Fotografia oficial de líderes do G20 – Foto: Ricardo Stuckert (PR)

Sediando pela primeira vez uma reunião do G20, o Brasil se torna o centro das atenções nas discussões globais sobre fome, pobreza e mudanças climáticas

Por Victor Lopes
Revisão: Kátia Borges

Nesta semana, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a Cúpula do G20 de 2024, evento anual que reúne as 19 maiores economias do planeta, além da União Europeia e da União Africana, que aderiu recentemente ao grupo em 2023. Líderes de outros países também marcaram presença no evento.

Criado em 1999, em resposta à crise econômica na Ásia, o G20 será sediado pela primeira vez no Brasil. Esse marco posiciona o país no centro das atenções globais, representando uma oportunidade única para fortalecer sua projeção e relevância na comunidade internacional.

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso na abertura da cúpula, evidenciou a importância do evento, colocando a cidade do Rio de Janeiro como “capital do mundo” nos dois dias da cúpula:

“Primeiro, eu quero agradecer a generosidade da presença de vocês transformando o Rio de Janeiro na capital do mundo neste nestes dias 18 de novembro e dia 19 de novembro.”

Confira o que aconteceu na semana da Cúpula do G20.

Visita de Joe Biden à Amazônia
No dia 17, um dia antes do início da cúpula, houve um acontecimento que merece destaque: o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou em Manaus, capital do Amazonas, para realizar algo inédito na história: ser o primeiro chefe de estado estadunidense a visitar a Floresta Amazônica. Durante sua passagem pela capital amazonense, ele conheceu o Museu da Amazônia, se encontrou com lideranças indígenas e sobrevoou a Reserva Florestal Adolpho Ducke e o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões.

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
A Cúpula do G20 começou com o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que reuniu os líderes do G20 para selarem compromissos destinados a reduzir a fome no mundo. Antes do evento, o acordo já contava com o apoio de cerca de 81 países. Somente após o anúncio oficial na cúpula, a Argentina decidiu aderir ao acordo, sendo o último país a entrar na aliança.

Ainda durante a sessão, a China se comprometeu a aumentar suas contribuições para ajudar o Sul Global, com base em acordos firmados juntamente com o Brasil, África do Sul e União Africana.

Já os Estados Unidos, com o objetivo de ajudar os países mais pobres do mundo, irão contribuir com cerca de US$ 4 bilhões para o fundo da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), do Banco Mundial.

Declaração de Líderes do G20
No final do primeiro dia, a cúpula aprovou a Declaração de Líderes do G20 com consenso. Foram três os temas prioritários do documento:

• A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, acordo que pretende diminuir os níveis da pobreza no mundo;
• Sustentabilidade e enfrentamento às mudanças climáticas;
• Reforma da governança global, mais representatividade de países emergentes em órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Além desses pontos, a declaração também pede o fim das guerras da Ucrânia e da Faixa de Gaza, a taxação dos super-ricos e levanta preocupações sobre a inteligência artificial.

Mudanças Climáticas
Os países firmaram acordos e discutiram estratégias para o enfrentamento das mudanças climáticas. Os líderes lançaram a Força Tarefa para Mobilização Global contra as Mudanças Climáticas, com o objetivo de auxiliar países em desenvolvimento a enfrentarem a crise climática.

Segundo dia
No segundo dia da reunião com os líderes do G20, a cúpula discutiu sobre Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética, reafirmando o compromisso com o Acordo de Paris, que estabelece metas e ações para que os países signatários reduzam as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Compromissos com o acordo já haviam sido firmados na Declaração de Líderes do G20, aprovada no primeiro encontro do grupo.

Encerramento
No final da reunião, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, realizou o encerramento da Cúpula do G20 no Brasil, passou a presidência rotativa do grupo à África do Sul e fez uma breve referência a Nelson Mandela:

“A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência para além do que podemos executar. Lembro aquela frase do líder africano Nelson Mandela que disse: ‘É muito fácil demolir e destruir, poderosos são os que constroem.’”