Instituto Baleia Jubarte realiza encontro para comemorar início da temporada
Por Louise Santos
Revisão por Luís Guimarães
Na última segunda-feira (15), no Porto Salvador Marina, o Projeto Baleia Jubarte celebrou a abertura da temporada do turismo de observação de baleias em águas soteropolitanas. Mediado pelo coordenador do projeto na capital baiana, Gustavo Rodamilans, o evento aconteceu na data em que oficialmente se inicia a temporada das baleias-jubarte, porém, não é apenas uma forma de anunciá-la.
As baleias, especificamente da espécie jubarte, tem uma história profunda com a Bahia, assim como com a nossa cidade, mas muitas pessoas ainda desconhecem o fato que estes animais passam pelas nossas águas, e o porquê. “Tem baleias em Salvador? Porquê que as baleias vêm para Salvador? São as perguntas mais comuns que eu tenho respondido”, comenta Rodamilans, abrindo a cerimônia.
O coordenador, então, convida ao palco Enrico Marcovaldi, um dos fundadores do Instituto Baleia Jubarte, para falar sobre o trabalho e desenvolvimento de longa data da instituição, que vem pesquisando, documentando e atuando na conservação da espécie em Salvador há mais de 20 anos.
“Tudo começou durante a implantação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Nas nossas idas e vindas, descobrimos uma pequena população de baleias, que foi uma surpresa, uma alegria muito grande. Na época, as baleias faziam parte do imaginário das pessoas, eram lendas, que tinham praticamente sido extintas”, descreve Marcovaldi.
O Projeto Baleia Jubarte foi criado em 1988 — coincidindo com a proibição da caça da espécie no Brasil no ano anterior — e segundo ele, foi filho do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, sendo que a primeira base do Instituto foi implantada em Caravelas, um ponto de ação próximo a Abrolhos.
“Nossa primeira estimativa populacional, no princípio da década de 1990, chegava em torno de duas mil baleias concentradas no Banco dos Abrolhos. Agora, depois de mais de 30 anos depois, estamos com 35 mil baleias ao longo da costa da Bahia”, completa.
Ao final do seu discurso, o fundador expressa um sentimento de dever cumprido, reconhecendo a importância e influência que a proibição legal da caça à baleia jubarte teve no florescimento da espécie ao longo dos anos, bem como considerando fundamental para o seu sucesso a colaboração de outras instituições com objetivos semelhantes.
Com a palavra, o mediador agradece a parceria da Prefeitura de Salvador e a Marinha do Brasil, esta que impulsionou a divulgação do projeto e, com isso, ajudou-o a alcançar cada vez mais pessoas. “Sendo acolhido da forma que nós somos pelas instituições é realmente razão de se agradecer”, conta.
O alcance mais amplo possibilitou o lançamento de novas campanhas dentro do projeto, como a cartilha infantil “Momo: Assim nasce uma história”.
“[A cartilha] foi feita de acordo com a pedagogia de uma aula, então, não é só a criança ler, a aplicação da cartilha terá toda uma história, um contexto lúdico”, explica Rodamilans.
Além dessa iniciativa, com uma abordagem visando familiarizar a geração mais jovem acerca da importância da baleia jubarte, o coordenador lança a exposição “Salvador das Baleias”, também feita em parceria com a Prefeitura de Salvador, no Forte de Santa Maria. E para fortalecer alianças já existentes, vem ao palco uma figura emblemática, fundamental para a parceria entre o Instituto e o Museu Náutico.
“Para nós foi uma grande satisfação, em 2022, quando [a equipe do Projeto Jubarte] esteve no museu e trouxe essa proposta. O trabalho ambiental foi importante porque o museu não é só conhecimento, é uma instituição viva”, afirma o administrador do Museu Náutico da Bahia, Comandante Reuben Belo Costa.
O Museu Náutico não é estranho ao aspecto de ações ambientais, desde sua parceria com a Fundação Projeto Tamar, onde o espaço do museu é cedido à fundação para exposições como a do Museu Aberto das Tartarugas Marinhas.
“Já fazíamos [trabalho ambiental] com o Projeto Tamar, que iniciamos também a um tempo atrás, e é muito gratificante o Museu Náutico poder estar trabalhando em parceria com o Instituto Baleia Jubarte, contem conosco”, anuncia Costa.
Em seguida, ficou com a palavra o Coronel Antônio Cícero Motta Lima, assessor cultural da 6ª Região Militar, que descreveu sua conexão pessoal com o projeto, afirmando ter lutado pela realização da sua parceria.
“O Projeto Baleia Jubarte foi amor à primeira vista. Me empenhei pessoalmente dentro da instituição para que o projeto estivesse presente dentro dos nossos fortes. O projeto vai trazer uma maior visibilidade, é um equipamento turístico, cultural e agora ambiental”, conta Lima.
O interesse com a missão do Instituto vai além do profissional, pontuando em sua fala os benefícios do projeto sob pontos de vista que abordam desde tópicos interpessoais, como assuntos técnicos, unindo ambos os ângulos em suas palavras.
“Para nós é uma grande satisfação estar iniciando esse trabalho junto ao projeto, as imagens falam por si só, chegam a emocionar. Os obstáculos que foram colocados no caminho serão desbordados”, completa.
Com a cerimônia chegando ao fim, o fundador Enrico Marcovaldi volta para encerrar com uma mensagem sobre os primórdios da instituição, e como o trabalho feito pelo projeto ao longo dos anos lhe permitiu acompanhar o crescimento da população de baleias jubarte.
“Há poucas décadas, a gente via pouquíssimas, ou quase nenhuma baleia dentro da Baía de Todos os Santos, e com cada ano que passa mais baleias retornam, um verdadeiro patrimônio natural. Então, vamos respeitar, vamos cuidar para que [a população de baleias] cresça ainda mais na nossa linda cidade”, finaliza.