Ansiedade, depressão e irritabilidade são alguns dos sintomas provocados pela compulsividade eletrônica
Por Pedro Mendonça
Revisão: Sued Mattos
Com a popularidade dos smartphones, tablets e outros dispositivos tecnológicos, as pessoas estão cada vez mais dependentes desses dispositivos para a realização de suas tarefas diárias.
Por outro lado, o uso ilimitado e excessivo dos aparelhos eletrônicos pode ser uma das principais causas de problemas na saúde mental, resultando no diagnóstico da dependência tecnológica.
As pessoas que são afetadas por esse vício apresentam sintomas semelhantes aos da dependência química, como ansiedade, irritabilidade, depressão e isolamento social.
O psicólogo Alessandro Marimpietri explica o que realmente causa compulsão pelo ambiente virtual.
“Qualquer vício, para ser assim classificado, é preciso ter uma relação adoecida entre um sujeito e um objeto, que nesse caso pode ser o digital. As causas são uma condição subjetiva de uma pessoa e a articulação com uma indústria de muito dinheiro, grande avanço científico-tecnológico e um design que nos faz ficar hipnotizados”, esclarece Marimpietri.
Para o profissional de psicologia, a grande maioria das pessoas usam o digital de modo pouco saudável, porém sem critério para desencadear um adoecimento. Entretanto, é preciso atenção, pois o risco de dependência existe.
“Sem dúvida. Esse uso quando adoecido pode ficar tão central na vida de alguém que testemunhamos importante sofrimento, prejuízos funcionais e riscos de outros quadros”, diz Marimpietri.
Para o psicólogo, não há uma solução para a pessoa não correr o risco de ter dependência tecnológica, mas explica que há medidas que previnem de forma significativa os riscos.
Crianças conectadas
Sheiliane Silva que tem um filho de 5 anos, relata sobre a interferência dos pais no uso de aparelhos eletrônicos pelos filhos.
“Antes, quando eu não tinha conhecimento sobre o uso excessivo de tela, deixei ele usar de forma demasiada, mas ao entender, comecei a dar limites. João cresceu e ele pega o celular e arranca do carregador. Tive que passar a ter mais atenção com isso”, comenta Silva.
A mãe de João conta que o filho tem celular, mas que só usa quando está impaciente ou quando já realizou as atividades da escola.
“Hoje ele fica por uma hora, mas distribuo o tempo. Trinta minutos agora e trinta a tarde”, afirma Silva.
Quando se trata da educação dos filhos pequenos, Alessandro Marimpietri explica que é preciso que as famílias tenham uma atenção maior em regulamentar a internet.
“Mediar o uso. Não podemos supor que eles sabem mais do que nós sobre [os riscos do uso excessivo] e não podemos também supor que eles estão seguros porque estão no quarto usando a internet. Há riscos ali que precisam de cuidado e auxílio nosso”, esclarece o psicólogo.
O tratamento da dependência tecnologia é fundamentalmente psicoterápico, não existindo, ainda, nenhuma medicação específica aprovada para este distúrbio.
Para Marimpietri, não há uma solução para a pessoa não correr o risco de ter dependência tecnológica, mas explica que há medidas que previnem de forma significativa os riscos.
“Medidas são necessárias como mediar o uso controlando o tempo de exposição, filtrando conteúdos, não permitindo que o digital supere o não digital na experiência das crianças, além de observar sinais de risco diante do uso”, conclui Alessandro.