Seminário promove discussões sobre as experiências nos atendimentos psicológicos do público LGBTQIA+
Por Tainara Neves
Revisão: Ismael Encarnação
Alunos do curso de psicologia da Unifacs apresentam seminário com relatos das suas experiências na Clínica da Diversidade, sob a orientação da professora Anni Carneiro, em parceria com Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD)
A estudante Rosa Cristina Santos relata sua experiência com base no tema Cisnormatividade na atuação clínica. Segundo a aluna, a cisnormatividade é vista como uma norma, como o ideal que vai até o desempenho de gênero.
A estudante diz que segundo seus estudos, a mulher tem que performar feminilidade e o homem tem que reproduzir a masculinidade, influenciando até na questão física, como com a lógica de que o homem tem que ser mais alto do que as mulheres e possuírem barbas. No caso das mulheres, pode se expressar com o fato de que têm que vestir saias, sentar com as pernas cruzadas, dentre outros.
“Isso faz com que a pessoa cis seja vista como o ideal, como o padrão. A pessoa trans é vista dentro do aspecto cisnormativo como exceção ou até mesmo como ser inexistente nesses discursos de performance”, conta Santos.
Segundo a estudante de psicologia, se a pessoa trans sentir necessidade extrema de reproduzir a questão da performance de gênero e atingir uma passabilidade cisgênero, é porque a sociedade não está garantido uma vida digna com direitos para ela.
Santos cita a realidade que existe com LGBTQUIA+, especialmente as pessoas trans, que por não conseguirem essa passabilidade, acabam sendo marginalizadas e recorrem à prostituição como forma de sobrevivência. Na mesma vista, o preconceito também atinge outros que não se enquadram no meio mais heteronormativo, como o gay afeminado e a lésbica masculinizada.
Segundo a estudante Daniela Ribeiro, é necessário que todos os tipos de pessoas se engajem na luta, pois se vive uma escalada de retrocesso e de exclusão da comunidade LGBTQUIA+. Para ela, isso só é possível na perspectiva do não julgamento, chamado de epoché, na psicologia.
Segundo a estudante, a violência contra o público LGBTQUIA+ está enraizada no cotidiano, no qual se vive em um país machista e heteronormativo. Ribeiro diz que precisa desconstruir e ressignificar valores e crenças.
A estudante completa que a base do seu estágio foi numa psicologia crítica, inclusiva, antiLGBTQfóbica, antirracista, feminista, democrática e plural, promovendo uma reparação para com esse público.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado