A equipe Mandacaru Baja, da UNIFACS, participou novamente do evento, trazendo união
coletiva como ponto forte
Por Airton Santos
Revisão por: Daniel Freitas
No último domingo (29), houve a realização da 16ª edição do Baja SAE Brasil, etapa Nordeste. O evento patrocinado pela Ford ocorreu no Senai CIMATEC Park, em Camaçari. Já pela manhã, a expectativa para a realização da prova mais importante, o enduro, tomava conta do público que esperava pela ação dos pilotos, que representavam as instituições presentes na competição. No começo do enduro, às 09:00 horas, a arquibancada cheia trazia as torcidas que vibravam a cada aparição dos pilotados carrinhos off roads (carros projetados para percurso em terrenos de difícil mobilidade). Era o começo de longas quatro horas de prova. Por conta da duração, as equipes podiam levar até 2 pilotos para revezamento da prova.
A Mandacaru Baja representou a UNIFACS pela sétima vez no BAJA SAE Nordeste, conquistando mais experiência ao longo dos anos. Mesmo com várias alterações na equipe, do ano passado para cá, a Mandacaru Baja chegou na expectativa de um bom rendimento, segundo Maria Clara Cardeal, coordenadora do grupo.
“A gente está com suspensão nova, estrutura nova, vários componentes que entraram agora e queremos testá-los, para entendermos como eles estão funcionando. E queremos melhorar para a etapa nacional”, afirmou Clara.
Em relação às avaliações das provas dinâmicas, que foram realizadas no sábado, um dia antes da prova principal, a equipe da UNIFACS obteve a manutenção do seu ponto mais forte, a tração do carro. Na classificação geral deste critério, a equipe da UNIFACS, representada pelas cores verde e preta, ficou na segunda colocação, alcançando o pódio novamente. No ano passado, ficaram na primeira colocação.
O carro em questão é o “Maria Bonita”, símbolo da equipe que adotou este nome na antiga gestão e gerou boa repercussão, inclusive entre os narradores da competição regional.
“Primeiro tivemos o carro Lampião. A antiga equipe escolheu o nome Maria Bonita e fez muito sucesso. O narrador fala o tempo todo da Maria Bonita e as pessoas gostaram muito da sua representação. Então a gente decidiu manter essa nova cara.”, declarou a coordenadora Maria.
Enquanto a prova rolava, o público se divertia com a interação do locutor e as emoções do torneio. Seis estados nordestinos eram representados pelas equipes e torcedores: Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Maranhão. Como anfitriões, disputaram as equipes da Mandacaru Baja, da UNIFACS, a Carpoeira Baja, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Baajatinga, da Universidade Federal
do Vale do São Francisco (UNIVASF), Baja Sun City, do Instituto Federal da Bahia (IFBA) de Jequié e, os reais donos da casa, o Calangotec Baja, da faculdade SENAI CIMATEC.
A competição reservou momentos de tensão para algumas equipes, que sofreram com perda de equipamentos ou dificuldade na performance dentro da pista, algo já esperado na difícil disputa do enduro, que nesta edição veio com percursos mais estreitos e desafiadores para os pilotos.
FINAL DA PROVA
A adrenalina terminou às 13:00 horas, quando as bandeiras quadriculadas foram levantadas pelos árbitros, sinalizando o término do evento. Após o momento de confraternização dos participantes, ficou a tensão pela espera do anúncio dos resultados.
O piloto e capitão da Mandacaru, Marcos Paulo, declarou sua emoção ao viver mais uma experiência no BAJA SAE Nordeste, ressaltando todo o empenho de sua equipe.
“Foram quatro horas de corrida bem satisfatórias. A equipe, durante o ano de 2023, lutou muito para estar aqui. Tivemos muita dificuldade, com peças que a gente não tinha e tivemos que fazer na própria universidade. Agradeço ao empenho de todo mundo, e foi muito gratificante no final, trazer a equipe novamente para o auge”, comentou o piloto e capitão Marcos, carinhosamente apelidado de “Relâmpago Marquinhos”.
No enduro, competição na qual Marcos disputou, a equipe da Unifacs ficou na quinta colocação geral, superando a última performance, quando terminou na sétima posição.
Na competição geral, somando todos os critérios avaliados, incluindo, além do enduro, as avaliações dinâmicas e estáticas e o bônus do sistema de tração 4×4, a Mandacaru Baja também superou sua performance em uma posição, terminando na sexta colocação geral. A superação da equipe para melhorar seu rendimento mesmo após a troca de membros e aposta em novas ferramentas para o carro Maria Bonita é ressaltada pelo coordenador de mecânica Luís Felipe.
“A gente está a cada dia crescendo mais em tudo. Em projeto, organização e desenvolvimento do carro. Marcos é um piloto excelente, fez mágica com esse carro, levou ele ao estresse máximo. Tivemos um problema na correia e voltamos pra pista. Ainda demos mais quatro ou cinco voltas, só sinto satisfação”, pontuou Luís.
Juliana Andrade, coordenadora dos cursos de engenharia da UNIFACS, também comentou sobre o orgulho de estar ao lado dos alunos nesta empreitada para a carreira e para a vida.
“Eu só sinto orgulho desses meninos. Fui aluna da UNIFACS nas engenharias e ver esses alunos colocando as coisas em prática tudo o que eles apresentaram dentro da sala de aula, e além de tudo apresentando resultados melhores que os do ano passado, só me gera orgulho. E tudo isso é o que me impulsiona a estar aqui no domingo apoiando eles”, diz Juliana, que ainda exclama ser totalmente a favor da manutenção do nome do carro da equipe.
“Não tem nome melhor. A gente acha que faz sentido, a turma gosta muito do nome Maria Bonita e não tem pra onde correr”, completa.
A VISÃO DE FORA
Se hoje Marcos faz um bom trabalho capitaneando seu time, também é por conta de um trabalho a longo prazo bem realizado. Maria Clara Rocha, ex capitã da Mandacaru, estava na torcida pelos colegas e comentou a importância do capitão na equipe.
“Tudo envolve o capitão, se o capitão está desmotivado, consequentemente a equipe vai ficar desmotivada. É naquela hora que, se alguém pensar em desistir, você está lá pra dar força e fazer continuar. Desistir não é uma opção!”, exclama Maria.
Maria ainda comenta que o enduro é o momento que mais mobiliza o espírito competitivo, sendo também uma etapa importantíssima para a avaliação final.
“Nos 30 minutos finais [do enduro], principalmente, todo mundo fica em êxtase pra saber o resultado. E os juízes tiram todos os resultados que a gente possa olhar pela internet, então ficamos às cegas sem saber o que vai acontecer. Só temos a certeza no anúncio final da pontuação. Esses trinta minutos finais fazem muita diferença, é uma volta a mais, ou uma ultrapassagem decisiva que melhora bastante a pontuação”, conclui.
Os juízes trabalham na minuciosidade, sem dar brechas na apuração dos resultados. Comentando sobre a atuação deles, Joyce Suzart, que compôs o quadro de juízes do Baja SAE Nordeste 2023, e também já foi capitã de equipe em torneios do Baja SAE, fala sobre como é a experiência de avaliar friamente os desempenhos.
“Como participante, a gente está ali no nosso mundo, observando mais o que a gente como equipe faz. Agora é diferente, pois eu vejo mais tecnicamente as equipes e notar a diferença entre elas. Às vezes é uma diferença muito grande. Hoje percebo que é preciso dar uma atenção maior na parte de avaliações dos projetos”, diz Joyce.
O torneio nordestino do Baja SAE em 2023 se adaptou às realidades da modalidade nacional, para trazer a vivência aos competidores da região, visando o momento mais decisivo, onde equipes do Brasil todo estarão reunidas para competir.
“Esse ano a gente trouxe um formato diferente, pra se aproximar mais do que é no nacional, preparando mais as equipes, pra que o Nordeste consiga representar com mais força”, aponta Suzart.
RESULTADOS GERAIS
A premiação final coroou as equipes com melhor rendimento, e a festa foi garantida por parte dos vencedores do quesito geral. O melhor rendimento do Baja SAE nordeste deste ano ficou com os pernambucanos da equipe Mangue Baja Tecnoferr, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com a pontuação total de 815.23 pontos, terminaram com quase 150 pontos de diferença para o segundo colocado, a equipe do Paraybaja, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conquistando 671.91 pontos. Fechando o pódio, na terceira colocação, ficou a Caraubaja SAE, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), de Mossoró (RN).
A Mandacaru Baja, ficou na sexta posição geral com 379.81 pontos.
Os resultados detalhados, com todas as notas e avaliações finais estão disponíveis aqui, no site do Baja SAE Brasil.