O dia é marcado por programações especiais como ensaios, bate papos e oficinas, que dão voz e reconhecimento à manifestação artística
Por Isadora Vila Nova
Revisão: Edinólia Peixinho
Em 29 de abril comemora-se o Dia Internacional da Dança. Desde 1982, quando foi intitulada pela Unesco, a data busca homenagear e valorizar os diferentes ritmos e estilos de dança em todo o mundo, bem como os profissionais que vivem desta arte.
Salvador, sendo uma cidade diversa e multicultural, tem a dança como uma área de saber significativa, integrante da sua história nas suas mais variadas formas de expressão.
Além de influenciar na economia, como uma atração turística, também há o fortalecimento da conexão entre as raízes e a identidade cultural do povo soteropolitano através da combinação das culturas africanas, europeias e indígenas nos seus diferentes estilos de dança.
No entanto, a visão da dança como um hobby ou apenas uma forma de lazer, ainda é recorrente em grande parte do público.
Lízia Gabriele Pinheiro, bailarina profissional e professora de Ballet na escola Ebateca, afirma que, embora o Dia Mundial da Dança incentive o exercício dessa arte, ainda existem preconceitos por parte da população.
“Acredito que uma das coisas mais difíceis de lidar sendo bailarina aqui na Bahia, é a falta de oportunidades, o mercado de trabalho escasso e a falta de reconhecimento. É um trabalho doloroso, cansativo, e não “apenas dançar”, como já ouvi muitas vezes”, comenta a bailarina.
As festas populares e o Carnaval em Salvador também são espaços em que a dança se faz presente, de modo a retratar a expressão cultural e as heranças deixadas por diversos povos, na história da cidade.
Dayane Brito, bailarina do Ballet Teatro Castro Alves, declara que a dança é um fator de transformação muito importante na sua vida, mas ainda existem barreiras que devem ser desconstruídas.
“A dança é minha forma de existência, e eu não saberia como existir se não fosse através dela. Porém, como uma mulher preta, já fui barrada em diversos momentos da minha vida, especialmente durante a minha formação como dançarina. Então, tive que enfrentar tudo isso e usar estas dificuldades como resistência, e assim, me tornei uma pessoa muito mais corajosa e confiante”, explica Brito.
O BTCA
O Ballet Teatro Castro Alves (BTCA) é uma companhia de dança contemporânea vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e à Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). Fundado em 1981, o BTCA conta com diversas obras em seu repertório, e “Viramundo”, criada em 2022, ainda realiza apresentações para homenagear Gilberto Gil em Salvador e região.
O ensaio do espetáculo ocorreu nos últimos 19 e 20 de abril, na Casa Rosa do Rio Vermelho, em Salvador, com a lotação de 80 pessoas. Após pouco mais de uma hora de exibição, o ensaio cativou e aproximou o público dos bailarinos, abrindo espaço para um bate papo que finalizou a programação.
O estudante e crítico de artes João Victor Guimarães, que assistiu ao ensaio, enfatiza a importância deste momento não só para os artistas, como para o público.
“Acredito que o ensaio é aquele momento em que nós, da plateia, compreendemos os artistas como pessoas que treinam, que exercitam, que estudam e que aprendem. Assim, vemos que a dança não é algo divino, é algo próximo da nossa realidade e que deve ser aclamada”, comenta o estudante.
“O Dia da Dança, por si só, homenageia esta arte que não é apenas um corpo em movimento, e sim, um corpo que transmite história, raízes, lendas, costumes e culturas de muitas nações. A dança é expressão, e por isso é tão importante”, completa Guimarães.