Foto: Conmebol
A falta de investimentos e estrutura na Libertadores Feminina expõe o descaso da Conmebol com o futebol feminino na América do Sul
Por Anna Gherardi
Revisão: Laís Cruz
O futebol feminino na América do Sul enfrenta uma realidade alarmante de descaso por parte da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que segue negligenciando o apoio estrutural e financeiro. Mesmo com o crescente interesse e a tentativa de quebrar barreiras, o principal torneio feminino da região, a Copa Libertadores Feminina, é tratado como um evento menor, evidenciando o total desinteresse da entidade em promover a igualdade de gênero no esporte.
De acordo com a própria Conmebol, a competição feminina recebe um investimento pífio se comparado à versão masculina. Neste ano, a premiação para a campeã feminina foi de 2 milhões de dólares, ou cerca de 10 milhões de reais. Enquanto isso, a premiação para o vencedor da Libertadores masculina foi de 23 milhões de dólares, aproximadamente 115 milhões de reais.
Essa disparidade se reflete diretamente nas condições oferecidas aos times femininos: estádios precários e esburacados, alojamentos de qualidade inferior e transporte que, na linguagem popular, está sempre “caindo aos pedaços”. Todos esses fatores limitam o potencial do futebol feminino na América do Sul.
Outro ponto crucial é a visibilidade — ou melhor dizendo, a falta dela. A Conmebol, em seu silêncio ensurdecedor, não realiza campanhas de divulgação de grande impacto e restringe os contratos de transmissão, limitando a audiência da competição, o que faz com que o torneio seja desconhecido por grande parte do público.
E, ao mesmo tempo em que negligencia todos esses direitos, continua a promover discursos sobre igualdade de gênero, quando, na prática, não há um movimento efetivo para garantir condições mínimas de competitividade e respeito às atletas.
Neste cenário, clubes e torcedores se mobilizam cada vez mais em busca de um tratamento justo para o futebol feminino, exigindo, entre outras coisas, um calendário fixo e adequado para a Libertadores Feminina, a ampliação dos contratos de transmissão e um tratamento que realmente reflita o discurso de igualdade de gênero que a Conmebol insiste em propagar.
Com a pressão aumentando e as demandas por equidade cada vez mais evidentes, a Conmebol terá que decidir se continuará sendo vista como uma entidade que negligencia o futebol feminino ou se, finalmente, colocará em prática suas promessas de igualdade. Até lá, continuará sendo responsável por manter as mulheres à margem do futebol sul-americano.