Em plena era digital, o colecionismo e a afetividade aquecem o mercado de discos
Por Eider Queiroz
Revisão por: Beatriz Fialho
Em tempos de streaming de música onde o Spotify, principal plataforma do gênero, acumula mais de 500 milhões de usuários, a mídia física poderia já estar declarando obsolescência, entretanto a venda de vinis tem ganhado destaque. Em pesquisa feita pela Luminate, foram vendidos em torno de 46,43 milhões de cópias de discos físicos em território estadunidense no ano de 2022. Esse número registra o 17° ano de crescimento nas vendas da mídia que teve seu auge nos anos 80.
Impressionantemente, a liderança nas vendas de LP nos Estados Unidos ficou com a cantora e compositora Taylor Swift com o álbum “Midnights”, que sozinho vendeu cerca de 945 mil cópias. Esse fato ajuda na percepção que cada vez mais jovens estão consumindo a mídia física. “Nos surpreende que cada vez aparecem pessoas mais jovens para comprar vinil” Diz Eldo Luiz, um dos sócios da Discodelia, loja de discos localizada nos Barris.
A busca principal desse novos consumidores da capital baiana é a MPB, com destaque para Gilberto Gil, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Chico Buarque. Outro artista destacado por Eldo como bastante vendido dentro da loja é Edson Gomes, baiano de Cachoeira, cantor de reggae.
Caveira discos
O Santo Antônio Além do Carmo abriga a Caveira Discos, loja comandada por Alessandro Dib que também comenta a diversidade no público consumidor. “Como a gente fica num ponto turístico, então eu posso afirmar que o perfil é de, na sua grande maioria, turistas e visitantes. Apesar de que, também temos vários clientes que são daqui da cidade, que já compram comigo há muitos anos [Dib está no mercado de venda de discos desde os anos 90]. Galera da nova geração, inclusive, um pessoal bem novinho que começou a comprar disco há pouco tempo também.”
Em Salvador, de modo geral, também aconteceu um crescimento e aproximação da comunidade de colecionadores. A partir deste ano, o shopping Center Lapa, em parceria com a Discodelia, promoveu uma feira de vinil que reuniu diversos vendedores para expor seus catálogos à venda. O evento também contou com discotecagem de DJs locais e se tornou um sucesso, garantindo um calendário de feiras parceiras da Discodelia no centro comercial.
João Vinícius, do perfil Vinil Livre no Instagram, separa o consumidor de vinil em duas frentes. Quem está apenas comprando pelo quesito afetivo e visual, se relacionando com a mídia física, e um outro grupo que está preocupado com a apreciação sonora, que somente o LP consegue entregar com excelência.
Do público de feiras, destacam-se os já colecionadores, que querem garimpar, e os guiados pela afetividade. Tanto empresários quanto colecionadores concordam em uma coisa: que há também um público espontâneo, que compra por causa de memórias especiais que tem com determinada obra. A frase “nossa, eu escutava esse disco com meu pai/mãe, quando eu era jovem…” é mais comum que muitos sucessos populares.