gerações de cartunistas exaltou a importância de que o desenho precisa ser verdadeiro e profundamente humano para se conectar com as pessoas.
Dahmer abordou a questão da adaptação da arte com o tempo, mas mesmo assim diz que continua sentindo que o fazer artístico foi feito para os desajustados, no melhor sentido por oferecer conforto àqueles que muitas vezes se sentem deslocados, sendo uma forma de “colocar o mundo interior para fora” de acordo com suas palavras, já Pedro Vinicio concordou e completou “o desajuste resulta na arte”.
A conversa recheada de bom humor cativou a todos que estavam presentes, Maria Luiza (21), baiana e estudante de arquitetura, conta que costuma acompanhar Pedro Vinicio pelas redes sociais diariamente.
“Gosto muito dos desenhos dele, as artes fogem de tudo que eu já vi, por isso me encanta e me faz rir tanto. Sinto como se eu fizesse parte do cartum” afirma Maria Luiza.
No decorrer da mesa Dahmer explica que “apesar de estar cronicamente online, acredito que a internet é muito impessoal, sendo igual ao trânsito, que ali sai o pior das pessoas.” Enquanto Vinicio diz que “acompanho apenas os bons comentários, os ruins eu passo direto”.
E para finalizar a mesa repleta de histórias, experiências e conhecimento, ambos deixaram dicas para os futuros artistas.
Pedro Vinicio afirmou que “quanto menos a sério você leva, mais divertido fica” e André Dahmer contribuiu afirmando que “é preciso abandonar o culto ao mestre, é importante ter referências gráficas, mas não repetir o que já foi feito e fazer uma coisa sua de verdade”, e completou afirmando que “a arte é invenção do que não existe ainda”.