Por Maria Eduarda Costa
Estudante de Jornalismo da UNIFACS
Foto: Maria Eduarda Costa
Em meio à crise econômica que perdura desde 2008, encontra-se no agronegócio a possibilidade para uma maior movimentação do capital financeiro brasileiro. Partindo de uma perspectiva real, é possível notar o alto nível de tributação ocasionado pela comercialização interior e exterior dos produtos de cunho agrícola.
Sem levar em conta as teorias da conspiração que, muitas vezes, viralizaram através das mídias sociais com o objetivo de transformar a cultura rural em um bicho de 7 cabeças, pode-se constatar que o setor ruralista trouxe ao mercado nacional um fôlego vital nos piores momentos da crise.
Dessa forma, com o olhar mais direcionado, nota-se a relevância da cotonicultura – cultura do algodão –, negócio brasileiro que vem ganhando destaque no quesito exportação. O presente setor existe no país desde a década de 30, mas nos últimos anos vem ganhando evidência devido à sua ascensão internacional.
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Com a safra de 2018/2019, o Brasil conquistou o posto 2º maior exportador de algodão do mundo. Isto posto, o mercado nacional visa investir no desenvolvimento dessa área comercial, onde de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a meta é que nos próximos anos o país consiga conquistar o lugar de maior exportador mundial.
E nesse contexto, em meio à resistência relacionada ao agronegócio, desenvolveu-se a cultura da algodão no Oeste da Bahia. Há pouco mais de 30 anos, chegaram na região de Luís Eduardo Magalhães os primeiros fazendeiros.
Com um olhar visionário, os investidores notaram o potencial produtor daquela terra e resolveram aplicar o seu capital financeiro em negócios naquele local. “Nós estávamos domando terras selvagens”, relata o fazendeiro Fábio Ricardi.
Nesse olhar, podemos enxergar o agronegócio como uma fábrica de oportunidades. E, o diferencial da cotonicultura é o nível aproveitamento do produto. Na maioria dos casos, cerca de 100% da matéria prima é comercializada. Desde o carroço, até a pluma – foco principal da exportação – todo o material é aproveitado.
Faz-se importante lembrar que, como produtos secundários, existe a fabricação de óleo, manteiga, ração animal e muitas outras mercadorias que são produzidas a partir do algodão. Dessa forma, a produção secundária também é responsável pelo aumento da receita, visto que, impulsiona constantemente a chegada de novas indústrias na região do Oeste baiano, aumentando o número de empregos disponíveis e auxiliando no processo de consolidação das cidades beneficiadas.
Em uma perspectiva mais econômica, podemos citar que o PIB gerado pelo setor agrícola no ano de 2018 foi de aproximadamente R$11 bilhões. Enquanto, a cotonicultura foi responsável por mais de 4 bilhões de capital financeiro. Isto posto, podemos enxergar que a movimentação tributária proporcionada pelo âmbito rural é real e impacta diretamente no funcionamento do país.
E no que se refere a Bahia, a ascensão da cotonicultura veio com o tempo e hoje é uma das principais fontes de receita da região, fazendo com que a cidades do oeste baiano possuam uns dos maiores PIB do estado. É importante citar que cerca de 34% do PIB agropecuário do estado é relacionado a região oeste, com destaque ao município de São Desidério, maior produtor de algodão do país.
Outro fator de destaque é que após anos de investimento, a Bahia conseguiu alcançar o posto de 2º maior produtor de algodão do país. Com tanta circulação de capital, fez-se necessária a criação da Associação Baiana do Produtores de Algodão (Abapa).
A Abapa possuí como foco principal auxiliar no processo de cultivo, exportação, índices de qualidade, divulgação da cotonicultura e reconhecimento do potencial de investimento proporcionado pela região, entre outras funções.
Com isso, o investimento em qualidade, responsabilidade social, preservação do meio ambiente é coordenado por profissionais especializados e visam unir uma produção de qualidade, contribuindo com o desenvolvimento da região e conservação do meio ambiente.
Dessa forma, podemos notar que a questão é descomplicar e ater-se aos fatos. Através dos dados é possível perceber os benefícios trazidos pelo agronegócio e, mais especificamente, pela cotonicultura. Mas, a onda frequente de fake news que circula nas mídias sociais muitas vezes é responsável por fazer com que a população brasileira se vire contra esse setor, que em diversas situações foi responsável por ajudar o país a manter-se de pé.
E não podemos esquecer que toda moeda existe os dois lados onde, algumas vezes, não é dado ao agronegócio a possibilidade de explicar-se acerca de notícias falsas, que são responsáveis por denegrir a sua imagem e instigar a sociedade a participar de movimento sem fundamentos que, quase sempre, nascem a partir de teorias da conspiração contra a cultura ruralista.
Nessa conjuntura, é possível perceber que o futuro está em nossas mãos. Os adultos precisam manter-se bem informados, os adolescentes que através da sua curiosidade devem procurar os dois lados da moeda e crianças que podem ser educadas sabendo interpretar a importância de todos os setores para a sustentação de um país tão grande e rico como Brasil.
No fim, que mais negócios possuam consciência social, empenhamento para crescimento e consigam apresentar autos níveis de aproveitamento e movimentação tributária como os que estão ligados ao agronegócio e a cotonicultura.