Em homenagem ao Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, entrevistados discutem o trabalho da autopublicação
Por Bruna Carvalho
Revisão: Alice Souza
Comemorado no dia 23 de abril, o Dia Mundial do Livro foi estabelecido nesta data pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) também para homenagear autores como Inca Garcilaso de la Vega, Miguel de Cervantes e William Shakespeare.
O direito do autor, segundo o art. 5. º, XXVII, da Constituição Federal, é o direito que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação. Tal direito prevalece até mesmo para obras publicadas no online.
Com o avanço dos ebooks, a autopublicação emergiu como uma alternativa acessível e prática. Visto isso, muitos autores investiram em publicações independentes em plataformas como Amazon KDP (Kindle Direct Publishing) e Wattpad, como é o caso dos autores Victor Anndrade e Rafael Ávila.
Em entrevista, Rafael Ávila , estudante de música e escritor da obra ‘Fios Que Costuram a Vida’, conta que seu processo de criação é natural e que, por escrever poemas, acaba não seguindo uma linha de história, mas sim, processos que aconteceram em sua vida ou com outras pessoas e que dessa forma os textos ditam o rumo que o seu livro vai tomar.
O autor da saga ‘Fábrica de Sonhos’, Victor Anndrade, explica que ela tinha pouca noção acerca do processo de publicação, mas que por conta dos altos custos, essa foi a sua saída.
“Diagramação, capa, correção, tudo feito por mim porque gera muito custo. Até fui apressar para fazer diagramação e correção e é um preço que pra quem ta começando agora é difícil porque é um tiro no escuro a gente não sabe se vai ter volta com o que a gente tá investindo. Fui jogando no canva, errando e acertando com relação a largura de capa porque eu tinha noção zero”, relata Victor.
Para os escritores, publicar na Amazon KDP foi a solução para a baixa aceitação das editoras em relação aos autores independentes que estão entrando agora no mercado. De acordo com Rafael, houveram tentativas de contato com algumas editoras, mas por ser um mercado muito fechado, raras as vezes é encontrado alguém que vai entender e prestar atenção no que está sendo proposto.
Segundo dados revelados pela própria Amazon, a sua ferramenta de autopublicação atingiu em 2021 a marca de 200 mil títulos disponíveis no país, entretanto, os autores revelaram que a falta de suporte e incentivo são uma das maiores dificuldades encontradas nesse meio.
“A gente não tem aquele suporte pra podermos trabalhar com isso, dependemos muito de amigos para compartilhar nosso trabalho para que haja um conhecimento nosso”, conta Victor.
“Temos pouco incentivo no geral, a gente tem pouco incentivo de leitura de autores nacionais, locais, regionais e isso vem desde o colégio”, complementa Rafael Ávila.
Segundo os entrevistados, na maioria das vezes, os leitores querem consumir conteúdo de pessoas que já conhecem e que por consequência as editoras acabam procurando pessoas com números expressivos e que isso dificulta a inserção no mercado.
Além disso, os literatos pontuaram a questão da pirataria no meio digital e como isso afeta o trabalho de escritores independentes.
“A gente tem um trabalho tão grande pra conseguir fazer um livro, digramar, corrigir, criar a história. É uma coisa delegante ver nosso trabalho ser postado na internet como se não fosse nada”, explica Victor.
“Como autor independente isso nos afeta ainda mais porque não temos recursos, não temos apoio, então tudo que sai ali é 100% do nosso bolso, a gente tá investindo. Não é só tempo, não é só estudo, nós investimos dinheiro pra fazer o projeto sair do papel e o valor que a gente recebe pela venda já é descontado da plataforma”, completa Rafael.
Apesar das adversidades, os autores finalizaram dizendo que viver de arte é fazer por amor e o quão é importante você acreditar naquilo que faz.
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.