Jornalista Victor Uchôa foi o convidado para falar sobre o mercado de trabalho e o papel do jornalismo e das novas mídias em contextos sociais
Por Gabriela Domingos
Revisão: Antônio Netto
Na última terça-feira (8), aconteceu na Universidade Salvador (UNIFACS) o Aulão ENADE dos cursos de Comunicação, mediado pela Profª Kátia Borges e ministrado por Victor Uchôa, jornalista e cineasta baiano.
Uchôa bateu um papo com os alunos do curso de Jornalismo, que irão realizar o Exame Nacional no próximo dia 27, sobre como está o atual mercado de trabalho e as possibilidades que o jornalismo trás para esses estudantes que estão terminando o curso.
Com um currículo extenso no mercado de trabalho, o jornalista apresentou aos alunos os seus primeiros materiais e também os de maior sucesso, que o consolidaram como um grande profissional na área em que atua.
Entre os trabalhos apresentados, está o especial jornalístico “1000 homicídios”. Uchôa explica que, para além de números, a proposta da matéria era contar histórias das vítimas por trás dos crimes violentos registrados pela polícia em Salvador e região metropolitana.
O profissional deixa claro que uma boa narrativa jornalística acontece quando se tem acesso e quando se aproxima da realidade das pessoas. “Jornalismo sola de sapato”, completa.
“É preciso ter noção do que nos cerca, o jornalismo se faz na rua, indo atrás de pessoas, indo atrás de dados. Todo mundo tem uma história para contar, basta ter alguém disposto a ouvir”, relata Uchôa.
Ao longo da apresentação, é levantada uma pauta muito importante: a falta de imprensa na Bahia.
“É porque a imprensa hoje na Bahia dá notícias. Acontece algo ali e ela simplesmente dá essa notícia. Não se produz reportagem, ninguém vai a campo, ninguém vai investigar nada com profundidade, infelizmente, nos veículos digitais e na mídia impressa”, relata.
“Não é interessante para os grupos empresariais que detêm essas empresas de mídia que essas reportagens se aprofundem, talvez porque todos estejam vinculados com as grandes corporações que de algum modo estão imprensando a população como um todo”, reflete Victor.
A partir dessa discussão, surge uma sugestão do palestrante aos novos jornalistas: a busca do jornalismo independente. O Podcast também é citado por Uchôa como um meio de credibilidade para se passar notícias e que os novos jornalistas podem sim apostar para passar a sua mensagem, a verdadeira história que querem contar.
Samara Figueiredo, aluna do 8º semestre do curso de Jornalismo, que estava presente na palestra, relata: “O que fica desse aulão é a ousadia. Ter ousadia de lutar por nós mesmos e pelo que acreditamos. Não é algo que podemos escrever no currículo, mas é algo que colocamos como característica nossa e, com certeza, isso nos enriquece”.
Já Tácio Caldas, também aluno do 8º período de Jornalismo, acrescenta que a aula foi inspiradora e agregará para a construção de seu currículo e carreira.
“Principalmente por entender como o mercado de trabalho está no momento atual e entender outros meios de como posso explorá-lo depois da minha formatura. O aulão contribuiu com tudo isto!”, completa Caldas.
O jornalismo e a desinformação
O combate às notícias falsas é diário por parte da mídia e, com o surgimento das redes sociais, o universo da comunicação e a forma como são distribuídas acabam por fortalecer ainda mais a desinformação.
“Eu acho que a melhor forma de combater é as pessoas irem direto na fonte. Se chega esse tipo de informação que circula pela rede, por grupos de Whatsapp e Telegram dizendo uma coisa X, especialmente quando se trata de uma informação pública, um jornalista tem toda condição de checar isso. Se está falando de um dado tal, como por exemplo do IBGE ou do Ministério tal, você pode ir lá e checar. Fazer um esforço mínimo, ver se aquele dado bate com o que está circulando”, declara Victor.
Em um cenário em que a cada dia mais as notícias falsas são validadas e tomadas como verdade, causando até mesmo o linxamento virtual de pessoas, o papel principal do jornalista é checar, apurar e combater essa notícia falsa com a informação correta dos fatos, visto que se tem acesso para isso.
Com essa competição entre o que é verdade ou não, o jornalismo se torna ainda mais fundamental para que a democracia continue a existir.
“Acredito que além de buscar a informação correta e transmitir com credibilidade, acho que mostrar ao público o processo de funcionamento da avaliação e apuração até a produção e execução do produto, pode ser um bom caminho a ser explorado”, opina Caldas.
“Não é algo que podemos dizer que é ou será fácil. Ser o mais transparente possível, correr atrás, mostrar e lutar pelas causas, pessoas, comunidades e tentar fazer um país melhor, com informação de qualidade e verídica”, complementa Figueiredo.
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