Falta de estrutura para treinamento, preconceito e menores investimentos e visibilidade são alguns dos problemas enfrentados pelas atletas
Por Ana Beatriz Fernandez, Beatriz Meneses e Gabriela Camarão
Revisão: Antônio Netto
Durante o período da Ditadura Militar no Brasil, os esportes eram vistos como práticas masculinas, práticas proibidas por atletas do gênero feminino. Por isso, há uma luta constante por um espaço maior dentro das quadras.
Este histórico construiu cenários de preconceitos, falta de estrutura, menores investimentos e pouca visibilidade na mídia até os dias atuais. Segundo a Revista do observatório Brasil da igualdade de gênero, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o esporte feminino e seus feitos seguem sendo marginalizados.
De acordo com o jornalista Demétrio Vecchioli , o investimento para ter um time campeão na Liga de Basquete Feminina (LBF) não bancaria o último colocado do Novo Basquete Brasil (NBB), o campeonato masculino, que tem 16 equipes, o dobro do torneio feminino.
Essa realidade de dificuldades é ainda pior no Nordeste brasileiro. A grande extensão territorial, a desigualdade entre regiões, estados e municípios, e a desconexão das agências promotoras do esporte são considerados fatores que agravam essas circunstâncias e que podem reforçar a concentração de atletas de basquetebol feminino em São Paulo.
“Vivenciei dificuldades com os locais disponíveis para treinos, com a falta de patrocínio e investimento, fazendo com que a gente muitas vezes precisasse tirar o dinheiro do nosso próprio bolso. Sem contar que os campeonatos baianos ainda têm poucos times femininos e alguns existentes são desfalcados”, relata Carolina Anjos, ex-jogadora de basquete do Esporte Clube Vitória.
Basquete como agente transformador
O esporte, ao longo da história, vem criando diversas oportunidades para os jovens.
“Comecei a jogar com 12 anos. Eu estudava em um colégio público do meu bairro e certo dia uma treinadora de um projeto social relacionado à esportes foi lá convidar os alunos para conhecer o projeto. Um dos esportes inclusos era o basquete e foi nesse projeto que comecei a praticar e criar amor pelo esporte”, conta Carolina Anjos.
O investimento e o apoio ao basquete feminino desenvolvem a paixão pelo esporte e também é capaz de transformar realidades. Anjos conta que com 14 anos ganhou uma bolsa de estudos através do Basquete e continuou jogando representando a Bahia nos campeonatos estudantis.
A universitária e jogadora Kelly Aguiar pratica o esporte no ambiente de estudo. Aguiar afirma que a faculdade é um espaço que oferece recursos necessários para as jogadoras.
Porém, mesmo com o incentivo e investimento, o cenário do basquete feminino nordestino, independentemente de ser ou não profissional, ainda precisa ter apoio e reconhecimento maior.
Pensando nisso, a Confederação Brasileira de Basketball (CBB) vai emendar mais uma parceria com a Federação Internacional de Basketball (Fiba, na sigla em inglês).
A entidade brasileira conseguiu aprovar o projeto “Her World, Her Rules Brasil” (HWHR, “Seu Mundo, Suas Regras”, em português), uma iniciativa internacional da Fiba com o compromisso de desenvolver ainda mais a modalidade entre as mulheres entre 2019 e 2023.
Ao todo, 54 federações nacionais inscreveram seus projetos para o HWHR e a CBB foi uma das 43 selecionadas para receber suporte para desenvolver a ação em solo brasileiro, em parceria com as federações estaduais.
“Estamos juntos com a Fiba para trazer as meninas para o basquete. Este é um dos objetivos desta gestão da CBB, ampliar este olhar para o mundo das meninas”, afirma a ex-jogadora Magic Paula, atual vice-presidente da CBB e diretora do Basquete Feminino.
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.