Entenda a importância da utilização dos produtos químicos para a agricultura e os riscos que alguns tipos oferecem para os seres humanos
Por Edgar Luz
Revisão: Ismael Encarnação
A sociedade tem se deparado cada vez mais com manchetes alarmantes sobre a utilização do uso de agroquímicos nas lavouras, o surgimento de casos de poluição ambiental e até mesmo com questões relacionadas à intoxicação em seres humanos por cunho alimentício.
Os agroquímicos, agrotóxicos e defensivos agrícolas, conhecidos popularmente como praguicidas ou pesticidas são utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento dos produtos de cultivo, nas pastagens e na proteção de florestas nativas ou implantadas de outros ecossistemas.
Também são usados em ambientes urbanos, hídricos e industriais, com a finalidade de alterar a composição da flora e da fauna, de modo a protegê-las da ação danosa dos seres considerados nocivos.
A importância para a plantação
“A utilização de defensivos químicos é de extrema importância para a manutenção da saúde da lavoura em muitas culturas, algumas mais e em outras menos. Depende muito da cultura, bem como da supressão de doenças e das pragas no local do plantio”, explica o engenheiro agrônomo Samuel de Deus.
Assim, muitas pessoas seguem acreditando que o uso dos produtos é comum em todo o plantio de uma lavoura que tem a sua utilização declarada, mas nem sempre é assim. “É importante ressaltar que os defensivos fazem parte dos maiores custos na implantação de uma lavoura e se não precisar ser utilizado, o produtor não irá utilizar”, pontua o profissional.
Apesar da sua importância para o controle das pragas nas lavouras, os agroquímicos podem ser prejudiciais para a saúde de quem produz, o que faz com que os agricultores e precisem tomar alguns cuidados tanto na colheita quanto no manuseio dos alimentos.
“Eles podem ter dois tipos de mecanismos: o sistêmico, que atua no interior das folhas e o de contato, que age, principalmente, na parte exterior das plantas. O contato direto com os defensivos pode causar certas complicações ao longo dos anos, mas para isso, o trabalhador rural faz uso dos equipamentos de proteção individual”, esclarece de Deus.
“No caso dos [agroquímicos ] de contato, o consumidor será afetado se consumir o produto ainda com resquícios nas cascas, para isso, se recomenda a lavagem correta antes do consumo. No caso dos sistêmicos, não existem comprovações científicas de que após passarem pelo sistema fisiológico da planta, os defensivos afetarão o consumidor”, completa o engenheiro agrônomo.
Riscos ao consumidor
Como já explicado, o uso indevido dos agroquímicos pode causar danos para a saúde de quem lida com os produtos. Nesse sentido, no lugar de manuseio, os danos poderiam ultrapassar plantio e chegar aos pratos da população. E, por falar dos perigos, quais seriam?
“Entre os diversos problemas que o uso indevido dos agroquímicos causam, podemos destacar: problemas gastrointestinais, problemas no sistema respiratório, alterações no sistema nervoso e a depender do tipo do agroquímico utilizado, o consumidor pode desenvolver alguns tipos de câncer”, revela a nutricionista Érica Nascimento.
A profissional ainda dá dicas de como a população pode se prevenir ao comprar produtos que tiveram contato com os defensores agrícolas.
“Não existe um meio 100% eficaz para retirar os agroquímicos quando já estão presentes nos alimentos. Mas algumas alternativas podem reduzir a sua ação, como higienizar os alimentos com água sanitária, retirar as folhas superficiais de vegetais folhosos, preferir alimentos da época, pois acredita-se que possuam menor quantidade de agroquímicos. E dar preferência aos alimentos de agricultura familiar e orgânicos”, conclui Nascimento.
Agricultura orgânica
Quando o assunto é a produção de alimentos, a agricultura orgânica tem sido um tema muito relevante na atualidade, pois nela não se utiliza nenhum tipo de agrotóxico ou insumo químico no cultivo.
Além disso, mesmo com as vantagens que os agroquímicos têm, a agricultura orgânica ainda pode ser uma alternativa rentável e eficaz para evitar o uso dos produtos químicos.
“A depender do cultivo, pode ser viável economicamente, pois os produtos de origem orgânica são vendidos com um valor um pouco maior que o produtos não-orgânicos. Só que não atendem a demanda de mercado”, explica o engenheiro agrônomo Samuel de Deus.
“Ela é mais viável onde há pequenos cultivos, como em pequenas propriedades, pois pode ter um melhor controle de doenças e insetos, até mesmo manualmente, o que é quase inviável na produção de grãos”, completa o profissional.
A agricultura orgânica ainda tem muito o que ser aperfeiçoada quando é falado em ganho de produtividade, mas é o método produtivo que mais se preocupa com o meio ambiente e com a saúde dos seres humanos. Sendo assim, atualmente, é bastante indicado, porém, ainda existem outras alternativas recomendadas.
“Hoje em dia há excelentes produtos que são os chamados de biológicos. Dentro do controle biológico são utilizadas bactérias e fungos no combate dos insetos e das pragas, dispensando o uso de alguns inseticidas. Mas, ainda há um caminho longo para que se utilizem apenas os biológicos”, conclui o engenheiro agrônomo.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado