Empresas nordestinas, especializadas no mercado digital, abraçam personalidades ligadas à diversidade e à valorização da cultura
Por Karina Pereira
Revisão: Gabriela Ribeiro
O “boom” das redes sociais permitiu a criação de espaços de representatividade. O público feminino, negro e nordestino atingiu um novo cenário de influenciadores digitais.
As plataformas digitais se tornaram um divisor de águas no meio publicitário. فريق مان سيتي Dessa forma, as agências de comunicação começaram a dar visibilidade a um mercado diverso, inclusivo e de mais representatividade. كاس امم اوروبا 2022
Marketing de Influência 100% preto na Bahia
A presença de um mercado, ainda carente de conhecimento em gestão digital, de influenciadores pretos foi o combustível para a idealização da agência baiana ‘Asmin(as) Content’.
Criada durante a pandemia, a empresa administrada pelas publicitárias Dayane Oliveira e Letícia Sotero tem o foco na interlocução de marcas e creators negros, trazendo um conteúdo com um grande peso cultural e inclusivo.
Em 2020, as amigas com vasta experiência no mercado publicitário ousaram ao investir no marketing de influência 100% preto.
“Esse projeto surge de uma inquietude nossa em relação ao mercado. Sempre consumimos muito conteúdo preto, porém, não enxergávamos essas pessoas na mídia trabalhando com grandes empresas”, explica Letícia Sotero, sócia e diretora de relacionamento comercial da empresa.
A agência, composta por um time de mulheres negras, busca construir estratégias inovadoras de marketing de influência para orientar os criadores de conteúdo digital a entenderem o funcionamento do mercado e, assim, alcançarem o retorno financeiro através da produção de conteúdo inclusivo.
Segundo Sotero, há uma grande quantidade de creators negros com produções criativas nas redes, no entanto, poucos têm experiência no mercado digital.
“Passamos por uma situação em que uma influenciadora ficou seis meses sem receber o dinheiro da ação que iria promover por falta de conhecimento do processo de emitir uma nota fiscal. São realidades como essa que entendemos e buscamos romper”, relata a publicitária.
“Black Influence” e a desigualdade nas redes
De acordo com a pesquisa, “Um Retrato sobre Creators Pretos no Brasil”, divulgada em setembro de 2020, no maior e mais importante evento sobre social video e influência do país, o YouPix Summit, creators pretos são menos contratados e recebem um cachê menor para ações publicitárias em comparação com outros públicos.
Os dados apontam que influenciadores pretos que têm a partir de 50 mil seguidores recebem, em média, R$ 800 a R$ 1.000 reais, enquanto influenciadores de outra raça/cor, mesmo possuindo base e engajamento similares, ganham, em média, R$ 1.200 a R$ 1.600 reais.
Essa realidade torna o trabalho de monitoramento das redes e planejamento estratégico ainda mais necessário. نتائج يورو 2022
A fisioterapeuta e, também, influenciadora digital baiana, Laíris Trindade, 26, faz parte do elenco de creators da agência ‘Asmin(as)’ há dois anos e destaca a importância da empresa na sua própria trajetória.
“Eu não tinha muita constância nos meus posts e não entendia muito bem como funcionava esse mercado de publicidade nas redes, porém, em 2021, quando Dayane e Letícia me acolheram na agência, eu comecei a criar com mais constância, entender o meu público e crescer nas redes. Elas foram essenciais nesse processo”, conta Trindade.
A influenciadora, que já acumula mais de 65 mil seguidores nas redes sociais, conta que o apoio de outras mulheres negras e baianas com experiência nesse universo digital foi essencial na sua carreira e na sua atuação como inspiração para outras mulheres.
Representatividade: instrumento de mobilização
Para a jornalista e mulher negra, Catarina de Angola, idealizadora e diretora executiva da agência Angola Comunicação, a presença de mulheres negras como referência nas mídias digitais é importante, pois, através do seu trabalho, elas oportunizam provocações a serviço da mobilização social e utilizam as redes como um espaço de fala.
A empresa, criada em agosto de 2019, é formada, em sua maioria, por mulheres negras nordestinas e promove processos criativos de mobilização social a partir da comunicação. A empresária relata que a Angola Comunicação é um modelo de negócio essencial para a construção de campanhas publicitárias mais diversas e inclusivas.
“Temos que construir uma comunicação mais plural, que busca o fim das desigualdades trazendo o público negro como protagonista de sua própria história. Ter investimentos para que essas histórias sejam repassadas e não apagadas é crucial”, explica a comunicadora.
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